O presidente da Federação Nacional dos Metroviários, Paulo Pasin, afirmou que os grevistas do metrô de São Paulo estão dispostos a aceitar o reajuste de 8,7% imposto pela Justiça do Trabalho no último domingo (8). De acordo com Pasin, o sindicato dos metroviários exige, como condição para reabrir as negociações com o Governo do Estado, a reintegração dos cerca de 60 funcionários do metrô cujas demissões foram anunciadas na manhã desta segunda-feira (9).
Uma reunião entre grevistas e Governo do Estado deve discutir os termos de um possível acordo começou por volta das 15h20 desta segunda e conta com líderes de centrais sindicais nacionais.
"Estamos dispostos a aceitar esse percentual [8,7%] desde que o governo negocie outros pontos conosco. Nossa prioridade neste momento é reverter a demissão dos 60 funcionários que o governo disse que demitiu. Outros pontos que a gente quer negociar não têm impacto financeiro, como um plano de cargos e salários", disse Pasin.
Governo e metroviários marcaram para a tarde desta segunda-feira (9) uma nova rodada de negociações para tentar por fim à greve do metrô que chegou ao seu quinto dia. No último domingo, a Justiça do Trabalho decretou a greve como abusiva e estabeleceu em 8,7% o percentual de reajuste que o metrô deveria dar a seus funcionários. Quando a greve começou, os metroviários pediam 35,5% de reajuste. Posteriormente, os grevistas pediram 12,2%.
Na manhã desta segunda-feira (9), o secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, anunciou que pelo menos 60 funcionários do metrô em greve seriam demitidos por justa causa. A lista dos demitidos, porém, não foi divulgada pelo governo nem pelo sindicato dos metroviários. Na estação Ana Rosa, houve confronto entre a PM e integrantes do sindicato e de outros movimentos sociais. Bombas de gás lacrimogêneo foram utilizadas e pelo menos 13 pessoas foram detidas. Desses, 11 eram agentes de segurança do metrô.
Segundo a "Rádio Estadão", o secretário de Transportes deu um prazo até o fim da tarde para que os grevistas voltem ao trabalho. Segundo ele, "a greve deve acabar ainda esta noite".
Um protesto logo no início da manhã terminou em confronto entre a polícia e os grevistas, com lançamento de bombas de gás lacrimogêneo e manifestantes detidos. Eles foram encaminhados para o 36º DP (Vila Mariana).
Dos 13 funcionários levados à delegacia, 11 trabalham como agentes operacionais do Metrô e dois são do setor administrativo. De acordo com informações do portal "Estadão.com", eles foram encaminhados para averiguação. Além disso, por volta das 10h, um funcionário da direção do Metrô anotava o nome de cada um dos detidos, que foram ouvidos pela polícia separadamente.
Segundo a delegada Roberta Guerra, plantonista do 36º DP, os 13 detidos assinarão um termo circunstanciado e responderão judicialmente pelo artigo 201 do Código Penal, que trata da participação em "suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando a interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo", informou a Secretaria de Segurança Pública, em nota.
A audiência do sindicato dos metroviários prevista para ser realizada às 13h desta segunda-feira (9) foi adiada depois que uma nova rodada de negociações entre metroviários e governo do Estado foi anunciada. A reunião estava marcada para começar às 15h desta segunda-feira (9) e contaria com integrantes do sindicato dos metroviários, do Governo do Estado e de centrais sindicais.
A greve dos metroviários se transformou na principal ameaça ao jogo de abertura da Copa, nesta quinta-feira (12), entre o Brasil e a Croácia. Um dos principais responsáveis pela segurança da Copa em São Paulo disse neste domingo (8) que a greve "é uma ameaça forte", por isso, um plano para fazer com que as pessoas tenham acesso à Arena Corinthians, em Itaquera, na zona leste de São Paulo, foi elaborado.
A Polícia Militar e o Exército criaram um plano de contingência para manter abertas as vias de acesso ao estádio e em operação metrô e trens que levam à arena. O comando da PM decidiu mobilizar 5.000 agentes.
Os líderes dos metroviários negam que a estratégia da categoria inclua a ameaça à abertura do Mundial da Fifa. "A Copa vai ter, o sindicato não quer acabar com a Copa. Sou torcedor de futebol, sou santista, gosto do Neymar e vou torcer pelo Brasil", disse o presidente do sindicato, Altino de Melo Prazeres Junior. "Tem a Copa, mas tem de ter dinheiro também para o trabalhador", afirmou.
UOL