Por Ivan Ventura
Segundo informações da empresa, cada unidade do monotrilho paulistano terá quatro pneus.
A primeira composição do monotrilho de São Paulo está em produção na fábrica da franco-canadense Bombardier, instalada em Hortolândia, região de Campinas. - Newton Santos/Hype
Mais do que um novo modelo de transporte público em São Paulo, o monotrilho do consórcio Expresso Leste (Linha 15-Prata, do Metrô) será o ponto de partida para uma profissão até hoje impensável na lista de funcionários responsáveis pela manutenção de uma composição.
Com o início da operação do novo sistema, previsto para início de 2013, a Companhia do Metrô passará usar indispensáveis serviços de um... borracheiro.
Esse profissional será responsável pela manutenção dos pneus que conduzirão o monotrilho ou Veículo Leve sobre Trilho (VLT) de 86 metros de comprimento pelos pilares do Expresso Leste, do Metrô, o primeiro do gênero no mundo para a alta capacidade (acima de 40 mil passageiros/hora).
Modelo - A necessidade de borracheiros para cuidar do monotrilho de São Paulo foi revelada na quinta-feira, na Bombardier, empresa franco-canadense responsável pela fabricação do monotrilho. Instalada em Hortolândia (a 115 km da Capital, na região de Campinas), essa unidade será a responsável mundial por monotrilhos que poderão correr o mundo a partir do modelo paulistano.
Segundo informações da empresa, cada unidade do monotrilho paulistano terá quatro pneus. Segundo o Manuel Gonçalves, gerente geral da Bombardier em Hortolândia, os pneus do monotrilho serão fornecidos pela multinacional Michelin e se assemelham aos usados pelos caminhões.
"É muito parecido com o modelo dos caminhões. A diferença é que eles não serão submetidos às ruas ou avenidas esburacadas, mas circularão por vias lisas e com pouco atrito", disse Gonçalves.
Peso - Segundo Gonçalves, o maior teste dos pneus será suportar o peso do grande número de passageiros que passarão pelo sistema. Pelas contas do Metrô, cada composição poderá transportar até mil pessoas, sendo 48 mil por hora/sentido - aproximadamente um milhão de pessoas por dia.
Além dos passageiros, os pneus também deverão suportar a "leve" composição do monotrilho, que pesará pouco mais de 15 toneladas e será movido a eletricidade. Estima-se que o peso do VLT seja 50% mais leve do que uma composição de metrô convencional, por utilizar alumínio vindo da China em vez de outros metais mais pesados. Além disso, composições do metrô, que podem operar sob o solo, são maiores que as do VLT.
Mesmo assim, o peso do monotrilho é grande e só um borracheiro para cuidar da manutenção preventiva dos pneus. "Pela primeira vez, o Metrô terá um borracheiro para fazer a manutenção de um equipamento", brincou Gonçalves.
Garantias - Mas e se, por acaso, estourar um pneu durante uma viagem? O sistema vai parar para que os passageiros possam descer? A Bombardier descartou qualquer risco de paralisação do sistema, caso haja o estouro de pneus durante o transporte de passageiros. "Há uma tecnologia que compensa o esvaziamento de um pneu e permite que a composição siga até a próxima estação", afirmou. Para o diretor de comunicação da Bombardier, Luís Ramos, o risco de acidente no sistema monotrilho, incluindo os pneus, está descartado.
Preto e branco - Segundo a empresa, o primeiro carro do monotrilho paulistano deve ficar pronto até o fim do ano, sendo que a composição completa será entregue no início de 2013. Basicamente, as composições do monotrilho serão pintadas de preto e branco, com alguns detalhes que só serão revelados na próxima terça-feira. "O carro foi escolhido a partir de um concurso promovido pelo Metrô e será uma surpresa", disse Ramos.
Etapas - A operação do monotrilho de São Paulo vai obedecer a um cronograma com três etapas. A primeira, prevista para 2013, vai ligar Vila Prudente à estação Oratório, com 2,9 km. A segunda etapa, em 2014, ligará a estação Oratório a São Mateus, com 10 km. Finalmente, em 2016, o monotrilho deverá chegar a Cidade Tiradentes, com mais 11 km de trilhos.
Fonte: Diário do Comércio