DIÁRIO mostra quem são as pessoas que, por opção ou obrigação, tiveram de encarar os vagões das linha
A estação Consolação às 14h28 e às 16h / Leo Martins/ Diário SP
Por: Filipe Sansone
filipe.sansone@diariosp.com.br
Às 15h, a maior parte das estações do Metrô da capital estava abarrotada de passageiros, sobretudo as que fazem interligação com outras linhas do próprio Metrô, da CPTM e da EMTU. Uma hora depois, no entanto, enquanto os jogadores do Brasil cantavam o hino nacional ao lado dos mexicanos, o cenário era totalmente diferente: corredores vazios e trens com muitos lugares para sentar.
Os que tinham de trabalhar tentavam dar um jeito de saber o placar do jogo. Os dois seguranças da Estação Sé, no Centro, que auxiliavam os poucos passageiros que saíam dos vagões, aproveitaram para perguntar à reportagem se o Brasil estava ganhando.
“Está sendo um inferno. Entramos às 14h e vamos até às 23h”, disse um deles, que pediu para não ter a identidade revelada. “Independentemente do jogo, seguimos a escala normal de trabalho e já tivemos de encarar o horário de pico, das 14h às 15h30”, reclamou o outro.
A atendente de telemarketing Andreia Nunes Ferreira, de 17 anos, estava, às 16h30, na Estação Vergueiro da Linha 1- Azul. “Minha equipe não cumpriu a meta esperada e tivemos de ficar até as 16h. Trabalho na Estação São Judas e moro em Mauá, na Grande São Paulo. Acho que vou chegar só às 19h em casa. Perdi o jogo, mas pelo menos peguei o Metrô vazio.”
A assistente administrativa Ellen Medeiros, 25, estava, às 16h10, com uma peruca verde e amarela dentro do Metrô na Estação Consolação da Linha 2 -Verde. Enquanto isso, a seleção já corria há dez minutos atrás da bola em Fortaleza. A meta dela, quando saiu do trabalho, às 15h, era conseguir chegar às 16h em São Bernardo, onde mora.
“Saí às 15h, mas fiquei 40 minutos parada no ônibus até chegar à Estação Faria Lima (da Linha 4 - Amarela). Vou ver se consigo chegar para o segundo tempo.”
O pedreiro Sandro Rafael, 27, trabalha em Santana, na Zona Norte, e mora em Jandira, na Grande São Paulo. Às 16h50 ele estava na Estação Marechal Deodoro, da Linha 3-Vermelha, para tentar chegar até a Barra Funda e pegar um ônibus para casa. Nem no rádio ele acompanhava o jogo.
Na correria, meninas fazem a maquiagem na plataforma
Como não tiveram tempo para fazer a maquiagem antes de saírem da Estação Consolação, a designer Lilian Kozemekin, de 22 anos, e a estudante Aline Spina, 23, resolveram pintar os rostos com faixas de verde e amarelo ali mesmo. Depois, partiram para um bar na Rua Augusta, onde assistiram ao jogo. “Eu vim do trabalho na Vila Mariana e a Aline veio de casa na Saúde”, conta Lilian. “A gente se encontrou aqui no Metrô para facilitar.” Ao lado, uma centena de pessoas passava apressada para ainda tentar assistir ao confronto contra os mexicanos em uma televisão.
Perto dali, na Estação Liberdade da Linha 1 -Azul, já no meio do jogo, o metalúrgico Marcos Paulo, de 24 anos, voltava da primeira visita à sobrinha, que acabara de nascer. “Ela está em um hospital perto da Estação Paraíso. Agora vou voltar para Osasco, onde moro, e tentar pegar o segundo tempo”, disse Marcos.
Diário de São Paulo