Fim da função é uma proposta da gestão Doria, que já defendeu o aproveitamento dos funcionários em outros cargos nas empresas.
O sindicato de motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo, Sindmotoristas, afirma que a extinção da função de cobradores na capital vai facilitar a ocorrência de abusos sexuais contra mulheres dentro dos coletivos como os ocorridos na última semana.
O fim da função é pretendido pela gestão João Doria (PSDB), que já afirmou em diversas oportunidades que pretende acabar com os cobradores nos ônibus e garantir o aproveitamento dos funcionários em outras funções dentro das viações.
Atualmente, a cidade tem 18 mil cobradores e 30 mil motoristas de coletivos.
Segundo o presidente do Sindmotoristas, Valdevan Noventa, um ônibus sem cobrador é o mesmo que uma “casa sem dono”. “É como uma casa abandonada. Todo mundo vai usufruir, abusar e abusar como pretender”, afirma. “Tem gente que entra no ônibus só pra fazer isso e vai se sentir mais confortável”, diz.
Noventa afirma que o motorista tem de se preocupar com o trânsito e os passageiros nos pontos, e que o cobrador é quem dá uma assistência maior aos passageiros.
No caso de assédio da última terça-feira (29), na Avenida Paulista, em que uma passageira acusou o ajudante de serviços Diego Novais de ejacular em seu pescoço, foi o cobrador que percebeu o tumulto no coletivo e pediu ao motorista que não abrisse a porta para que fosse chamada a polícia.
O presidente do sindicato afirma que esse tipo de ação por parte do cobrador é comum e que ele mesmo, quando atuou na função nos anos 90, teve de lidar com casos de assédio. “A gente colocava pra fora do ônibus quem fizesse isso. Ainda não tinha essa cultura de chamar a polícia”, conta.
Impasse
A categoria de cobradores ainda não sabe qual será seu futuro. Em junho, o Tribunal de Justiça de São Paulo considerou inconstitucional uma lei de 2001 que obrigava os ônibus do serviço municipal de transporte de São Paulo a ter cobradores.
Ao apontar a inconstitucionalidade da lei aprovada na gestão Marta Suplicy, o Tribunal de Justiça acatou argumentos feitos pela administração municipal na gestão Fernando Haddad (PT). A gestão anterior defendeu que a lei atentava contra o princípio da separação dos poderes. A lei teria, então, invadido a esfera administrativa e só poderia ter sido iniciativa do Executivo.
De acordo com Doria, a prefeitura gasta mais de R$ 300 milhões por ano com o serviço de cobrador, sendo que apenas 6% dos usuários de ônibus da capital pagam a tarifa com dinheiro. Os 94% restantes utilizam o Bilhete Único, que não exige a presença de um profissional nas catracas.
"Não há por que você gerar uma demanda por 6%. E isso vem caindo. Mês a mês vem tendo frações de queda. Isso não é moderno. Isso não é eficiente. Nós precisamos remunerar efetivamente quem trabalha", disse o prefeito em entrevista concedida na sede da Prefeitura, em abril.
A SPTrans afirma que a presença de cobradores nas linhas não é objeto da licitação de ônibus. A empresa afirma que realiza campanhas preventivas e oferece treinamentos contra qualquer ato de violência.
"No caso de ocorrências no interior dos ônibus, a SPTrans orienta os passageiros a comunicar o fato imediatamente ao operador do veículo. Assim, os motoristas conduzem o ônibus até a delegacia de polícia mais próxima para que a vítima registre um boletim de ocorrência e, também, receba amparo das autoridades policiais que tomarão as providências necessárias".
Para intensificar o combate a esta prática, a SPTrans aderiu no último dia 29 da campanha “Juntos Podemos Parar o Abuso Sexual nos Transportes”. A ação busca uma mudança de cultura que estimule vítimas de abuso sexual nos transportes e que presenciam algum caso a denunciarem os agressores, e consequentemente, iniba futuros atos criminosos.
G1
O sindicato de motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo, Sindmotoristas, afirma que a extinção da função de cobradores na capital vai facilitar a ocorrência de abusos sexuais contra mulheres dentro dos coletivos como os ocorridos na última semana.
O fim da função é pretendido pela gestão João Doria (PSDB), que já afirmou em diversas oportunidades que pretende acabar com os cobradores nos ônibus e garantir o aproveitamento dos funcionários em outras funções dentro das viações.
Atualmente, a cidade tem 18 mil cobradores e 30 mil motoristas de coletivos.
Segundo o presidente do Sindmotoristas, Valdevan Noventa, um ônibus sem cobrador é o mesmo que uma “casa sem dono”. “É como uma casa abandonada. Todo mundo vai usufruir, abusar e abusar como pretender”, afirma. “Tem gente que entra no ônibus só pra fazer isso e vai se sentir mais confortável”, diz.
Noventa afirma que o motorista tem de se preocupar com o trânsito e os passageiros nos pontos, e que o cobrador é quem dá uma assistência maior aos passageiros.
No caso de assédio da última terça-feira (29), na Avenida Paulista, em que uma passageira acusou o ajudante de serviços Diego Novais de ejacular em seu pescoço, foi o cobrador que percebeu o tumulto no coletivo e pediu ao motorista que não abrisse a porta para que fosse chamada a polícia.
O presidente do sindicato afirma que esse tipo de ação por parte do cobrador é comum e que ele mesmo, quando atuou na função nos anos 90, teve de lidar com casos de assédio. “A gente colocava pra fora do ônibus quem fizesse isso. Ainda não tinha essa cultura de chamar a polícia”, conta.
Impasse
A categoria de cobradores ainda não sabe qual será seu futuro. Em junho, o Tribunal de Justiça de São Paulo considerou inconstitucional uma lei de 2001 que obrigava os ônibus do serviço municipal de transporte de São Paulo a ter cobradores.
Ao apontar a inconstitucionalidade da lei aprovada na gestão Marta Suplicy, o Tribunal de Justiça acatou argumentos feitos pela administração municipal na gestão Fernando Haddad (PT). A gestão anterior defendeu que a lei atentava contra o princípio da separação dos poderes. A lei teria, então, invadido a esfera administrativa e só poderia ter sido iniciativa do Executivo.
De acordo com Doria, a prefeitura gasta mais de R$ 300 milhões por ano com o serviço de cobrador, sendo que apenas 6% dos usuários de ônibus da capital pagam a tarifa com dinheiro. Os 94% restantes utilizam o Bilhete Único, que não exige a presença de um profissional nas catracas.
"Não há por que você gerar uma demanda por 6%. E isso vem caindo. Mês a mês vem tendo frações de queda. Isso não é moderno. Isso não é eficiente. Nós precisamos remunerar efetivamente quem trabalha", disse o prefeito em entrevista concedida na sede da Prefeitura, em abril.
A SPTrans afirma que a presença de cobradores nas linhas não é objeto da licitação de ônibus. A empresa afirma que realiza campanhas preventivas e oferece treinamentos contra qualquer ato de violência.
"No caso de ocorrências no interior dos ônibus, a SPTrans orienta os passageiros a comunicar o fato imediatamente ao operador do veículo. Assim, os motoristas conduzem o ônibus até a delegacia de polícia mais próxima para que a vítima registre um boletim de ocorrência e, também, receba amparo das autoridades policiais que tomarão as providências necessárias".
Para intensificar o combate a esta prática, a SPTrans aderiu no último dia 29 da campanha “Juntos Podemos Parar o Abuso Sexual nos Transportes”. A ação busca uma mudança de cultura que estimule vítimas de abuso sexual nos transportes e que presenciam algum caso a denunciarem os agressores, e consequentemente, iniba futuros atos criminosos.
G1