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Trem série 2000 recém-chegado ao Brasil: Frota do Expresso Leste (autor desconhecido) |
Matéria cooperativa - Blog CPTM em Foco e Blog Diário da CPTM
Fonte: CPTM em Foco por Diego Silva
Nesse dia 27 de Maio, o Expresso Leste (Linha 11-Coral) da CPTM completa 11 anos de atividades. Inaugurado em 27.05.2000, o então novo serviço foi a maior novidade da época, já que se tratava de um novo trajeto, com novas estações e novos trens. Nessa mesma data, foram entregues as estações Corinthians-Itaquera, Dom Bosco, José Bonifácio e Guaianazes. Conheça um pouco da história do Expresso Leste, no texto a seguir.
Trem série 2000 na estação Corinthians-Itaquera (Divulgação CPTM)
A Linha 11-Coral teve sua construção iniciada em meados de 1869, pela então Estrada de Ferro do Norte, que seria absorvida pela Estrada de Ferro Central do Brasil em 1890. No começo do século XX, foi iniciada a operação de trens urbanos, a princípio, até a Penha, alcançando Mogi das Cruzes em 1910. Essa operação inicial tinha 49 quilômetros de extensão, e dezenove estações, com trens de tração diesel. A eletrificação desse trecho aconteceu apenas na metade da década de 1950, sendo que a operação com trens elétricos começou com trens já usados, trazidos do Rio de Janeiro. Em 1976, a linha foi estendida até a estação de Estudantes, para que pudesse atender aos alunos de faculdades Mogianas.
Antiga estação de Guaianazes em 1982, com um trem série 431 (atual série 1600) (autor desconhecido)
Em 1975, a linha seria administrada pela RFFSA (Rede Ferroviária Federal), que desde 1957 tinha a Central do Brasil como subsidiária. A partir de 1984, passou para a administração da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), que herdou todo o serviço de trens metropolitanos da Rede. Em 1994, a linha foi estadualizada e passada às mãos da CPTM, que em 2000, desativou todas as estações entre Brás e Tatuapé, e entre Tatuapé e Guaianazes. O antigo trecho entre Artur Alvim e Guaianazes foi suprimido para dar lugar a um novo traçado, retificado e com três túneis, em que foram construídas a nova Itaquera, e as estações Dom Bosco, José Bonifácio e a nova Guaianazes. A partir de então, o trecho entre Luz e Guaianazes passou a ser denominado de Expresso Leste.
As antigas estações do trajeto suprimido, hoje são apenas lembranças para quem viveu aqueles tempos. Veja fotos das estações que foram desativadas para a construção do Expresso Leste:
Estação Engenheiro São Paulo:
Foi aberta em 1920, para atender a passageiros, dentro do que era o pátio de cargas da estação do Norte (hoje Roosevelt). O nome homenageava um ajudante da 5ª divisão da Central do Brasil, João José de São Paulo. Fica hoje no que hoje se chama "pátio Bresser", ao lado da estação Bresser do metrô. O pequeno prédio que servia de estação de passageiros até cerca de vinte anos atrás está hoje no centro da linha, em ruínas, sem cobertura de plataforma. Antes, ele deveria ter acesso por cima, por passarelas.
Estação Clemente Falcão:
A estação de Clemente Falcão, situada defronte à estação Belém do metrô e a menos de 900 m da nova estação Tatuapé, foi aberta em 1934 como sucessora daQuarta Parada, que deu o nome ao bairro à sua volta e que já existia desde pelo menos o início do século. O fechamento da estação levou a grandes reclamações dos moradores e usuários que ali embarcavam, obrigados então a caminhar por mais de um quilômetro até a nova estação de Tatuapé. Em 2002, ainda existe a plataforma da antiga estação, como que congelada sob o muro colocado hoje ao lado da linha.
Estação Engenheiro Gualberto:
Originalmente Engenheiro Sebastião Gualberto, foi aberta em 1934 no local da antigaSexta Parada. Foi por anos uma estação provisória. Somente em 1958 é que se construiu o prédio atual, com as bilheterias, quando se inaugurou a segunda linha navariante de Poá. É logo após Gualberto que sai a linha dessa variante. Nos anos 1970, era para ser desativada em favor de uma estação chamada Zilda, que acabou não sendo finalmente construída. A estação tinha um acesso horroroso, de madeira, mal cuidado, um verdadeiro desrespeito ao usuário. Em 1994, passou a atender à CPTM. A passagem por ali era obrigatória: subia-se a escada, vindo da calçada, e no alto, no acesso acima citado, comprava-se o bilhete e dali se descia para a plataforma. Poucos anos antes, sua cobertura de plataforma, igual à de Engenheiro Goulart, foi retirada. Gualberto, como era popularmente chamada, ficava ao lado da estação Carrão do metrô, aberta por volta de 1980. Era um grande contraste entre as duas.
Estação Carlos de Campos:
A estação, aberta como Guayauna, "Caranguejo Negro", na antiga língua guarani, em 1894, foi descrita como "pequena e elegante" em 1928, no livro de Max Vasconcellosem seu livro A Estrada de Ferro Central do Brasil. O ramal da Penha havia sido inaugurado em 1886, saindo de um ponto a 7,7 km da estação do Norte (Roosevelt), exatamente no ponto onde, em 1894, portanto oito anos mais tarde, seria construída a estação de Guaiaúna - mais tarde renomeada como Carlos de Campos. É sabido com base em documentação da época que, a cerca de 300 metros à frente da saída do ramal, existia uma paradinha, cujo nome teria sido Parada Amândio, ou Parada Armando, que era um barraco de madeira que, com a abertura do ramal, foi removida de onde estava e recolocada no final do ramal da Penha, dando origem à estação daPenha. A estação de Guaiaúna, portanto, seria praticamente a continuação da vida dessa paradinha esquecida pela história, com um intervalo de oito anos. Em 1924, junto à sua plataforma esteve encostada por dias uma composição de trem que era tanto a sede do Governo Estadual como o quartel-general das forças legalistas em operação, durante a revolução de julho de 1924, sob Carlos de Campos, então Presidente do Estado. Em 18/11/1933, a estação ganhou o seu nome, pois Carlos morreu durante o mandato, em abril de 1927. O histórico prédio da estação que serviu como sede de Governo foi demolido mais tarde, em data incerta, e o novo prédio foi remodelado por volta de 1988.
Estação Vila Matilde:
A estação de Vila Matilde foi inaugurada em 1921 com plataformas de madeira, que ainda existem nas extremidades. Durante a revolução de julho de 1924, foi usada como acampamento de tropas do Governo. Sempre foi basicamente uma "estação de subúrbio". Foi reformada em 1944, quando foi construído um prédio para a bilheteria, com entrada pelo viaduto sobre a linha. Em 1988, sofreu uma nova reforma, tendo o prédio sido pintado de amarelo e o terceiro desvio da estação retirado por causa da nova estação de metrô.
Estação Patriarca:
As informações dão a data de abertura da estação como sendo 1921. É possível que anteriormente, já houvesse ali apenas uma parada simples, com outro nome. Segundo W. Gimenez, em 7/9/1948, foi entregue um prédio com bilheteria e cimentação das plataformas - o que indica que já existia algo ali, provavelmente plataformas de madeira. Em 1972, o nome foi simplificado para Patriarca. A data de 1949 é mais confiável. As escadarias da estação foram derrubadas em 1988 para a construção da estação Patriarca do metrô. Tinha também uma grande escadaria em frente à sua fachada.
Estação Artur Alvim:
A estação foi aberta em 1921, com o nome de Engenheiro Artur Alvim, que foi o chefe da via permanente da Central do Brasil em 1888. Na época ela se situava duzentos metros à frente da estação atual, e ficava no ponto mais elevado de todo o ramal de São Paulo. Ela ficou no lugar da antiga Oitava Parada. Em 1943, teria tido o seu local mudado para o atual.
Estação Itaquera:
Segundo os relatórios oficiais da EFCB, a estação foi inaugurada como São Miguel, em 1875, pela E. F. do Norte, pois essa era a vila mais próxima do local; m 1909, é certo que a estação já se chamava Itaquera. Em 1930, o prédio que está lá até hoje foi aberto em substituição à estação mais antiga. Em 1960, ampliaram-se as plataformas, e três anos depois foi colocado o terceiro trilho. Em 1998, uma nova reforma trocou o tipo de cobertura das mesmas, estragada por sucessivas depredações. Em 27/05/2000, a estação foi desativada, pois com a entrada de operações do trem do Expresso Leste da CPTM, a linha entre Artur Alvim eGuaianazes foi desativada, passando a correr mais para o sul com novas estações nesse trecho. Os trilhos foram então retirados e a estação foi abandonada. Na madrugada de 4 de junho de 2004, a Prefeitura demoliu a estação, devido ao trajeto do prolongamento da avenida Radial Leste.
Estação XV de Novembro:
Quando a ferrovia chegou na região em 1876, a Vila Progresso ainda era a FazendaFigueira Grande. A estação, porém, somente foi aberta em 1926 (segundo a Central, em 29 de julho, e segundo moradores da região, em 15 de novembro, daí o nome...). A sua construção foi fruto de uma longa jornada de luta da população local nos anos 1920, que inclusive montaram barricadas por dois anos, quando havia dois trens diários para quem quisesse embarcar para São Paulo ou Mogi, mas somente se podia tomá-los caminhando até Itaquera. Os moradores do local ergueram barricadas na linha durante dois anos até sua conquista definitiva, em 1926. Com a inauguração da estação a parte alta da fazenda virou Parada 15 e a parte baixa continuou comoVila Progresso, nome derivado da Cia. Progresso Paulista, que adquiriu a fazenda em 1905. Em 27/05/2000, a estação foi desativada, pois com a entrada de operações do trem do Expresso Leste da CPTM, a linha entre Artur Alvim e Guaianazes foi desativada, passando a correr mais para o sul com novas estações nesse trecho. Dois dias depois, a placa da estação já foi retirada, como se vê na foto abaixo. A estação foi mesmo demolida, apesar da resistência dos moradores, que a queriam conservar mesmo com a intenção de se construir uma avenida sobre o leito desativado da linha. Em junho de 2004, tudo já era um lodaçal com alguns restos de trilhos. Hoje a avenida passa por ali.
Estação Guaianazes:
Aberta em 1875, como Lageado, pela E. F. do Norte. Nos anos 1930, o nome foi alterado para Carvalho de Araújo, homenageando um diretor da Central, João Carvalho de Araújo. (Nota: outra estação foi aberta com o nome de Lageado, em 1998, portanto mais de cem anos depois, pela CPTM, por causa do bairro, e mudou também logo depois, para Gianetti). O nome de Carvalho de Araújo teria sido alterado para Guaianazes em novembro de 1943.Em 28/10/1982, um novo prédio foi entregue para a estação, com festas e a presença do ministro dos Transportes, Cloraldino Severo. Ela substituía o prédio anterior, construído em 1925. Finalmente, com a entrada em funcionamento do trem expresso da CPTM, em 28/05/2000, a estação de 18 anos foi desativada. Alguns metros antes, construiu-se a estação de Guaianazes-nova e a velha foi desativada no mesmo dia. Da estação só sobrou a passagem das vias férreas pela gare norte. Hoje, o mesanino da estação está sendo usado como restaurante popular "Bom Prato" do Governo do Estado. Após a duplicação da Av. Salvador Gianetti, executada pelo Metrô, ele utilizou a gare sul, para inserir a nova pista da referida avenida.
O Futuro do Expresso Leste
A CPTM está investindo na extensão da Linha 11-Coral até Suzano. Com isso, o Expresso Leste chegará até a cidade de Suzano, desde Luz, aumentando ainda mais a oferta do serviço e fazendo viagens rápidas entre a nova estação terminal e o centro da cidade de São Paulo. As estações intermediárias (Ferraz de Vasconcelos, Poá e Suzano), entrarão em obras pelos próximos dias, para suas totais reconstruções, a fim de receber o novo trem expresso. Falando em trem, vem aí também uma nova frota de 9 composições de oito carros, para auxiliar o serviço do Expresso Leste.
Futura estação de Ferraz de Vasconcelos
Futura estação Suzano: Novo terminal do Expresso Leste
Trem série 7000 prestando serviços no Expresso Leste
Curiosidade:
O trecho entre as estações de Corinthians-Itaquera e Guaianazes foi construído pelo Metrô, e não pela CPTM. Na época, o atual Expresso Leste seria uma continuação da Linha 3-Vermelha, que liga Palmeiras-Barra Funda até Corinthians-Itaquera. O Metrô adquiriu 11 trens para esse novo trecho, que atualmente é a Frota E (circulando na Linha 2-Verde). Depois de alguns ajustes, acertou-se que a administração da linha seria da CPTM. Dois anos mais tarde, a CPTM construiu o que era para ser a Linha G, e esta foi repassada para o Metrô, sendo atualmente a Linha 5-Lilás (Capão Redondo x Largo Treze).