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Tem-se dado mais atenção a obras de infraestrutura destinadas especificamente a atender às necessidades do fluxo de turistas nacionais e estrangeiros por ocasião da realização da Copa do Mundo de 2014. Existem, porém, projetos que privilegiam o transporte de massa, que, independentemente daquele evento, são também urgentes e se destinam a atender a uma demanda já existente e que podem contribuir muito para servir melhor à população, com benefícios para a qualidade de vida e o meio ambiente.
É o caso do Expresso ABC, uma nova ligação ferroviária mais rápida entre São Paulo e a região metropolitana, que, como anunciou o governador Geraldo Alckmin, começará a ser executado no segundo semestre deste ano, com a contratação dos serviços básicos. A obra terá dois anos para conclusão e será relativamente barata, estando orçada em R$ 1,2 bilhão.
O ramal projetado sairá da Estação da Luz, correndo paralelo à Linha Turquesa da Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos (CPTM) até Mauá, com 25,2 km de extensão e apenas seis estações, trecho em que se concentram de 75% a 80% da demanda. A Linha Turquesa, com 35 km, que se estende até Rio Grande da Serra, com 14 estações, poderá ser assim desafogada. A obra é ainda mais oportuna porque é prevista uma grande expansão de casas populares na região. Somente o governo paulista pretende investir R$ 766,1 milhões em projetos habitacionais em municípios do ABC.
O Expresso ABC foi planejado há cinco anos. Nos últimos quatro anos, foram realizados os estudos técnicos e projetos de engenharia necessários, bem como as desapropriações para o trem rápido, que contará com dez composições. Está praticamente tudo pronto para começar e o único obstáculo que permanece é uma área de propriedade da União, que se encontra em negociação.Segundo previsão da Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, 600 mil passageiros deverão utilizar diariamente o Expresso ABC, contribuindo para o desafogo da Linha Turquesa.
Os ganhos serão significativos para os usuários. O trajeto poderá ser feito em 25 minutos, enquanto pelo ramal em operação se gastam 40 minutos, a partir de Mauá. Os residentes no ABC que usam o automóvel para trabalhar em São Paulo levam uma hora e meia para fazer o percurso em horários de pico.Com mais facilidade de transporte no entorno de São Paulo, o uso do carro tenderá a ser muito menor. Proprietários de automóveis serão induzidos a tomar o Expresso, utilizando depois linhas complementares de ônibus. Seus carros ficarão nas garagens ou estacionamentos.
O Trem Expresso para o ABC funcionará praticamente como um metrô de superfície, fixando um padrão que pode estender-se no futuro a grande parte dos 253 km do sistema ferroviário metropolitano. Com a interligação com as linhas de metrô na cidade de São Paulo já em funcionamento ou próximas da conclusão, já se vislumbra essa possibilidade. "Precisamos entregar (o Expresso) até 2014 porque é quando vai começar a operar o monotrilho de Cidade Tiradentes", informou o secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes.
O monotrilho é parte da ligação metroviária com a Estação Tamanduateí, onde convergem as linhas do metrô e da CPTM. Desta estação, partirá outro monotrilho até São Bernardo do Campo, passando por São Caetano do Sul, cujo projeto será contratado.A construção e operação do Expresso do ABC serão feitas por meio de Parceria Público-Privada (PPP), já aprovada. Só recentemente, o governo federal passou a adotar esse modelo, mas ele tem sido utilizado intensamente pelos Estados, com bons resultados.
As vantagens da parceria são óbvias sob o ponto de vista de escassez de recursos públicos para tocar obras de maior vulto. As PPPs, em geral, também asseguram melhor qualidade dos serviços prestados. O único problema que pode surgir, a depender das condições da licitação, é a fixação da tarifa, que deve ser condizente com o poder aquisitivo dos usuários.- O Estado de S.Paulo