Obra prevista para 2010, deve ficar pronta apenas em 2020.
Governo diz que as indenizações foram depositadas em juízo.
A Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo foi anunciada em 2008, e as primeiras estações seriam entregues dois anos depois, mas a construção só começou no ano passado, sete anos depois, e a nova promessa é que fique pronta em 2020 - 12 anos depois daquele primeiro anúncio.
Se a obra não parar, serão 16 km de linha subterrânea com 15 estações da Vila Brasilândia, na Zona Norte, até a estação São Joaquim da Linha Azul, no Centro. No caminho, vai passar por Freguesia do Ó, Água Branca, Perdizes, Higienópolis e Bela Vista. O Metrô diz que a viagem inteira vai durar 23 minutos. Hoje a obra está orçada em R$ 10 bilhões. Mas até lá ainda tem muita coisa pela frente. Nem as desapropriações terminaram ainda.
O SPTV faz esta semana uma série de reportagens sobre mobilidade urbana. É o Anda SP, que vau falar das obras do Metrô, corredores e terminais de ônibus que estão atrasadas, paradas ou suspensas na Grande São Paulo.
A reportagem do SPTV visitou o local onde será construída a Estação Brasilândia, na Zona Norte da capital.Três quarteirões vão dar lugar à estação. Quase todas as casas que estão no local já foram esvaziadas e estão cercadas por tapumes. Além da estação Brasilândia, o local vai abrigar um terminal de ônibus.
O dono da casa Edinaldo de Araújo Lima teve cinco meses para arrumar um novo endereço. Mas a data exata da mudança foi avisada quatro dias antes. “Desde 1970 a gente mora aqui, a oficial de justiça chegar e falar: ‘dia 18, 10h da manhã eu venho pegar a chave’. É triste, mas fazer o quê? Com meus 84 anos ter que passar por isso”, diz o senhor Lima.
Ele, a mulher e o filho vão levar a lembrança dos últimos 46 anos. A casa da família foi desapropriada. A dos vizinhos também. Muitas já nem existem mais. O senhor Lima diz que, até o Metrô pagar o valor combinado, ele vai ter que se virar. E isso significa voltar para o aluguel, depois de tanto tempo morando na casa própria.
“Tomei dinheiro emprestado pra pagar aluguel, R$ 1.500 por mês. Eu não sei se nesses 3 meses eu vou receber o dinheiro que eu tenho direito pra pagar o imóvel que eu estou pagando aluguel”, diz.
Estações previstas para a Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo (Foto: Reprodução/Move São Paulo)
Estações previstas para a Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo (Foto: Reprodução/Move São Paulo)
Vizinhos da rua atrás onde ele mora também estão com o futuro incerto por causa da linha Laranha. Dona Solange e o marido chegaram a ter uma mercearia no local. Os filhos moravam ao lado. O terreno tem 400m².
Mas aí veio a desapropriação, ela se mudou pra um apartamento de 50 metros quadrados e cada filho foi pra um lado. Todo mundo começou a pagar aluguel. Isso era pra durar três meses até o metrô pagar o valor que ficou acordado pela casa. Mas passou um ano e até hoje ela não recebeu nenhum centavo.
“Você tem a sua casa, eles tiram você, não dão nada, não resolvem nada. E ainda tive que pagar IPTU no ano passado, sem estar morando na casa.”
O baque na vida da dona Solange dos Reis foi tão grande que até hoje ela não se recuperou dos problemas de saúde que essa mudança forçada provocou.
A Move São Paulo, empresa responsável pela construção da Linha Laranja, disse que dona Solange demorou para procurar orientação sobre o problema do IPTU e que agora ela vai ter que correr atrás da Prefeitura para receber o dinheiro de volta.
Uma rua inteira na Vila Serralheiro está praticamente desocupada. Os moradores começaram a sair do local há um ano. As casas onde moravam estão cobertas por tapumes. Mas tem morador que não saiu. É o caso de Eunice.
“Não temos previsão, porque o metrô ainda não definiu a nossa situação”, afirma. A casa dela ficou isolada, e ela com medo. Em janeiro, em uma única semana, a casa foi invadida cinco vezes.
Imagens de câmeras de segurança gravaram uma invasão na casa ao lado. Pela manhã, dois homens pularam o portão, tentaram abrir a porta e depois fugiram.
"De um ano pra cá a gente está vivendo na insegurança, desde começaram as demolições, os usuários de droga entram nas nossas casas, a gente tem que deixar coisa no quintal pra que eles roubem e não entrem na nossa casa."
O coordenador de parcerias da Secretaria de Transportes Metropolitanos, Celso Jorge Caldeira, disse que todas as indenizações foram depositadas em juízo e que os desapropriados devem levar os documentos ao juiz para pegar o dinheiro.
Caldeira também justificou a demora no início das obras. "Em 2008 o governo começou a discutir a propriedade dessa linha. Só no final de 2012 o estudo do traçado final ficou pronto. Foi o tempo suficiente para elaborar parceria público privada e sair em 2013. Para complementar, este contrato termina em 20 de maio de 2020. O prazo de implantação só será caracterizado como atraso após esse prazo".
Carolina Giancola, Alan Mendes e Philipe Guedes
Da TV Globo, em São Paulo
Governo diz que as indenizações foram depositadas em juízo.
A Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo foi anunciada em 2008, e as primeiras estações seriam entregues dois anos depois, mas a construção só começou no ano passado, sete anos depois, e a nova promessa é que fique pronta em 2020 - 12 anos depois daquele primeiro anúncio.
Se a obra não parar, serão 16 km de linha subterrânea com 15 estações da Vila Brasilândia, na Zona Norte, até a estação São Joaquim da Linha Azul, no Centro. No caminho, vai passar por Freguesia do Ó, Água Branca, Perdizes, Higienópolis e Bela Vista. O Metrô diz que a viagem inteira vai durar 23 minutos. Hoje a obra está orçada em R$ 10 bilhões. Mas até lá ainda tem muita coisa pela frente. Nem as desapropriações terminaram ainda.
O SPTV faz esta semana uma série de reportagens sobre mobilidade urbana. É o Anda SP, que vau falar das obras do Metrô, corredores e terminais de ônibus que estão atrasadas, paradas ou suspensas na Grande São Paulo.
A reportagem do SPTV visitou o local onde será construída a Estação Brasilândia, na Zona Norte da capital.Três quarteirões vão dar lugar à estação. Quase todas as casas que estão no local já foram esvaziadas e estão cercadas por tapumes. Além da estação Brasilândia, o local vai abrigar um terminal de ônibus.
O dono da casa Edinaldo de Araújo Lima teve cinco meses para arrumar um novo endereço. Mas a data exata da mudança foi avisada quatro dias antes. “Desde 1970 a gente mora aqui, a oficial de justiça chegar e falar: ‘dia 18, 10h da manhã eu venho pegar a chave’. É triste, mas fazer o quê? Com meus 84 anos ter que passar por isso”, diz o senhor Lima.
Ele, a mulher e o filho vão levar a lembrança dos últimos 46 anos. A casa da família foi desapropriada. A dos vizinhos também. Muitas já nem existem mais. O senhor Lima diz que, até o Metrô pagar o valor combinado, ele vai ter que se virar. E isso significa voltar para o aluguel, depois de tanto tempo morando na casa própria.
“Tomei dinheiro emprestado pra pagar aluguel, R$ 1.500 por mês. Eu não sei se nesses 3 meses eu vou receber o dinheiro que eu tenho direito pra pagar o imóvel que eu estou pagando aluguel”, diz.
Estações previstas para a Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo (Foto: Reprodução/Move São Paulo)
Estações previstas para a Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo (Foto: Reprodução/Move São Paulo)
Vizinhos da rua atrás onde ele mora também estão com o futuro incerto por causa da linha Laranha. Dona Solange e o marido chegaram a ter uma mercearia no local. Os filhos moravam ao lado. O terreno tem 400m².
Mas aí veio a desapropriação, ela se mudou pra um apartamento de 50 metros quadrados e cada filho foi pra um lado. Todo mundo começou a pagar aluguel. Isso era pra durar três meses até o metrô pagar o valor que ficou acordado pela casa. Mas passou um ano e até hoje ela não recebeu nenhum centavo.
“Você tem a sua casa, eles tiram você, não dão nada, não resolvem nada. E ainda tive que pagar IPTU no ano passado, sem estar morando na casa.”
O baque na vida da dona Solange dos Reis foi tão grande que até hoje ela não se recuperou dos problemas de saúde que essa mudança forçada provocou.
A Move São Paulo, empresa responsável pela construção da Linha Laranja, disse que dona Solange demorou para procurar orientação sobre o problema do IPTU e que agora ela vai ter que correr atrás da Prefeitura para receber o dinheiro de volta.
Uma rua inteira na Vila Serralheiro está praticamente desocupada. Os moradores começaram a sair do local há um ano. As casas onde moravam estão cobertas por tapumes. Mas tem morador que não saiu. É o caso de Eunice.
“Não temos previsão, porque o metrô ainda não definiu a nossa situação”, afirma. A casa dela ficou isolada, e ela com medo. Em janeiro, em uma única semana, a casa foi invadida cinco vezes.
Imagens de câmeras de segurança gravaram uma invasão na casa ao lado. Pela manhã, dois homens pularam o portão, tentaram abrir a porta e depois fugiram.
"De um ano pra cá a gente está vivendo na insegurança, desde começaram as demolições, os usuários de droga entram nas nossas casas, a gente tem que deixar coisa no quintal pra que eles roubem e não entrem na nossa casa."
O coordenador de parcerias da Secretaria de Transportes Metropolitanos, Celso Jorge Caldeira, disse que todas as indenizações foram depositadas em juízo e que os desapropriados devem levar os documentos ao juiz para pegar o dinheiro.
Caldeira também justificou a demora no início das obras. "Em 2008 o governo começou a discutir a propriedade dessa linha. Só no final de 2012 o estudo do traçado final ficou pronto. Foi o tempo suficiente para elaborar parceria público privada e sair em 2013. Para complementar, este contrato termina em 20 de maio de 2020. O prazo de implantação só será caracterizado como atraso após esse prazo".
Carolina Giancola, Alan Mendes e Philipe Guedes
Da TV Globo, em São Paulo