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19 de julho de 2011

O Brasil das locomotivas

As ferrovias foram o principal meio de transporte no século XIX e perderam espaço para as rodovias no século seguinte. Na última década, porém, os trilhos voltaram a ocupar um espaço importante e, com isso, o mercado de locomotivas nacional tende a aquecer. 

Seguindo a tendência dos países desenvolvidos, o Brasil também deve direcionar os olhares para o tipo de transporte mais eficiente quando se trata de grandes cargas e longas distâncias. 

O aumento do uso das ferrovias já vem trazendo reflexos positivos ao setor. A produção nacional de vagões e locomotivas não para de crescer desde a década de 1970, que foram produzidos mais de 30 mil vagões e 638 locomotivas. Com a privatização do setor ferroviário, os investimentos dispararam. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), desde 2003 a indústria investiu cerca de R$ 1 bilhão em aumento de produção e tecnologia. E a previsão é de que, entre 2010 e 2019, a fabricação chegue a 40 mil vagões e mais de 2 mil locomotivas. 

A evolução tecnológica também vem acompanhando o transporte sobre trilhos. Hoje, as novas máquinas são equipadas com tecnologia de ponta, como computadores de bordo e sistema de rastreamento por GPS, entre outros recursos. E o trânsito das cargas é completamente monitorado à distância por modernos centros de operação e controle. 

História 

A primeira locomotiva a rodar no Brasil foi a Baroneza (1854), trazida pelo Visconde e Barão de Mauá. A máquina a vapor havia sido construída dois anos antes por Willian Fair Bairns & Sons, em Manchester, na Inglaterra. 

Não se sabe ao certo qual foi a primeira locomotiva montada ou construída no Brasil, mas isso certamente ocorreu no fim do século XIX. Na década de 1910, algumas locomotivas pequenas foram construídas imitando modelos estrangeiros. Na mesma década, algumas ferrovias passaram a montar, em suas oficinas, locomotivas com peças de reposição ou peças compradas diretamente dos fabricantes. Nos anos 1920, foram produzidas várias locomotivas a vapor em Campinas, com peças importadas dos EUA. Em São Paulo, no fim da década, algumas locomotivas a diesel foram construídas para as Indústrias Reunidas Matarazzo. Uma delas ainda existe. 

Entre 1930 e 1940, várias locomotivas a vapor surgiram no Brasil, algumas delas elétricas. Dessas, destaca-se a "Ferro de Engomar", a primeira verdadeiramente construída no Brasil sem desenho internacional. 

O Crescimento 

Nos últimos 13 anos, o volume de carga transportada sobre trilhos praticamente dobrou no Brasil. Segundo dados da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), de 1997 para 2010 as "toneladas úteis" saltaram de 253,3 milhões para 471,1 milhões. E a estimativa é que em 2011 alcancem os 530 milhões. Para atender a esse crescimento, a frota de locomotivas e vagões aumentou cerca de 130% no período. 

Acompanhando o movimento, a oferta de empregos diretos e indiretos no setor subiu 131,6%. E o número de vagas geradas tende a crescer ainda mais. 

Atualmente, o país importa poucas locomotivas. A maior parte delas é produzida aqui mesmo, mas uma parte dos componentes ainda vem do exterior, cenário que está mudando gradualmente. "Antes, apenas 40% das peças eram daqui. Hoje está gradativamente chegando aos 60% e certamente este número ainda vai aumentar muito. É uma tendência natural de ao longo do tempo desenvolver fornecedores locais. É uma nacionalização progressiva", explica o Presidente da Abifer, Vicente Abate. 

Com o aumento da produção nacional, o espaço para novos profissionais também deve crescer em todos os níveis. "Eu diria que em pouco tempo vamos ter no Brasil o curso de graduação de Engenharia Ferroviária, que hoje não existe. Mas é algo que está no radar das universidades e das indústrias. Enquanto isso não ocorre, cursos de extensão para técnicos e engenheiros estão qualificando a mão de obra, inclusive dentro das próprias indústrias", afirma Abate. 

Atualmente, são três as fabricantes de locomotivas no país. A principal delas, que é responsável pela maior parte da produção nacional, é a GE, mas outras duas - EIF e AmstedMaxion - também atuam no Brasil em menor escala. 

Com o mercado interno sendo bem atendido, sobra espaço ainda para a exportação. Nos últimos anos, países como Jordânia, África do Sul, Colômbia e Nigéria vieram buscar aqui suas novas locomotivas. Enquanto crescem as estatísticas ligadas ao transporte sobre trilhos no Brasil, o único número que diminuiu com o passar do tempo foi o do índice de acidentes. Na última década, caiu quase 80%. Mais um ponto positivo para os trilhos, que levam cargas e passageiros com altíssimo nível de segurança. 
Fonte: Revista Rodovias e Vias