A construtora Cowan integra o consórcio que apresentou proposta para construir e operar a linha 18-Bronze, o monotrilho que vai ligar o ABC à capital.
Responsável pela obra do viaduto que desabou em Belo Horizonte na última quinta-feira (3), a construtora Cowan integra o consórcio que apresentou proposta para construir e operar a linha 18-Bronze, o monotrilho que vai ligar o ABC à capital.
O viaduto que caiu atingiu um micro-ônibus, um carro e dois caminhões na avenida Pedro I, na região norte da capital mineira. Pelo menos duas pessoas morreram e 21 ficaram feridas.
A sessão de recebimento de envelopes das propostas para a linha 18 ocorreu também na última quinta-feira, na capital paulista.
A Cowan foi criada na cidade mineira de Montes Claros, em 1958, e tem no currículo obras de infraestrutura em rodovias, saneamento, barragens, aeroportos e mobilidade. A construtora foi a responsável pela implantação do BRT MOVE - sistema de transporte que utiliza ônibus articulados em Belo Horizonte.
A obra do viaduto que desabou faz parte dos projetos de mobilidade para a Copa do Mundo. A empresa se pronunciou em nota: "A Cowan lamenta profundamente o ocorrido e não está medindo esforços para oferecer o apoio necessário às vítimas e aos familiares".
A obra integra um complexo que já havia apresentado problemas de infraestrutura. Em fevereiro, um outro viaduto da região - também feito pela Cowan - teve um deslocamento, o que obrigou a interdição de trecho da avenida Pedro I.
Prazos da Linha 18
O consórcio "ABC Integrado" foi o único a se interessar pela licitação da linha 18 e é formado por quatro empresas: Encalso (que fez a duplicação da rodovia dos Tamoios e participa da transposição do rio São Francisco), Primav (empresa do grupo CR Almeida, que atuou no Rodoanel e na Jacu-Pêssego) e Benito Roggio (grupo argentino de infraestrutura), além da Cowan.
Após a entrega da proposta ocorrida na quinta-feira, o próximo passo para implantação da linha 18-Bronze será a análise de documentos apresentados pelo consórcio, o que deve ocorrer em, no máximo, uma semana.
Se todos os documentos estiverem sem restrições, o consórcio será declarado vencedor da licitação, passando a ser oficialmente o responsável pela construção e operação do monotrilho do ABC.
A Secretaria de Transportes Metropolitanos acredita que a assinatura do contrato entre o governo do Estado e o consórcio ocorra em até dois meses, devido a trâmites burocráticos na Junta Comercial.
O passo seguinte será dar um prazo de cerca de um mês para o consórcio contratar equipes e montar os canteiros.
"Pra começar realmente a obra, ir para campo montar a estrutura, deve levar de 90 a 120 dias", prevê o secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes. As desapropriações não têm data para começar. A concessão vai durar 25 anos.
Desinteresse
O secretário Jurandir Fernandes afirmou que esperava que mais empresas demonstrassem interesse em operar a linha 18. "Esperava mais empresas, mas senti um pouco de insegurança. Uma das coisas que assustou um pouco os investidores foi o congelamento das tarifas", afirma Fernandes. "O risco era não ter ninguém interessado".
A linha 18 terá 14,9 km de extensão, vai passar por três cidades do ABC e terá 13 estações.
O empreendimento tem custo estimado de R$ 4,2 bilhões, sendo R$ 3,8 bilhões custeados 50% pelo governo do Estado e 50% pela iniciativa privada. Os outros R$ 406 milhões são referentes às desapropriações que serão executadas pelo Estado. Deste valor, R$ 400 milhões vêm do governo federal a fundo perdido, por meio do PAC 2.
Tiago Oliveira