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16 de março de 2013

Passageiros da CPTM são tratados como ´´bichos´´

Trem estacionando na Estação Barra Funda
Trens velhos, superlotação e demora. Passageiros sofrem com os serviços prestados pela CPTM

Mal o trem estaciona na plataforma da estação Barra Funda da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), por volta das 18 horas de um dia qualquer e uma verdadeira batalha campal se instala nas portas da composição. São milhares de pessoas, homens, mulheres, idosos e até crianças se digladiando para conseguir um pequeno espaço dentro dos vagões (carros).

Mas a cena não é privilégio apenas da Linha 8 (Júlio Prestes - Itapevi). As plataformas da estação Brás, de onde parte da Linha 10 (Brás - Rio Grande da Serra) e da Estação da Luz, de onde partem as Linhas 7 (Luz - Fco Morato - Jundiaí) e 11 (Luz - Guaianazes - Estudantes ), a situação é igual. Se tivessem olhos, as estações fundadas no ano de 1867 chorariam ao ver tanta gente sendo tratada como ´´bichos´´.

INFERNO

Dentro das composições a realidade é ainda pior, são milhares de pessoas que não conseguem sequer se segurar. E nem precisam. O amontoado não permite que alguém saia do lugar. Não são raros os relatos de pessoas que são arrastadas pela multidão para fora dos vagões (carros) na chegada a alguma estação ou de mulheres que são abusadas durante o trajeto.

A superlotação causa mal estar, queda de pressão e até desmaios. O calor que lembra as caldeiras do inferno é agravada pela falta de ar condicionado. Algumas composições são muito velhas, da década de 1950 e não foram planejadas para receber essa quantidade de passageiros.

No período da manhã a situação é igual, apenas com um agravante: o trem já chega lotado, e às vezes é preciso esperar duas ou até três composições para conseguir embarcar. Quem olha de fora imagina tratar-se de um serviço público gratuito, um favor concedido pelos governantes para a população, Ledo engana. O cidadão para e caro pelo serviço.

SUCATA

Trens velhos e novos costumam apresentar defeitos diários e dificilmente chegam aos destinos nos horários programados. Alguns modelos, como é o caso da Série 1100, mesmo com 57 anos de uso, ainda circulam. Outros são sucatas, comprados de segunda mão de países europeus, como é o caso da Série 2100, em operação na Linha 10.

Mas não só de trens velhos que padece a população. Em algumas Linhas as estações fundadas ainda no século XVIII até passaram por adaptações, mas hoje não comportam mas a demanda.

Na região do ABC algumas estações lembram paradas de trem do velho oeste. Sem estrutura, passageiros com dificuldades de locomoção são carregados nos braços por funcionários da CPTM. Plataformas sem cobertura maltratam a população em dias de chuva e para piorar, a Linha que fazia terminal na estação Luz agora só vai até o Brás, causando ainda mais transtornos.

No Alto do Tietê, a situação não é diferente. De tão velhas, algumas estações foram demolidas sob a promessa de modernas e acessíveis paradas. Um sonho. Há mais de dois anos a população de Ferraz de Vasconcelos e Suzano padece com estações provisórias que arrepiam quem olha de fora.
 Dá medo do amontoado de madeira e ferro enferrujado que é usado como estação.

Novas estações reformadas têm problemas. Na Linha 8, as escadas rolantes da estação Barueri não funcionam. ´´Sucatas compradas da China´´, conta um funcionário que não quis se identificar.  Na estação Antônio João, também em Barueri , não há iluminação nas plataformas internas.  Em Carapicuíba, chove dentro da estação recém- reformada e Itapevi o elevador não funciona há cinco meses. Sem escadas rolantes na parte externa, quem precisa usar o serviço se desespera.

O passageiro Dirceu Miranda é um deles. ´´Já cheguei a enviar uma carta com reclamações para a CPTM, mas até hoje, nada´´, afirma. Na Linha 9 preferida da CPTM por atender bairros nobres, apesar dos trens serem novos e as estações reformadas, a subestação de energia não dá conta da demanda, ocasionando atrasos e obrigando as composições a circularem com velocidade reduzida. A publicitária Elisângela Soares, 20, sabe bem como é a situação, ´´Eu praticamente viajo pendurada e sempre chego  atrasada ao trabalho´´, lamenta.

FALTA DE INVESTIMENTOS

Para o especialista em transportes, Sérgio Ejzenberg, consultor da Organização das Nações Unidas (ONU) no programa de Desenvolvimento de Transportes para Bogotá, na Colômbia, o aumento de usuários nas Linhas da CPTM e a falta de investimentos em infraestrutura no sistema explica sucessivos problemas no transporte ferroviário em São Paulo. ´´Se a CPTM sabia do aumento de passageiros, porque não tomou providências? Se ela não sabia, é falta de planejamento. Se sabia e não tomou as providências é falta de gerenciamento´´ afirma o especialista.

Em resposta, a CPTM informou que o Governo do Estado tem realizado significamente investimentos na modernização da empresa, que está substituindo a frota e que desde de 2006 mais de 105 trens já foram adquiridos. Salientou ainda que os problemas estruturais relatados já estão sendo resolvidos e sem especificar o prazo, informou que as estações não foram reformadas, serão.

Sérgio Ejzenberg  rebate. ´´Já são quase 20 anos desde que a CPTM assumiu. Durante esse tempo e com os recursos que tem, já era para São Paulo contar com um transporte ferroviário decente, finaliza.

Jornal do Trem 
Participação: Ricardo Guimarães


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