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11 de março de 2013

Seguranças 'reservam' lugar na Linha 4 de SP

São 18 horas. Você chega à plataforma do metrô e, assim como outras centenas de pessoas ao seu redor, busca uma porta para embarcar no trem. A fila está grande em todas, com exceção de três, bloqueadas por um cordão. Mas o que explicaria o fechamento de acessos em pleno horário de rush da volta para casa, quando qualquer espaço é disputado a empurrões? Estratégia operacional, diz a concessionária ViaQuatro, que passou a adotar o plano em estações da Linha 4-Amarela.

Desde fevereiro, a medida de restrição vigora nos dias úteis, das 17h30 às 19h, ou até o término do fluxo mais intenso, em três paradas do ramal: República, Faria Lima e Pinheiros. Seguranças da empresa ficam dentro do cercadinho para garantir que ninguém tente ultrapassá-lo. E também para abrir a fita de isolamento para quem sai do trem pelas portas com acesso fechado.

Segundo a concessionária, esse plano tem sido empregado com o objetivo de facilitar o embarque e desembarque dos usuários na Estação Paulista, a mais lotada da Linha 4 e a quinta mais cheia do sistema, com uma média de 158 mil entradas por dia.

Em um fim de tarde da semana passada, a reportagem viu dois seguranças cuidando de um cercadinho na Estação República, no sentido Butantã. Três das 24 portas daquela plataforma estavam isoladas. Elas ficavam no centro do espaço, na mesma altura em que, na Estação Paulista, a próxima naquela direção, costuma haver maior concentração de pessoas em horários de maior movimento.

Passageiros da Linha 4 reclamam da ação adotada pela empresa. O pintor Pedro Mello, de 45 anos, por exemplo, discorda da estratégia. O que deveriam fazer é abrir novas estações mais rápido, para distribuir melhor as pessoas.

Já a pedagoga Vivian Mariano, de 26 anos, acredita que a concessionária interditou a entrada justamente no trecho da plataforma onde há maior procura para quem vem da conexão com a Linha 3-Vermelha. Restringir a circulação nunca é positivo.

Quebra-galho. Para o consultor Horácio Augusto Figueira, mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), a solução utilizada pela concessionária, um quebra-galho, pode até ajudar operacionalmente, mas por tempo limitado. Em sua avaliação, o projeto das estações da Linha 4 foi econômico. Tinham de ter sido construídas plataformas centrais, além das laterais. As pessoas sairiam por um lado do trem e embarcariam no outro, como é na Sé.

Pelo fato de funcionar há menos de um ano e meio em horário integral e já ter de adotar esse tipo de estratégia, a Linha 4 não deve ter um futuro promissor no quesito boa circulação de passageiros, opina Figueira. Ela nasceu com um erro conceitual e de dimensionamento de quem fez o estudo de demanda ou do autor do projeto. Ou ainda, na fase de licitação das obras, alguém quis economizar. Isso são hipóteses. Não sei onde houve erro.

A construção de uma plataforma central na Estação Paulista da Linha 4 poderia ter evitado que seguranças nas outras paradas tivessem de chegar ao ponto de bloquear parte das portas de plataforma. Entretanto, o custo da obra aumentaria, uma vez que seria necessário empregar mais recursos e materiais. O diâmetro do túnel também precisaria ser alargado em determinados trechos.

Uma linha de metrô tinha de ter capacidade para cem anos. Veja a Sé, que foi projetada no fim dos anos 1970 e ainda não precisa desse tipo de estratégia para conseguir lidar com toda a demanda. O que não pode é investir bilhões em uma linha e ela praticamente já nascer com esses problemas, afirma Figueira.

Extremidades. Em nota, a ViaQuatro informou que a restrição de embarque de usuários em certas portas de plataformas é para direcioná-los às extremidades das estações, favorecendo a distribuição de passageiros no interior dos trens e, dessa forma, aumentar o conforto de todos durante a viagem.

O Estado de S. Paulo


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