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4 de junho de 2012

Repórter flagra desafio e transtorno de usuários do trem de São Paulo

Rodrigo Alvarez e Wilson Araújo acompanharam o sufoco pelo que milhares de pessoas passam todos os dias nos trêns de SP. Durante a viagem, teve gente passando mal, briga e uma mulher caiu no vão.

O Bom Dia Brasil começa nesta segunda-feira (4) a apresentar reportagens especiais sobre o transporte público. Ir e voltar do trabalho têm sido um sacrifício diário para milhões de brasileiros. E nós vamos tratar do assunto durante toda a semana.

Correria, empurra-empurra e brigas são cenas de um dia normal de quem pega trem todos os dias. Foi o que constataram, em São Paulo, os repórteres Rodrigo Alvarez e Wilson Araújo. Eles embarcam em uma das estações de trem mais movimentadas do país.

Quando o sol vai baixando, às 17, mais ou menos, a famosa Estação da Luz exibe, na superfície, uma calma que não tem nada a ver com o jeito como o jeito como ela ferve no subsolo. Até o fim do dia, vão ser quase 150 mil pessoas, mais do que dois estádios do Morumbi lotados em final de campeonato, mas é só um dia comum. A maré humana acelera, com pressa de chegar em casa.

Na escada rolante, um homem sobe praticamente de costas, lutando para não cair. Na plataforma, o trem que chega vazio é a grande chance de se conseguir um bom lugar. E bom lugar lá dentro, só se for sentado. Muita gente que dança na corrida das cadeiras acaba voltando à plataforma para tentar de novo.

Uma mulher se segura para não ser empurrada para o trem. Um rapaz trava a porta e atrapalha todo mundo, porque vai esperar o próximo trem. “Se tiver lugar, eu entro. Se tiver em pé, eu não entro. Eu espero o próximo”, diz uma senhora.

Diariamente, mãos apressadas e até irritadas ignoram os avisos e forçam a porta, abrindo caminho para uma disparada rumo aos lugares vazios, até que acontece o primeiro atropelamento da noite. Uma mulher passa mal no tumulto, e o marido grita por ajuda. O trem vai atrasar. Quando o funcionário chega, a mulher despenca mais uma vez sem forças.

Nós começamos a entender que na Estação da Luz é cada um por si, todos contra todos. A expressão no rosto de alguns passageiros revela que mais um acidente aconteceu. São 43 segundos lutando contra a maré, até que Cleidiane consegue se desvencilhar do tumulto e sai mancando, apoiada em um funcionário da Companhia de Trens. A canela dói muito e ela chora. “Enquanto eu estava meio no chão, eles pisaram em cima”, revela.

Logo em seguida, na penumbra da Estação da Luz, funcionários atendem outra passageira. Ela machucou a perna direita na entrada do trem e agora precisa de cadeira de rodas.

O alto-falante mostra que a Companhia de Paulistana de Trens tem plena consciência do barril de pólvora que administra. Na ânsia de chegar logo em casa, tem briga na estação.

Para aliviar a superlotação, especialistas dizem que São Paulo precisaria aumentar os trilhos do metrô em 130 quilômetros e diminuir o intervalo entre os trens. Mas, na Estação da Luz, parece haver uma defasagem entre o que foi previsto pelos arquitetos e a necessidade atual da população.

A distância entre o trem e a plataforma nela é de 30 centímetros. Passageiros contam que, frequentemente, alguém cai aqui dentro. “Ou você entra ou você cai no buraco. Você escolhe”, comenta um homem.
Do lado de fora, uma moça é engolida pelo vão. Ela só não cai de vez no fosso, porque fica presa pela perna direita e também porque recebe ajuda.

A viagem é longa. E tudo isso foi só a primeira estação. Na estação seguinte, na Estação Brás, nós vemos do alto e depois, bem de perto, mais uma série de situações tensas na plataforma. Mas é no trem para Guaianazes que a situação se complica. Ele já chegou lotado à estação mais lotada da maior cidade brasileira.

O repórter Rodrigo Alvarez fica completamente prensado. Ele é empurrado, quer queira ou não queira.

A viagem segue no aperto até que, na estação seguinte, desembarcam três pessoas, e entra um batalhão.
Já passa das 20h. O trem cumpriu mais um dia de rotina superlotada. E no dia seguinte, tem tudo de novo.

G1

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