Motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo encerraram ao meio-dia desta quarta-feira (18), após duas horas de protesto, a paralisação em terminais urbanos. Os veículos que fechavam as saídas dos terminais começaram a ser retirados para liberar o funcionamento dos terminais. O ato foi em repúdio à proposta feita pelo sindicato das empresas, de 2,31% de reajuste salarial.
Ao todo são 29 terminais em São Paulo ficaram parados de acordo com o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindimotoristas) e com a SP Trans.
No Terminal Parque Dom Pedro, no Centro, os motoristas colocaram ônibus para fechar a saída de outros veículos. Os passageiros chegam e desembarcam, mas não conseguem embarcar em ônibus que saem do terminal. O Terminal Parque Dom Pedro recebe 196 mil passageiros por dia e 58 linhas de ônibus circulam no local.
No Terminal Bandeira, ônibus com passageiros acabaram bloqueados na saída do terminal por veículos posicionados para bloquear a passagem. Neste terminal operam 22 linhas e atendem 120 mil passageiros por dia, segundo a SPTrans.
Nos terminais Sacomã e João Dias, os ônibus também pararam de sair às 10h. Alguns passageiros que não sabiam da paralisação foram surpreendidos com o ato dos motoristas e cobradores.
O sindicato dos motoristas pretende com o ato forçar as empresas a melhorar a proposta. A categoria quer 5% de reajuste mais a inflação corrigida de 10%, além de participação nos lucros de R$ 2 mil e vale-refeição diário de R$ 25. Já o sindicato das empresas ofereceu reajuste de 2,31% nos salários e vale-refeição e quer que a Prefeitura aumente o repasse das tarifas às viações.
Caso não ocorra avanços, os motoristas devem fazer nova paralisação por duas horas na tarde desta quinta-feira (19).
"Nós vamos fazer vários atos, já programado para amanhã (quinta) das 14h às 16h. Claro que a gente espera que até lá aconteça nossa reunião e tenha uma proposta que venha a atender os anseios da categoria. Na sexta-feira nós já temos marcada uma assembleia às 16h e a categoria vai decidir o que vamos fazer a partir da semana que vem", afirmou Valdevan Noventa, presidente do sindicato.
Segundo ele, a paralisação no meio do dia é para chamar a atenção dos responsáveis e não prejudicar tanto os passageiros.
Prefeitura aguarda definição
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, diz que os advogados da SPTrans estão acompanhando as negociações entre motoristas e empresas de ônibus público da capital para que haja acordo o mais rápido possível e não descarta ir à Justiça para manter o serviço funcionando.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, diz que os advogados da SPTrans estão acompanhando as negociações entre motoristas e empresas de ônibus público da capital para que haja acordo o mais rápido possível e não descarta ir à Justiça para manter o serviço funcionando.
"Os advogados da SPTrans estão acompanhando a evolução das tratativas, na esperança que cheguem a um entendimento rapidamente, sem prejudicar o usuário. se o entendimento nosso for de que estão exorbitando o direito de manifestação, nós faremos como fizemos nos anos anteriores, se tivermos que recorrer a justiça, nos vamos recorrer", afirmou.
O prefeito negou atrasos em repasses às empresas e afirmou que casos em que houver desrespeito com o usuário, durante o período de paralisação, serão punidos.
"Em casos específicos, em que houve abuso, vamos notificar a empresa e eventualmente multar", disse.
"Em casos específicos, em que houve abuso, vamos notificar a empresa e eventualmente multar", disse.
Sobre o aumento dos recursos repassados pela prefeitura as empresas que realizam o transporte, Haddad falou que "não é assim que funciona".
Passageiros pegos de surpresa
A aposentada Maria José Freire Marins, de 79 anos, estava dentro do ônibus no terminal Parque Dom Pedro 2, tentando ir para casa, quando teve início a paralisação dos motoristas na manhã desta quarta-feira. "Eu vim no médico. Já estava dentro do ônibus quando mandaram eu voltar porque tinha parado", conta ela.
A passageira disse que foi surpreendida pela paralisação. "Foi só por isso que eu vim. Quando eu soube que ia parar tive que desmarcar a consulta". Para retornar para o Itaim Paulista, na Zona Leste, onde mora, ela terá que esperar o término da paralisação.
Depois de esperar meses para conseguir passar com uma cardiologista no sistema público de saúde, a dona de casa Valdete dos Santos Souza, de 65 anos, não imaginava que ia encontrar tanta dificuldade pra voltar para casa. "Eu não sabia que tava tendo isso, se soubesse não tinha vindo não. Mas tinha marcado uma médica faz seis meses, não podia perder", disse ela.
A passageira que mora em Santo Amaro pegou três ônibus para ir na consulta e não vê outra alternativa para retornar para sua residência. Diabética, ela conta que passa mal se ficar muito tempo sem comer. "Eu não posso comer as coisas assim na rua. Vou ter que esperar. Se eu passar mal quem vai me socorrer ", questiona.
CPTM faz nova proposta
Já os quatro sindicatos que representam os trabalhadores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) participaram de audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) nesta terça-feira (17) com representantes da empresa. A CPTM ofereceu reajuste de 10,44%, índice sugerido pelo TRT. A nova proposta será apresentada à categoria em assembleias que acontecerão no dia 23.
Já os quatro sindicatos que representam os trabalhadores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) participaram de audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) nesta terça-feira (17) com representantes da empresa. A CPTM ofereceu reajuste de 10,44%, índice sugerido pelo TRT. A nova proposta será apresentada à categoria em assembleias que acontecerão no dia 23.
A CPTM começou as negociações com 2,61%, subiu para 5,22% e agora oferece 10,44%.