Foto: Ricardo Guimarães |
O Metrô de São Paulo vai apresentar ao Ministério Público Estadual (MPE) nesta quinta-feira, 31, sua proposta definitiva para criar um caminho alternativo para a ciclovia do Rio Pinheiros, que terá que ser fechada por dois anos para as obras da Linha 17-Ouro, um monotrilho. A empresa pretende instalar, na margem oposta do rio, uma via para o deslocamento das bikes durante a construção do ramal. Para isso, duas pontes -- a João Dias e a Cidade Jardim, na zona sul -- serão usadas com o objetivo de permitir o acesso dos ciclistas ao outro lado do canal.
Segundo informações do presidente do Metrô, Luiz Antonio Carvalho Pacheco, serão criados 6,5 km de ciclovia na margem oeste do Pinheiros. Ele disse que havia algumas alternativas estudadas para que a travessia dos ciclistas fosse feita sobre o rio. Uma delas previa até a construção de uma ponte flutuante, medida que não é a que mais agrada ao Metrô. Contudo, só o MPE poderá decidir se aceita ou não a recomendação da empresa.
No início deste mês, diversos cicloativistas se mobilizaram para forçar o Metrô a oferecer alternativas de traçado durante a interrupção para as obras da Linha 17. A decisão inicial do governo do Estado de fechar a via sem opções foi encarada como polêmica por quem utiliza a ciclovia para lazer ou trabalho.
"A nossa preferência é usar a Ponte João Dias e fazer a subida na Ponte Cidade Jardim. Faríamos o acesso dos dois lados da ponte, já que aquelas passarelas (de pedestres sobre a ponte) são mais estreitas", afirmou Pacheco ao Estado. Ele ainda disse que a nova ciclovia, do lado oposto do rio, "ficará como legado" depois que as obras do lado atual terminarem.
Na manhã desta quarta-feira, 30, técnicos do Metrô se reuniram com cicloativistas para debater a alternativa de usar as Pontes Cidade Jardim e João Dias para a travessia das bikes. Ficou acertado, de acordo com a cicloativista Renata Falzoni, que participou das discussões, que essa é a proposta que o Metrô defenderá no MPE, e não mais a de se fazer uma ponte flutuante.
"E até que as obras para garantir essa travessia pelas pontes para o outro lado do rio sejam concluídas, eles vão oferecer vans para levarem os ciclistas de um ponto interrompido da ciclovia até o outro", disse Falzoni. "Tem muita gente que usa essa ciclovia para ir trabalhar, não a lazer. Essa demanda tem que ser atendida enquanto houver interrupção total do trecho."
Ainda segundo ela, o Metrô falou em usar um asfalto "especial" para construir a ciclovia no lado oeste do Pinheiros. "Um que não seja danificado caso tenha que passar veículos ali."
Prazo. O presidente Pacheco revelou que as obras para permitir a travessia e a construção da nova ciclovia começam "imediatamente" depois da decisão do MPE. "É a própria construtora (do monotrilho) que vai fazer." Os trâmites após a aprovação devem levar cerca de uma semana. Ele não divulgou a previsão de gastos.
A cicloativista Renata Falzoni afirmou que os técnicos do Metrô informaram que a conversão da margem oeste do Rio Pinheiros em ciclovia pode levar dois meses. "Mas tudo vai depender das chuvas, que podem atrasar o cronograma."
O promotor de Habitação e Urbanismo Mauricio Antonio Ribeiro Lopes é o responsável por avaliar a proposta do Metrô. Ele oficiou a empresa a oferecer alternativas após o anúncio do fechamento da ciclovia, no fim de setembro.
Fonte: Estadão
Caio do Valle - O Estado de S. Paulo