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5 de junho de 2014

Em assembleia, metroviários decidem manter a greve

Categoria aprovou paralisação após fracasso na audiência de conciliação. Justiça determinou retorno da operação sob pena de multa diária de 100 mil.

Em assembleia na noite desta quinta-feira (5), os metroviários decidiram manter a greve em São Paulo. A categoria aprovou a paralisação após fracasso na audiência de conciliação com representantes da companhia. Eles também aprovaram a catraca livre, mas dizem que aguardam sinalização do Governo.
A Justiça manteve a decisão anunciada no início da tarde, e determinou que os metroviários garantam 100% da operação em horários de pico, entre 6h e 9h e entre 16h e 19h, e 90% nos demais períodos, sob pena de multa diária ao sindicato de R$ 100 mil.

O G1 acompanha em tempo real a paralisação. A reportagem também está nas Estações Belém, Tatuapé, Barra Funda e Jabaquara. Destas, apenas Barra Funda e Jabaquara seguem fechadas.

A desembargadora deu um prazo de 24 horas para que as partes se manifestem novamente. O julgamento da legalidade da greve deve ocorrer neste final de semana.

A determinação atende o pedido protocolado pelo Ministério Público no Tribunal Regional de Trabalho (TRT) para que a greve fosse considerada abusiva. Por volta das 16h, das 63 estações de Metrô, 25 permaneciam fechadas e 38 estavam abertas. As estações Tatuapé e Belém, da Linha 3 - Vermelha, e Vila Mariana, Santa Cruz, Praça Árvore e Saúde, da Linha 1 - Azul, foram as últimas que voltaram a funcionar, segundo informou o Metrô.

As estações que continuavam fechadas são:

Linha 1-Azul - Jabaquara, Conceição, São Judas, Tiradentes, Armênia, Portuguesa-Tietê, Carandiru, Santana, Jardim São Paulo-Ayrton Senna, Parada Inglesa e Tucuruvi.
Linha 3-Vermelha - Palmeiras-Barra Funda, Carrão, Penha, Vila Matilde, Guilhermina-Esperança, Patriarca, Artur Alvin e Corinthians Itaquera.
Linha 2-Verde - Chácara Klabin, Santos-Imigrantes, Alto do Ipiranga, Sacomã, Tamanduateí, Vila Prudente.

Durante a reunião, o sindicato propôs reajuste de 12,2%, e reduziu a reivindicação de PLR de 1,5 salário para 1 salário. Inicialmente, a categoria reivindicava um aumento de 16,5%.

O Metrô alegou não ser possível avançar além do já proposto, e manteve a oferta de reajuste de 8,7%. "Tem questões que eu não posso decidir", disse o presidente do Metrô, Luiz Antônio Carvalho Pacheco.
Mais cedo, o governador Geraldo Alckmin defendeu que a proposta oferecida à categoria equivale ao dobro da inflação. “Não tem o menor sentido uma greve que prejudica a população. Um pequeno grupo, muito político, para levar consequências, paralisação, caos, bagunça sem a menor razão de ser", afirmou.
Os representantes da companhia dizem que estão há muito tempo negociando, e acusam o sindicato de dificultar o diálogo.

A desembargadora cobrou o fato de ter ouvido declarações do presidente do sindicato a respeito de um suposto conluio entre o TRT e o governo, alegando que em décadas de trabalho sempre teve independência. "Não estamos na Suíça, estamos no Brasil. Temos um déficit no transporte público e qualquer greve prejudica a população."

Afetados

Por conta da greve, muitas pessoas voltaram para casa ou tiveram de esperar ônibus lotados para conseguir chegar ao trabalho na manhã desta quinta-feira (5). A paralisação teve início durante a madrugada, às 4h. Às 13h, das 63 estações do Metrô, 31 permaneciam fechadas e 32 estavam abertas.

Alguns passageiros tiraram fotografias dos avisos de greve para explicar aos chefes o motivo da ausência. O lojista Felipe do Santos, de 19 anos, trabalha no Shopping Pátio Paulista, no Centro, e foi um dos muitos usuários do Metrô que perdeu um dia de trabalho.

"A mulher me falou ali na lotação, mas eu não acreditei. Agora já até tirei uma foto da placa para mostrar para a minha supervisora", contou. O comerciante acordou às 3h30, deveria entrar no trabalho às 6h e não sabia da paralisação dos metroviários.

A dona de casa Dionisía Quadrado, de 77 anos, chegou às 4h30 à estação Tucuruvi. Acompanhada do marido, a idosa que sofre de osteoporose tinha consulta no Hospital do Servidor Público às 7h. Ela disse que levou 1 ano para marcar a consulta.  "Não posso perder essa consulta de jeito nenhum. Não sabia que ia ter greve. Vamos pegar um ônibus até Santana e tentar chegar lá", contou ela

O encarregado de panificação Aldemário Oliveira Almeida, de 51 anos, não pôde trabalhar nesta quinta, pois foi pego de surpresa com a greve. Ele usa duas linhas do Metrô e mais dois ônibus para ir da Zona Sul à Zona Leste, mas foi barrado na estação Jabaquara. "Não há como atravessar a cidade sem metrô. Ficamos igual trouxa sem saber o que fazer", reclamou.

"Entro às 6h no trabalho. Se tentar ir de ônibus, vou chegar muito tarde. De carro, gastaria R$ 60, além do estacionamento, não tenho como", contou o padeiro Edson Luis Pereira, de 43 anos. Ele trabalha na Avenida Vereador José Diniz, na Zona Sul. Morador de Guarulhos, na Grande são Paulo, ele saiu de casa às 4h e ficou aflito quando viu a greve dos metroviários na estação Tucuruvi.

No Tucurivi, na Zona Norte, a fila para ônibus com destino a Pinheiros tinha mais de 300 pessoas e dava a volta no quarteirão. A analista de processos Katiana Galdi, de 27 anos, custou a acreditar na greve. Antes das 6h, ela tentou embarcar na na estação Corinthians-Itaquera, na Zona Leste, com expectativa de chegar ao trabalho no horário. "Eu vim na esperança de estar funcionando pelo menos uma parte da frota. Mas não tem nada, nem o trem está aberto aqui. Acho que vou pegar um ônibus de volta para minha casa", disse ela.


Por Letícia Macedo
Do G1 São Paulo