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10 de maio de 2013

Artigo: Amor e ódio com os trens da CPTM

Os usuários diários dos trens da CPTM possuem um certo fascínio, muitas vezes não revelado, sobre sua relação de amor e ódio com esse transporte.

Eu mesma sou apaixonada confessa pelo trenzão nosso de cada dia e acredito que criamos um elo tão forte com o garotão de aço que é como um verdadeiro casamento.

O relacionamento muitas vezes começa com uma simples amizade. Por conta da necessidade de seu uso já que você mora longe do trabalho e ele é o recurso mais barato, você começa a utilizá-lo.

Com isso, aos poucos, você vai pegando a intimidade necessária para se achar o melhor amigo daquele trem, naquele horário, naquela porta, daquele exato vagão.

A amizade se forma e quando alguém atrapalha, entrando em sua frente e roubando o seu cubículo, você já se estressa porque ali é o seu lugar e de mais ninguém.

Quem cultivou essa amizade foi você e já que esse laço está ficando forte e a concorrência também, você decide partir para algo mais sério e parte para o casamento.

A lua de mel começa bem até a primeira queda de energia que paralisa todo o sistema e faz com que você chegue atrasado no serviço. A relação passa por um stress e é difícil recuperar o amor de antigamente.

E logo vem a traição. Se pegava o trem às 6h33 (os horários são todos certinhos, pelo menos no papel), você decide radicalizar: pega um trem fora de horário, começa a boicotar voltando de ônibus, entra em contato com aquele amigo que vai para São Paulo de carro pedindo carona.

Por uns dias, isso dá certo, mas quando você menos percebe, começa a achar defeito nisso tudo, pois o trânsito é infernal, seu amigo não é tão amigo assim e a carona torna-se chata e, por ser educado, nem dá para colocar um fone de ouvido ou ler um livrinho.

E chega à conclusão que o melhor que tem a fazer é retornar para os braços do seu parceiro de todas as horas, pois faça sol ou faça chuva, e nesse caso é melhor que não caia muita água para não alagar os trilhos, ele estará lá te esperando, doido para te levar, mesmo que tenha sempre que te dizer: paramos para aguardar a movimentação do trem à frente.


Andréia Garcia é coordenadora de projetos em ERP e autora do blog www.aviajantedotrem.com.br.



Andréia Garcia,
A Viajante Do Trem

Página: Oficial Diário da CPTM

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