Mais importante trajeto da região Noroeste, Linha 7 – Rubi possui 18 estações, sendo duas delas recém-inauguradas e modernizadas
Inaugurada no ano de 1867, sem a menor pretensão de transportar passageiros pelo então império de D. Pedro II, a Linha 7 – Rubi recebeu diversas funções ao longo do tempo e chega em 2014 com uma demanda aproximada de 452 mil usuários por dia. Devido à sua importância para a cidade de São Paulo, a Folha Noroeste acompanhou o percurso da linha e ouviu a opinião de dezenas de usuários sobre as superlotações e os vãos existentes entre os trens e as plataformas.
O ponto crítico que atrapalha a maior parte da população ocorre nos horários de pico, principalmente entre as estações Barra Funda e Caieiras. De acordo com a enfermeira Hildete Menezes, essa grande quantidade de pessoas prejudica também o acesso às composições: “Na estação Vila Clarice, o desnível é muito grande na plataforma. Ainda mais eu que tenho problema no joelho, a situação fica muito difícil”.
Dentre as 18 estações da Linha 7, a mencionada por Hildete, no sentido Luz, apresenta o maior espaço entre o trem e a plataforma. Quando comparada à mais nova estação Vila Aurora (inaugurada em setembro de 2013), a da Vila Clarice perde em quase todos os quesitos. Na Vila Aurora há total acessibilidade para deficientes e pessoas com mobilidade reduzida, além de escadas rolantes para facilitar o fluxo e acesso dos passageiros.
Devido ao período eleitoral, nenhum diretor ou representante da CPTM pôde falar com nossa equipe de reportagem, mas a companhia emitiu uma nota à Folha Noroeste e afirmou que essa estação será reconstruída futuramente após a conclusão de projetos realizados para corrigir os problemas apontados pelos usuários.
Em virtude de sua extensão, com mais de 61 quilômetros de trilhos, e a abrangência em sete municípios, a Linha 7-Rubi agrada quem a utiliza diariamente por oferecer velocidade e curto intervalo entre os trens na chegada a seus destinos. “Conheço essa linha há quase 40 anos e acompanhei de perto sua modernização para melhor. O percurso é eficiente e tenho conseguido sempre chegar no horário nos compromissos que marco”, afirma o aposentado José Guimarães, de 74 anos.
Segundo a CPTM, essa agilidade deve-se aos investimentos feitos nos últimos anos. Somente em 2014, a Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos destinou R$ 74,8 milhões para a linha, o que permitiu ao órgão fazer com que os intervalos cheguem a apenas quatro minutos nos horários de pico.
Apesar da rapidez no transporte, ainda há pessoas que preferem o conforto de seus automóveis a encarar as superlotadas plataformas da Companhia. Maurício Fernandes, empresário que mora em Perus e trabalha no bairro da Lapa, é mais um paulistano que rejeita a ideia de ficar “preso numa sardinha”, como ele próprio diz, mesmo sob o risco de enfrentar congestionamentos pela cidade. “Já andei diversas vezes de trem, mas definitivamente não compensa. Saio mais cedo da minha casa para não perder a hora, mas se fosse na Linha 7, mal conseguiria embarcar devido à enorme quantidade de pessoas”, finaliza Fernandes.
Uma das previsões da CPTM para melhorar a qualidade dos serviços metropolitanos é a desativação dos cargueiros utilizados pela empresa MRS em algumas linhas da Companhia, entre elas a 7 –Rubi. Para essa completa modernização, é necessária a conclusão do projeto Ferroanel, do governo federal, que - a exemplo do Rodoanel - pretende desviar o tráfego de cargas e deixar os trilhos exclusivamente para a população.
Entretanto, as promessas de modernização são tão antigas quanto os trens que percorrem a linha - velhos, sucateados e vandalizados, com portas que não fecham direito e vidros riscados. Segundo relatos de usuários, poucas composições apresentam ar-condicionado. Por outro lado, superlotação – dentro e fora dos trens – e desconforto já fazem parte do cotidiano desses passageiros, que convivem com o descaso do poder público há várias administrações.
Neste ano, por exemplo, tendo em vista a abertura da Copa do Mundo na Arena Corinthians, em Itaquera, a Linha 11-Coral, que faz o percurso entre as estações da Luz e Guaianazes, na zona leste, recebeu novos veículos, com ar-refrigerado e passagem entre os vagões, para reforçar o Expresso Leste. A própria Linha 8-Diamante, que passa por bairros como Leopoldina, Barra Funda e Lapa, já teve sua frota renovada integralmente. Enquanto isso, a Rubi aguarda a sua vez na fila, já que apenas metade dos trens que operam na linha é do novo modelo – segundo informações da CPTM -, o que comprova a reclamação de muitos leitores.
“Na estação Vila Clarice, o desnível é muito grande na plataforma” (Hildete Menezes, passageira da Linha 7-Rubi)
Vagão rosa: uma resposta à insegurança
Outro grave problema apontado, principalmente, pelas mulheres é o assédio nos vagões. Motivo de diversas denúncias constantemente noticiadas pela mídia, os abusos sexuais acontecem em sua maior parte quando os marginais se aproveitam dos períodos de maior movimento. “Certa vez eu estava de pé com trem lotado e um homem começou a fazer graça atrás de mim sem os outros perceberem. Eu briguei com ele na hora e na estação seguinte o rapaz desceu”, diz a vendedora Ariane de Souza.
A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou no último dia 4 deste mês um projeto que obriga a CPTM e o Metrô a destinarem um vagão exclusivo para as mulheres, a exemplo do que ocorre no Rio de Janeiro. Para virar lei, o projeto precisa ser sancionado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).
CPTM torna acessível mais uma estação e beneficia passageiros na região da Lapa
A estação Domingos de Moraes, recém-modernizada pela CPTM na linha 8 – Diamante, oferece agora um maior conforto para os usuários e atende a uma antiga reinvindicação dos moradores próximos à região, devido à importância da linha para o bairro da Lapa. A população agradece. “Internamente as plataformas estão mais amplas e o visual está muito mais bonito, além do auxílio que essa estação fornece aos deficientes devido ao elevador especial instalado e às rampas de acesso ao lado das escadas”, conta a dona de casa Andréia Vasconcelos.
Fonte: Anderson Silva