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14 de abril de 2013

A primeira visita ao monotrilho da zona leste

Está para nascer o caçulinha dos trens de São Paulo. E a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo foi acompanhar os momentos finais dessa gestação. O primeiro monotrilho da Linha 15-Prata do Metrô, em construção em uma fábrica no interior, começa a ganhar as feições de uma máquina capaz de carregar até mil pessoas por viagem, metade de uma composição metroviária convencional. Seu desafio é grande: atender a uma das áreas mais carentes de transporte público de qualidade da capital: a zona leste.

Sons de rebites, marteladas e ajustes dominavam a linha de montagem instalada em Hortolândia, a 105 quilômetros de São Paulo, na manhã de sexta-feira (12). Os operários trabalhavam vigorosamente nos sete vagões do trem que vai inaugurar a "era" dos monotrilhos na capital. Cada uma dessas partes se encontrava em um estágio de desenvolvimento. A mais avançada, uma das pontas da composição, já tem acabamento na parede interna e janelas instaladas.

Aliás, as janelas têm 1,2 metro de altura, são consideravelmente maiores do que as dos trens que rodam nas linhas da Companhia do Metropolitano de São Paulo e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Quando o monotrilho estiver suspenso nas vigas por onde andará, a quase 15 metros do chão, elas proporcionarão vistas contundentes de São Mateus, Parque São Lucas e Vila Prudente.

Mas se o caçulinha ganha na amplidão de suas janelas, perde de seus irmãos maiores no quesito número de portas por vagão. São só duas por lado, ante quatro dos velhos trens. Outro aspecto que chama a atenção é que, diferentemente desses, o monotrilho tem portas que deslizam pelo lado de fora da lataria. A medida é para ganhar espaço, deixando a "carapaça" mais fina, explica o engenheiro Manuel Fernandes Gonçalves, gerente de produção da fabricante Bombardier.

De acordo com ele, esse primeiro monotrilho deve ficar pronto em julho. Logo em seguida os vagões serão levados em caminhões para o pátio da Linha 15 na região do Oratório, zona leste, para início dos testes. Neste ano, a previsão é de que cinco trens sejam entregues ao Metrô. Os outros 49 sairão escalonadamente da fábrica até 2016, quando todos os trechos da Linha 15 deverão estar concluídos.

Será ele capaz? O modal não é exatamente inédito por aqui - já houve um pequeno monotrilho em Poços de Caldas (MG), mais para funções turísticas -, mas nunca foi submetido ao teste de fogo do cotidiano de uma cidade como São Paulo. Por isso, os especialistas são cautelosos em prever sua eficácia. Outro ramal de monotrilho está em construção na cidade, a Linha 17-Ouro, na zona sul, que abre em 2015. Outro está previsto para o ABC. Os trens da Linha 15 terão 90 metros de comprimento, ante 132 do Metrô e 170 da CPTM.

O consultor Horácio Augusto Figueira, mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), pondera que a Linha 15, que cortará a zona leste radialmente, pode acabar sofrendo do mesmo problema pendular que acomete a sobrecarregada Linha 3-Vermelha, com uma demanda muito grande no sentido centro durante o horário de pico matinal. E vice-versa à tarde. "Mas, em tese, o monotrilho terá uma capacidade maior do que um corredor de ônibus."

Para Luiz Carlos Mantovani Néspoli, superintendente da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), a tendência é que com a expansão da rede metroviária, a possível superlotação do monotrilho diminua. Por hora e sentido, os trens da Linha 15 transportarão até 48 mil passageiros, segundo o Metrô. Assim como na Linha 4-Amarela, as composições não terão condutores. O Metrô não divulgou quanto está gastando por trem.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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