O agente do metrô Bruno Everton Bezerra da Rocha, um dos grevistas demitidos na manhã desta segunda-feira (9) pela companhia, declarou que as demissões são uma tentativa do governo de eliminar a diretoria do sindicato dos metroviários e enfraquecer o comando da greve.
O funcionário recebeu pela manhã um telegrama que informava a demissão "por justa causa com fundamento no artigo 482, alínea b da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e artigo 262 do Código Penal". O artigo 482 da CLT lista as condições para demissão por justa causa, sendo o item b "incontinência de conduta ou mau procedimento". Já o artigo 262 do Código Penal define como crime "expor a perigo outro meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento".
Rocha, que trabalha na linha 1-azul do metrô e é integrante da Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) da linha, considera sua demissão ilegal.
"É ilegal porque eu sou da Cipa e tenho estabilidade. Desde quinta-feira tenho participado dos piquetes, tentando convencer outros funcionários a não falar, mas foi reconhecido que a ação do piquete era legal."
O metroviário é diretor do sindicato da linha 1-azul e afirmou que além dele outros dois diretores foram demitidos. "Estão tentando cortar a diretoria para acabar com o comando da greve. O governo negociou com o cassetete na mão e tentou criminalizar o movimento", declarou.
Rocha disse que os funcionários demitidos irão recorrer na Justiça contra as demissões.
Celina Maranhão, operadora de trens da linha 2-verde, também recebeu o telegrama comunicando sua demissão nesta segunda-feira (9). Assim como Rocha, Celina é diretora do sindicato e integrante da Cipa na linha 2-verde.
"A demissão era a última carta na manga do governo para intimidar, mas a categoria vai continuar forte e unida. Estou tranquila e confiante de que a demissão vai ser revertida", disse Celina, que trabalha há seis anos no metrô.
uol