Estação do metrô de São Paulo: mais provável é que a paralisação ocorra no dia 3 de junho
Trabalhadores pedem 35% de aumento, mas o Metrô sinalizou inicialmente com 5,2%, o que não cobriria nem a inflação
O presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres Júnior, afirmou ontem segunda-feira, 26, que, diferentemente de anos anteriores, a categoria não aceitará propostas de reajuste salarial de menos de dois dígitos e que os funcionários estão dispostos a decretar greve se a negociação não avançar nesse sentido.
Os trabalhadores pedem 35%, mas o Metrô, que é controlado pelo governo do Estado, sinalizou inicialmente com 5,2%, o que não cobriria nem a inflação segundo boa parte dos indicadores econômicos.
Nesta terça-feira, às 18h30, a categoria se reunirá em assembleia para decidir o dia da paralisação.
O mais provável é que ela ocorra no dia 3 de junho, mas não está descartada a hipótese de deflagração antes ou depois dessa data, até mesmo na semana seguinte, a da abertura da Copa do Mundo, com um jogo entre as seleções de Brasil e Croácia no dia 12, no Estádio Itaquerão, na zona leste, acessado preferencialmente de metrô e trem.
De acordo com Prazeres Júnior, a paralisação dos motoristas e cobradores de São Paulo na semana passada exerceu influência nos metroviários.
A mobilização dos rodoviários ocorreu mesmo após um reajuste salarial da categoria de 10%, quase o dobro do que foi ofertado pelo Metrô a seus empregados.
A direção sindical cobra que as tratativas da campanha salarial sejam, pela primeira vez, direto com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e não com a administração do próprio Metrô, que, de acordo com eles, não tem autonomia suficiente para ampliar as contrapropostas.
"Este ano não vai ser no tribunal (que a situação terá um desfecho)", disse o presidente da entidade.
"O governo mesmo só entra para discutir quando a gente está em greve. Já não bastam promessas que não se cumprem", afirmou o secretário intersindical dos metroviários, Sérgio Renato da Silva Magalhães.
O sindicato aventou ainda a disposição da categoria de abrir as catracas no dia da greve, para não prejudicar a população.
"Toda vez que a gente fez o desafio da catraca livre em troca da greve, o governo do Estado disse que tem problema de segurança. Mas está cheio de PM no Metrô, então é um problema de vontade política. O governo está realmente preocupado com todo o mundo que vai usar o metrô ou não?", disse Prazeres Júnior.
Intimidação
Em coletiva de imprensa realizada na sede do sindicato, Prazeres Júnior falou ainda sobre a intimação que recebeu na última sexta-feira para depor na 1ª Delegacia Seccional, no centro.
A unidade da Polícia Civil, também controlada pelo governo do Estado, investiga a paralisação dos motoristas e cobradores e queria saber se Prazeres Júnior tinha algum vínculo com o ato.
"Não tive envolvimento nenhum, embora apoiasse o movimento dos rodoviários. Tratou-se de uma tentativa de criminalizar os movimentos sociais, mas não vamos nos intimidar."
Ainda segundo Magalhães, alguns funcionários já receberam cartas da empresa, intimidando-os a não se vincular ao movimento grevista.
O sindicalista também reclamou que a empresa não valoriza a política de carreiras e que é comum jovens empregados saírem em busca de outras oportunidades.
Morte
Durante a entrevista, os sindicalistas denunciaram a morte de um trabalhador terceirizado da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) na madrugada do dia 14 de maio.
Sérgio Spadotto, que tinha 49 anos e era terceirizado, morreu atropelado por um caminhão, que estaria irregular e com as lanternas desligadas entre as Estações Granja Julieta e Santo Amaro, na Linha 9-Esmeralda, na zona sul.
Segundo Prazeres Júnior, trata-se da sexta morte por atropelamento de funcionário na rede da CPTM desde 2011
Caio do Valle, do