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Lotação na Estação Sé: sufoco diário (Foto: André Lucas Almeida/Futurapress) |
Em campanha por um aumento mínimo de 10% nos salários, o Sindicato dos Metroviários promete para quinta (5) uma greve que tem tudo para travar a cidade, a exemplo do que ocorreu há duas semanas com a paralisação dos motoristas de ônibus. Se a categoria realmente cruzar os braços, deixará na mão (ou a pé, no caso) boa parte da população: são 4,6 milhões de viagens diárias. Há ainda uma segunda proposta em estudo para a manifestação,essa bem mais ousada: continuar trabalhando e liberar as catracas para que os usuários embarquem de graça, hipótese descartada pelo governo. Segundo a companhia, essa atitude comprometeria a segurança dos passageiros.A realidade, no entanto, é que não há necessidade de um episódio extraordinário para provocar desconforto em nossos subterrâneos. Cenas de empurra-empurra, filas e plataformas intransitáveis são um atentado diário à integridade física de quem se locomove pelos vagões na capital.
Como se não bastasse, ainda é preciso dose extra de paciência para o acúmulo de falhas aparentemente pequenas, mas que transformam um simples trajeto entre a casa e o trabalho em uma jornada maçante. Porta que não fecha, paradas bruscas e repentinas entre estações, ar condicionado quebrado — tudo isso faz parte do cotidiano do passageiro em São Paulo. Na última quarta (28), por exemplo, um atraso de dois minutos por volta das 19 horas na Estação Sumaré fez todo o restante das composições da Linha 2 – Verde avançar com velocidade reduzida. No dia seguinte, às 8h40, um trem da Linha 3 – Vermelha levou dez minutos para deixar a Estação Itaquera no sentido Barra Funda, o que resultou em plataformas lotadas de gente.
Seguindo um critério internacional — o mesmo utilizado por outras catorze metrópoles do mundo com malha metroviária expressiva, como Nova York e Londres —, o Metrô inclui em sua planilha de ocorrências apenas interrupções com duração mínima de cinco minutos, os chamados incidentes notáveis. Oficialmente, foram 71 deles em 2013, cerca de um a cada cinco dias. “Estamos dentro do padrão internacional nesse quesito. Ficamos abaixo da média quando comparados aos serviços de grandes capitais asiáticas, mas temos índices melhores do que os de muitos países europeus”, afirma o diretor de operações da companhia, Mário Fioratti Filho.
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Assembleia do sindicato: campanha por aumento de salário (Foto: André Lucas Almeida/Futurapress) |
De tão frequentes, as panes ganharam nos últimos tempos o acompanhamento das páginas nas redes sociais, que realizam uma espécie de cobertura minuto a minuto do transporte sobre trilhos— incluída aí a rede da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). De forma colaborativa, perfis do Twitter como Usuários Metrô SP, Diário da CPTM e Sardinha Express produzem instantâneos da situação das plataformas postando fotos, vídeos e relatos de passageiros. Morador de Francisco Morato, na região metropolitana, o auxiliar administrativo Ricardo Guimarães é um criador em série desse tipo de serviço: além do Diário da CPTM, abriu uma conta de Twitter para acompanhar as linhas 7, 8, 9, 10 e 12. “Criamos uma comunidade de colaboradores e sempre somos convidados pela diretoria da empresa para reuniões”, afirma.
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Guimarães: de olho na CPTM (Foto: Fernando Moraes) |
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Silva: "fiscal" do Metrô (Foto: Fernando Moraes) |
* colaboraram Felipe Schmieder e Ricardo Rossetto
30.mai.2014 | Atualizada em 31.mai.2014 por Nataly Costa [com reportagem de Raphael Martins]
Fonte: Veja Abril