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30 de julho de 2015

Ciclovia da marginal tem roubo e até capivara

Na avaliação dos ciclistas, pedalar em grupo é uma forma de intimidar os ladrões

O nome de um dos territórios mais explosivos do mundo, a Faixa de Gaza, no Oriente Médio, foi escolhido por ciclistas para batizar ciclovia da Marginal Pinheiros, que ganhou o apelido de “Ciclofaixa de Gaza”.

O motivo, segundo frequentadores, é que o local vive uma onda de roubos a bicicletas. Tanto que usuários do espaço se uniram e passaram a pedalar de forma coletiva.

“Não há segurança nenhuma” , disse Anderson Xavier, coordenador do grupo (leia mais em entrevista abaixo).

Há cerca de dois meses, os ciclistas da “Ciclofaixa de Gaza” que moram na periferia da Zona Sul, trabalham nas imediações da Marginal Pinheiros e vão ao serviço de bicicleta usando a ciclovia, costumam se reunir após o fim do expediente, nas imediações da Ponte Cidade Jardim, Zona Sul.

O trecho, segundo eles, é um dos mais perigosos da ciclovia. Na avaliação dos ciclistas, pedalar em grupo é uma forma de intimidar os ladrões.

MUDANÇA DE LADO /De acordo com os ciclistas, a presença de ladrões aumentou de forma drástica após o fechamento de parte da ciclovia da Marginal Pinheiros, que margeia as estações da Linha 9 - Esmeralda da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). A pista, conhecida como lado leste, foi interditada para a construção da futura Linha-17 Ouro do Metrô, entre as estações Vila Olímpia e Morumbi.

Para manter a possibilidade de se pedalar na via, o governo estadual decidiu desviar o trecho interditado para o outro lado do Rio Pinheiros, o chamado lado oeste. “Ele fica próximo da favela Real Parque e não tem estações da CPTM nem prédios com grandes escritórios. Isso fez a alegria dos bandidos”, afirmou o professor Tadeu Medeiros, de 57 anos.

“Na terça-feira tentaram levar minha bike. Só não levaram porque eu disse ‘justo eu?’. Daí, acho que eles ficaram com pena de mim e me liberam sem levar nada”, afirmou Tadeu.

Mesma sorte não teve o jornalista Fábio Bahr, de 42 anos. “Três moleques saíram de trás de uma árvore e invadiram a pista. Um deles apontava uma arma. A ação foi muito rápida e a ‘invasão’ bem planejada. Eles se jogam uns 20, 30 metros antes do ciclista, que para praticamente em cima deles, sem tempo de reação”, disse Fábio, que teve bastante prejuízo. “Além da bicicleta,  levaram celular, relógio, luvas, cartão do banco e carteira de identidade”, afirmou.

A via é um verdadeiro campo minado para os ciclistas que se arriscam a passar por ela

A ciclovia tem poucas saídas com passarelas. Situação favorece  bandidos que fogem no meio dos carros atravessando a Marginal Pinheiros

Duas pontes que vão passar sobre o Rio Pinheiros (Laguna e Itapaiuna) estão sendo erguidas com seus canteiros que usam parte da ciclovia.  Uma placa avisa aos ciclistas que é preciso tomar cuidado com objetos içados

De acordo com os ciclistas,  a vegetação da “Ciclofaixa de Gaza” é usada como esconderijo pelos ladrões de bicicletas. Os arbustos são os preferidos dos criminosos

Os frequentadores da ciclovia também precisam compartilhar a pista exclusiva para bicicletas com as capivaras, que aos montes cruzam a pistas em diversos trechos. Há riscos de atropelamentos

Entrevista Anderson Xavier, ciclista:

DIÁRIO_ Como os ladrões de bicicletas  agem na ciclovia da Marginal Pinheiros?

ANDERSON XAVIER_ Eles se aproveitam da vegetação. Escondem-se atrás de arbustos. Outra característica é a de que o assaltante nunca está sozinho.

E na hora da abordagem?

Temos casos em que os ladrões vão rendendo as vítimas uma por uma, mas sem liberá-las até cada um da quadrilha ter conseguido roubar uma bicicleta. É uma espécie de sequestro relâmpago, muito traumatizante para quem passa por uma situação assim.

E o policiamento?

É praticamente inexistente.

A criação do grupo de ciclistas ‘Ciclofaixa de Gaza’ melhorou a sensação de insegurança?

Em uma certa medida, sim. Os assaltantes se sentem menos seguros em atacar. Mas conseguimos nos reunir somente na hora da volta do trabalho. Quando estamos indo, não tem como juntar todos porque tem gente de vários bairros da Zona Sul e diferentes horários de entrada no trabalho.

Placa alerta para o perigo que está pendurado

“Atenção! Não fique ou passe sob carga suspensa”. A mensagem contida em placa da ciclovia da Marginal Pinheiros, no trecho oeste, alerta o ciclista sobre os perigos com a construção da Ponte Laguna, que está sendo erguida sobre o rio Pinheiros, oferece a quem pedala na “Ciclofaixa de Gaza’'. Outra ponte, a Itapaiuna, também está sendo erguida no local.

“Não é bacana pedalar debaixo de uma obra que pesa toneladas e mais toneladas. Mas para quem mora na Zona Sul essa ciclovia é bastante importante porque é um caminho rápido.  Por isso continuo pedalando nela”, disse o autônomo Nelson Antonio dos Santos, de 34 anos, enquanto aguardava  um pedaço de sustentação da ponte ser içada.

Segundo o promotor de vendas Fábio Aurélio Ribeiro Cardoso, de 37 anos, aos sábados, quando o ritmo das obras diminuiu, por outro lado a ação dos ladrões aumenta. De acordo com o ciclista, bandidos que vão ao baile funk da Favela Real Parque, que fica próxima à ciclovia saem da festa no começo da manhã e partem para a pista de bikes com o objetivo de roubar os ciclistas.

“São basicamente dois tipos de ladrões. O primeiro grupo rouba qualquer bike apenas para comprar  droga. O segundo visa bicicletas  que custam R$ 10 mil, R$ 20 mil. Esse grupo tem um mercado de receptadores mais organizado", disse Cardoso que usa a pista rotineiramente.

RESPOSTAS DA SSP e do estado

Bicicletas são recuperadas

Por meio de nota, a Segundo a Secretaria da Segurança Pública disse que a Polícia Civil recuperou neste ano 11 bicicletas que teriam sido roubadas na ciclovia da Marginal do Pinheiros, das quais algumas já foram devolvidas aos donos. O 34º DP (Morumbi) já identificou três suspeitos de terem cometido os crimes e mantém diligências para prendê-los. “A SSP esclarece que os roubos em geral caíram 9,2% no primeiro semestre deste ano na região do 34º DP, em comparação com o mesmo período do ano passado.

A Polícia Militar esclarece que realiza patrulhamento por meio de viaturas, Base Comunitária Móvel e policiamento a pé, que resultou, no primeiro semestre, na prisão de 115 pessoas e apreensão de 21 armas na região.” A Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos informou que "a Ciclovia Rio Pinheiros, é fechada, devidamente sinalizada e funciona das 5h30 às 18h30, com portões de acesso.

“Por esse motivo é possível fazer o monitoramento, com equipes de patrulhamento em viaturas, motocicletas e bicicletas, em rondas ao longo do dia.  Em casos de ocorrências, é imprescindível que a vítima faça um Boletim de Ocorrência para que a polícia conduza as investigações, visando à prisão dos assaltantes. No caso da ciclovia Rio Pinheiros, além do BO, os usuários podem denunciar irregularidades pelo SMS/Denúncia, para o celular 97150-4949, descrevendo a infração cometida, as características do autor e o local ou pelo telefone 0800-0550121.


Por: Eduardo Athayde
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Página: Oficial Diário da CPTM

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