ESTAMOS EM MANUTENÇÃO

23 de dezembro de 2013

Mesmo com faixas, motoristas não trocam carros por ônibus

Passageiro aguarda ônibus na avenida 23 de Maio, no Paraíso, na zona sul de SP; número de passageiros ficou igual durante 2013
Apesar da prioridade ao transporte público ter se tornado a principal bandeira do prefeito Fernando Haddad (PT) em seu primeiro ano de mandato, os ônibus ainda não atraíram os usuários de outras modalidades.

O número de passageiros transportados no sistema municipal de janeiro a novembro foi de 2,7 bilhões, praticamente igual ao registrado no mesmo período do ano passado -queda de 0,02%.

Ao mesmo tempo, a frota de veículos registrados cresceu 3% e a média de congestionamento aumentou 8%.


Já o Metrô, que não teve nenhuma nova linha, viu a média de passageiros subir 4%.

A gestão Haddad avalia que as medidas surtirão efeito em 2014, mas já vê sinais de melhora nos últimos meses.

Considerando apenas o período de julho a novembro, o número de passageiros transportados cresceu 0,7%.

Segundo o secretário de Transportes, Jilmar Tatto, em dezembro houve um aumento de 20 mil usuários pagantes por dia útil, em média.

"Começou a virar em outubro. Tem dois eventos aí, que é a aceleração das faixas e a mudança na zona leste, com a melhoria da operação", afirma Adauto Farias, diretor de gestão da SPTrans.

A primeira faixa de ônibus da gestão foi implantada em fevereiro, mas a maior parte dos 291 km de pistas exclusivas -85%- surgiu depois dos protestos de junho.

Já as mudanças na zona leste ocorreram após o descredenciamento da viação Itaquera Brasil, que tinha a pior avaliação de qualidade de todo o sistema.

MEDIDAS

Com a popularidade em baixa, Haddad elegeu ações na área de transporte como prioritárias para 2014.

A prefeitura pretende começar mais obras de corredores de ônibus, incentivar o uso do Bilhete Único Mensal e implantar uma outra modalidade com opção semanal.

A escolha, por um lado, é uma resposta à demanda das manifestações de junho, responsáveis pela queda em sua avaliação - pesquisa Datafolha mostra que o prefeito tem apenas 18%
de aprovação entre os paulistanos, mesmo índice de depois dos protestos contra o aumento da tarifa.

Os índices de reprovação -39% acham o governo ruim ou péssimo- se devem também ao reajuste no IPTU, que foi barrado na Justiça.

Por outro lado, Haddad tenta criar uma marca forte para quando houver atingido a metade do mandato.

As faixas de ônibus têm aprovação de 88% da população, segundo pesquisa do Datafolha, e de 77% dos usuários de automóveis.

Para especialistas, também foi uma decisão acertada. "O tempo de viagem se reduz e os veículos aumentam a produtividade, ou seja, fazem mais viagens. Com isso, diminui o tempo de espera nos pontos e a lotação dos veículos, e os custos com a frota podem cair", afirma Orlando Strambi, professor de transportes da Poli-USP.

O urbanista Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do Paraná, que implantou corredores nas vias curitibanas e enfrentou resistência popular, avalia que com as faixas "São Paulo deu grande passo".

"Agora, é necessário um novo salto de qualidade na operação, para que a população tenha confiança no transporte. Ninguém muda para uma coisa que não acha melhor", avalia.

Fonte: Folha

Página: Oficial Diário da CPTM

Twitter @diariodacptm