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22 de fevereiro de 2012

Linha só para trens de passageiro


O secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, atribui parte dos problemas da Linha 11-Coral, no trecho entre Mogi das Cruzes e Guaianazes, ao compartilhamento dos trilhos pelos trens de passageiros e de carga. Ele afirmou que a passagem dos cargueiros provoca desvios na linha, responsáveis pela trepidação e o forte barulho com que os passageiros mogianos são obrigados a conviver. Ele também avalia que os vãos existentes entre as composições e as plataformas de embarque se devem às operações compartilhadas, já que há diferenças na largura dos vagões. Porém, Fernandes foi taxativo: em breve esse convívio se tornará insuportável e deverá ter um fim até 2015, prazo estipulado pelo Governo Federal para entrega do ferroanel.

Jurandir Fernandes concedeu entrevista a O Diário na última semana, pouco antes da reunião do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de São Paulo, realizada no dia 14, na Sala São Paulo, no Centro da Capital. Ele falou sobre os problemas envolvendo o compartilhamento do transporte de cargas e de passageiros, após ser questionado pela reportagem sobre as enormes diferenças existentes entre a Linha 11 e o restante do sistema da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), verificadas por vereadores mogianos durante recente e longa viagem pelos trilhos.

O secretário não negou o problema, mas pediu o reconhecimento dos investimentos e avanços já realizados até o momento. Fernandes declarou que não compreende "o conceito" de que Mogi das Cruzes recebe tratamento inferior ao dado pelo Estado ao restante das linhas e ainda procurou destacar que a CPTM continuará investindo na região para que não haja mais diferenças. Ele descartou para breve uma possível ampliação de viagens dos trens espanhóis no trecho local dos trilhos, mas afirmou que Mogi "está na ordem do dia" e que "o futuro vai ser o Expresso".


Como pode ser verificado abaixo, na íntegra da entrevista, Jurandir Fernandes ainda falou sobre a reforma das estações, eliminação das cancelas e integração do transporte municipal com os trens da CPTM.



Os vereadores de Mogi fizeram uma viagem pelas linhas 11-Coral e 9-Esmeralda, e encontraram diferenças gritantes na qualidade e conforto entre as viagens. Eles cobraram igualdade no serviço.


Eu li tudo e eu acho que eles têm razão. Uma das coisas que afetam a região leste é a passagem da carga. O gabarito das estações tem de ficar de acordo com a carga e é uma coisa que tem de acabar. A estação fica mais larga por causa da carga e depois o passageiro sofre. A carga passa com 40 toneladas por eixo e desvia a nossa linha, o que causa um grande transtorno. Então essa nossa briga, no bom sentido, está avançando muito com o ferroanel. Nós temos de tirar a carga e transferir isso tudo para fora de São Paulo. Então, o ferroanel é mais do que imperativo. E o prazo que o Governo Federal está dando, a ele mesmo, é 2015. Nós dissemos que a partir de 2015, o convívio será insuportável. Então, nós entendemos tudo (as queixas locais sobre a diferença das linhas) e estamos investindo para isso. Nós estamos chegando a Suzano, estamos avançando mais 12 quilômetros e teremos uma série de avanços. Nosso ímpeto agora é correr até Suzano. Agora, existe um conceito que eu não sei por que se bate nessa coisa. Dizem que Mogi paga o mesmo preço e é mal tratada. 

Não é isso. Tudo vem vindo, à medida do possível. Nós estamos alastrando essa melhoria. Agora eu acho que há que se ver se houve ou não houve melhoria. Não sei se vocês percebem se houve ou não. Mas as pesquisas sempre têm nos indicado que a população reconhece o esforço. E eu espero que vocês vejam a diferença que vai ser, quando tiver em Suzano, que será enorme. A questão de Mogi está na ordem do dia. Estamos com reforma de estações. Esse projeto já é para receber essa modalidade nova, o Expresso Leste. Não haverá mais necessidade de ter um trem diferenciado de Mogi para cá. O futuro vai ser um trem só. O futuro vai ser o Expresso. Isso está definido. Agora, é de pouquinho em pouquinho que se vai avançando.



E o atraso nas obras de Suzano pode prejudicar a vinda o Expresso Leste para Mogi das Cruzes?

Não, o que vai atrasar é para Suzano. Mas, atrasa um fato que é fundamental. O Expresso Leste passando até Suzano, a população de Mogi já vai se sentir bastante beneficiada. Vocês vão fazer a transferência em Suzano e não em Guaianazes. O problema de Guaianazes é que ela recebe todo o fluxo da Zona Leste e, então, é lógico que o morador de Mogi disputa um espaço em Guaianazes muito forte. Então isso já vai melhorar muito com o fim das obras em Suzano.

Então o senhor mantém o prazo do Expresso Leste em Mogi até 2014?


Mantenho. Mantenho o prazo porque independe. A questão de Suzano não causará interferências em Mogi.


Existia a possibilidade de aumento do número de viagens do Expresso até Mogi. Atualmente são 24 partidas. Há previsão para ampliação?


Não, não tem. Aí sim seria bom que a estação de Suzano já estivesse pronta porque poderíamos fazer o looping entre Suzano e Mogi. Agora, uma opção também que está se criando, através de Suzano, para os moradores de Mogi, é que eles poderão também usar a Linha 12, que vai até a USP Leste. Essa será mais uma vantagem. Então, Suzano é muito importante para nós todos.


E há estudos para a possível extensão da Linha 12 também até Mogi no futuro?

Não. Vamos por partes. Se tivermos o Expresso em Mogi não haverá problemas em descer em Suzano para fazer a transferência. As estações de Mogi não vão comportar várias linhas diferentes. Suzano é uma estação tronco. A estação de Mogi é terminal, é o fim da linha. Agora, o que vai acontecer com Mogi é que ela vai poder ser no futuro uma estação muito importante para receber o trem regional, que nós vamos levar para o Vale do Paraíba. Ainda não há definições a esse respeito porque estamos dependendo da instalação do Trem de Alta Velocidade. O TAV vai fazer a ligação com São Paulo, mas poderemos ter algumas ligações locais como, por exemplo, Mogi com Jacareí. E nós vamos avançando. E aí Mogi vai ser um forte pólo de entroncamento do Vale do Paraíba. Agora, isso é uma situação bem distante, para o futuro. Mas, estou dizendo isso para mostrar que não há vantagem em se levar a Linha 12 para Mogi.

E com relação às estações mogianas? Já foram lançados editais para os projetos para a Estudantes e a Mogi das Cruzes. E as outras duas?


Sim, em Mogi são quatro estações. Todas as 98 estações da CPTM serão totalmente alteradas até em razão da questão da acessibilidade que vocês já conhecem. Todas terão elevadores, escadas rolantes, piso podotátil, sanitários adaptados, enfim, tudo. Mogi será contemplada inicialmente com duas estações e depois as outras duas, que são Jundiapeba e Braz Cubas.


Para Braz Cubas existe a possibilidade de integração da estação com um empreendimento privado, que seria um shopping. O senhor conhece essa proposta?

Conheço. Todo empreendedor privado tem a liberalidade de apresentar projetos e a gente analisa. Então, nós lançamos um desafio para todo o setor privado: para quem quer fazer projetos nas nossas estações, está em aberto. Apareceram alguns interesses na região de Mogi, assim como em outras regiões de São Paulo. Agora, eu tenho achado o setor privado muito lento. Ele demora para apresentar o projeto, fica temeroso e querendo fazer muita pesquisa, muito levantamento de dados. Eu achava que o setor privado fosse ser um pouco mais agressivo. Na questão de shoppings, por exemplo, eles ficam muito preocupados com a geografia, onde vai abrir outros shoppings, se vai haver disputas. Mas, o que nós temos apontado para eles é que o shopping Itaquera ninguém queria fazer. Está a prova concreta lá que dá resultado. Então, na região de Mogi, por exemplo, é obvio que vai dar certo porque muitas pessoas da Cidade vão fazer compras em Itaquera, assim como de Ferraz, Poá e Suzano. O pessoal vai indo cada vez mais para Itaquera, então ali vai dar resultado também. Isso nós estamos apontando. Mas, ainda não recebemos uma proposta concreta. Assim que aparecer um empresário, nós seremos os primeiros a dizer sim. Se isso acontecer, qual é a nossa obrigação? Tem um decreto que fala sobre isso e nós temos de abrir dez dias para que apareçam outros interessados, porque não podemos oferecer para um só. Então, se aparecerem outros candidatos nós pedimos a eles que apresentem uma proposta em 120 dias. Mas, em Braz Cubas, não apareceu ainda alguém que efetivasse uma proposta concreta para que pudéssemos abrir para os outros. Foram apenas conversas.

E como está a questão da integração dos trens com o transporte público municipal?


Já existem dez cidades da Região Metropolitana que têm convênios bilaterais. E cada caso tem de ser analisado isoladamente. Mogi pode começar a discutir com a CPTM porque é Mogi que cuida do transporte local. Os ônibus municipais e a CPTM podem discutir um acordo, como já existe nas outras dez cidades. E aí trata-se de algum pequeno desconto de cada lado. Porque o prefeito também não pode dar muito desconto porque não tem capacidade orçamentária para cobrir. E a CPTM não pode também dar muito desconto porque ela não vai ter capacidade para cobrir os 39 municípios. Geralmente, o que tem acontecido é que cada um dá 10% de desconto. Então se há uma passagem de R$ 3,00 de cada lado, com a integração você paga R$ 5,40 ou R$ 5,20 ou R$ 5,00. Há um pequeno desconto. Isso já tem acontecido no eixo Oeste. No Alto Tietê não tem nenhum município já praticando.


E a eliminação das passagens em nível de Mogi?


Essa é outra questão que nós defendemos muito junto a Mogi. Essa é uma luta que a CPTM está encarando também. Nós vamos ajudar, nós vamos pleitear junto ao Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). Porque é vantajoso para a Cidade. Mogi vai enriquecer muito acabando com aquelas passagens em nível. E também nossa preocupação é com o horário dos trens, cada vez mais a frequência vai aumentando. Então, vai chegar uma hora em que Mogi vai ficar estrangulada, se não tiver as passagens em nível eliminadas.


Então o Estado é parceiro de Mogi na luta pela eliminação das cancelas?

Nem diga. Isso eu estou sonhando há muitos anos. É que nós não temos realmente o volume orçamentário para fazer tudo. Comprar trens e reformar as estações têm sido nossas prioridades. Nós estamos comprando muitos trens e 38 estações já estão prontas. Agora está chegando a hora de Mogi. Se pudéssemos fazer os viadutos faríamos também e já teríamos feito.

Fonte: Diário de Mogi