O monotrilho projetado para ligar a região do Oratório até a Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, a partir de 2014, já vai nascer quase saturado. O volume de passageiros esperado no sistema nos períodos de pico, logo após sua entrega, deve atingir 40.278 pessoas por hora, conforme previsto por estudo de impacto ambiental.
A demanda é considerada por especialistas excessiva para esse tipo de transporte. A própria Bombardier, empresa canadense integrante do consórcio vencedor da licitação, afirma que esse sistema é feito para suportar até 40 mil por hora.
O Metrô, porém, defende ter feito a escolha mais adequada pelo fato de o monotrilho ser mais barato e mais rápido de implantar do que uma linha subterrânea. Pelos cálculos da companhia, o monotrilho será capaz de carregar até 48 mil pessoas por hora -capacidade atípica para monotrilhos pelo mundo. A estatal diz que não haverá atrasos nem superlotação porque a composição terá mais vagões que o projetado pela Bombardier.
Serão construídas 17 estações ao longo de 24,5 km até 2015 -mas, pela previsão do Estado, uma parte já deverá ficar pronta até 2014.
Restrições
O uso do monotrilho, tecnologia ainda inédita na capital paulista, na expansão da linha 2-verde é um erro, avaliam especialistas em transportes urbanos.
"Não condeno o monotrilho de antemão. Mas a demanda que existe no trecho justifica a construção de sistemas pesados [metrô]", afirma Klara Mori, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
De acordo com ela, diversificar demais as tecnologias inviabiliza a consolidação de empresas nacionais voltadas para o transporte sobre trilhos. "Assim, vamos continuar comprando trens da Espanha e trilhos da China."
O problema não é apenas a capacidade do sistema, diz Marcos Kiyoto, estudioso dos trilhos urbanos da capital. "A linha projetada tem poucas conexões. Sem integração, ela vai lotada em um sentido e fica vazio em outro."
"A linha projetada poderia fazer uma curva e chegar até Itaquera." O bairro, hoje, é servido apenas pela linha 3-vermelha dos trens do metrô.
A opção pelo monotrilho deveria ser trocada pelos corredores fechados de ônibus, diz Adalberto Maluf. "A extensão da linha 2 deverá custar R$ 4 bilhões em duas fases", calcula ele. Com esse dinheiro seria possível fazer 200 km de corredores de ônibus, diz o especialista. Fonte:Folha de S.Paulo