Projeto, que ainda não tem data para ser implantado, deve ter início na represa Billings
A vida de quem mora na zona sul de São Paulo, em bairros como Grajaú, Cidade Ademar e Parelheiros, é complicada quando o assunto é mobilidade urbana. A carência de ônibus, trens e metrôs é reconhecida pelas autoridades, que estudam alternativas. Uma delas é o projeto conhecido como Hidroviário Metropolitano, ou Hidroanel, que pode ter em alguns anos, na represa Billings, o seu passo inicial.
O projeto completo do Hidroanel em São Paulo é de autoria da equipe da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP (Universidade de São Paulo), o qual prevê o uso dos recursos fluviais da Grande São Paulo para o transporte de cargas e, posteriormente, de passageiros. A reportagem do R7 consultou as esferas municipal, estadual e os responsáveis da FAU e todos confirmaram que as perspectivas são animadoras.
Segundo Casemiro Tércio dos Reis Lima Carvalho, diretor do Departamento Hidroviário, órgão vinculado à Secretaria Estadual de Logística e Transportes do Estado de São Paulo, já existem tratativas junto à Secretaria Municipal de Transportes para que o transporte de passageiros seja colocado em prática “em um futuro próximo”, embora não seja possível ainda falar em datas.
Na visão de Carvalho, o desafio de aproveitar a demanda da zona sul é ideal para quebrar a visão de que um projeto fluvial na cidade, que leve em conta rios notadamente poluídos como o Tietê e o Pinheiros, possa ter viabilidade.
— O projeto do Hidroviário Metropolitano é bastante extenso, então temos de dar um passo de cada vez. Nosso trabalho nesse momento é a construção da eclusa na Penha, que será a segunda na cidade, depois da que foi feita na altura do Cebolão (em 2004, no rio Tietê). Assim será possível irmos criando uma cultura e, mais importante, uma demanda pelo uso dos rios e represas de São Paulo para o transporte. Pela própria característica local, a região da Billings pode ser a primeira com balsas realizando o transporte de passageiros.
Questionado pelo R7 sobre o assunto, o secretário municipal de transportes Jilmar Tatto confirmou as conversas com o governo estadual, mas evitou criar expectativas. Empenhado na melhoria do transporte coletivo na cidade, com mais faixas exclusivas e corredores de ônibus — a meta é chegar a 300 km de faixas até dezembro e 150 km de corredores até 2016 —, o responsável da gestão Haddad na área comentou o que há de concreto até agora.
— O que existe é o seguinte: nós estamos em tratativas com o Fema (Fundo Especial de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) para fazer um projeto para ter um transporte hidroviário, em um primeiro momento, na represa Billings. É algo que está em gestação ainda.
Todavia, ciente do projeto, Tatto não deixou de reconhecer a sua importância, se viabilizado em um futuro próximo.
— É mais um modal do sistema de transporte, é algo importante. Se você conseguir usar as represas Billings, Guarapiranga, os rios Pinheiros e Tietê para integrar o sistema de transporte, junto aos trilhos e ao transporte sobre pneus, é fantástico. Não descartamos isso, é uma coisa boa.
Poluição e descrença ainda são barreiras a serem vencidas
Para o professor Alexandre Delijaicov, um dos coordenadores do projeto constituído pela FAU, a viabilidade do uso dos recursos fluviais para o transporte é clara e até histórica em São Paulo, remetendo aos tempos da chegada dos portugueses ao Brasil, quando rios e afluentes paulistas tiveram forte importância na colonização. A meta de iniciar o processo pela Billings, para ele, cria justamente a demanda necessária para o avanço da ideia do Hidroanel.
Entretanto, Delijaicov completa que há ainda muitas barreiras para que barcas e balsas de fato comecem a operar na represa. As questões envolvem a política e, como no caso do Tietê e do Pinheiros, a poluição.
— A Billings foi projetada para o abastecimento de água, mas o que há hoje é muito material químico pesado no fundo dela. Não são poucos os que dizem que não é possível navegar ali, que vai revolver essa poluição toda, mas não podemos tapar o sol com a peneira. Temos é que viabilizar uma forma de despoluir aquilo ali e prover transporte para aquela população da região sul da cidade, que para cruzar de um lado a outro hoje precisar dar uma volta enorme ao longo da represa. Quanto tempo seria economizado se houvesse transporte ali?
Embora ainda em estudo e sem prazo de entrega, o projeto deve ganhar um impulso tão logo a eclusa da Penha fique pronta. Conforme informou diretor do Departamento Hidroviário, o governador Geraldo Alckmin está disposto a investir no setor, mas é preciso um trabalho junto à população e ao empresariado para que a viabilidade econômica seja alcançada. No papel, o transporte na Billings será licitado, nos moldes do que acontece com as linhas 4 e 6 do metrô.
— O uso dos rios para o transporte ainda é tímido no Brasil, então se tem muito essa lembrança de como é lá fora, em países que possuem uma cultura nessa área. Precisamos caminhar, mostrar que é possível e viável. A importância do transporte pelos rios não é a velocidade, mas a constância, então é algo que precisamos viabilizar passo a passo.
Thiago de Araújo, do R7
A vida de quem mora na zona sul de São Paulo, em bairros como Grajaú, Cidade Ademar e Parelheiros, é complicada quando o assunto é mobilidade urbana. A carência de ônibus, trens e metrôs é reconhecida pelas autoridades, que estudam alternativas. Uma delas é o projeto conhecido como Hidroviário Metropolitano, ou Hidroanel, que pode ter em alguns anos, na represa Billings, o seu passo inicial.
O projeto completo do Hidroanel em São Paulo é de autoria da equipe da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP (Universidade de São Paulo), o qual prevê o uso dos recursos fluviais da Grande São Paulo para o transporte de cargas e, posteriormente, de passageiros. A reportagem do R7 consultou as esferas municipal, estadual e os responsáveis da FAU e todos confirmaram que as perspectivas são animadoras.
Segundo Casemiro Tércio dos Reis Lima Carvalho, diretor do Departamento Hidroviário, órgão vinculado à Secretaria Estadual de Logística e Transportes do Estado de São Paulo, já existem tratativas junto à Secretaria Municipal de Transportes para que o transporte de passageiros seja colocado em prática “em um futuro próximo”, embora não seja possível ainda falar em datas.
Na visão de Carvalho, o desafio de aproveitar a demanda da zona sul é ideal para quebrar a visão de que um projeto fluvial na cidade, que leve em conta rios notadamente poluídos como o Tietê e o Pinheiros, possa ter viabilidade.
— O projeto do Hidroviário Metropolitano é bastante extenso, então temos de dar um passo de cada vez. Nosso trabalho nesse momento é a construção da eclusa na Penha, que será a segunda na cidade, depois da que foi feita na altura do Cebolão (em 2004, no rio Tietê). Assim será possível irmos criando uma cultura e, mais importante, uma demanda pelo uso dos rios e represas de São Paulo para o transporte. Pela própria característica local, a região da Billings pode ser a primeira com balsas realizando o transporte de passageiros.
Questionado pelo R7 sobre o assunto, o secretário municipal de transportes Jilmar Tatto confirmou as conversas com o governo estadual, mas evitou criar expectativas. Empenhado na melhoria do transporte coletivo na cidade, com mais faixas exclusivas e corredores de ônibus — a meta é chegar a 300 km de faixas até dezembro e 150 km de corredores até 2016 —, o responsável da gestão Haddad na área comentou o que há de concreto até agora.
— O que existe é o seguinte: nós estamos em tratativas com o Fema (Fundo Especial de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) para fazer um projeto para ter um transporte hidroviário, em um primeiro momento, na represa Billings. É algo que está em gestação ainda.
Todavia, ciente do projeto, Tatto não deixou de reconhecer a sua importância, se viabilizado em um futuro próximo.
— É mais um modal do sistema de transporte, é algo importante. Se você conseguir usar as represas Billings, Guarapiranga, os rios Pinheiros e Tietê para integrar o sistema de transporte, junto aos trilhos e ao transporte sobre pneus, é fantástico. Não descartamos isso, é uma coisa boa.
Poluição e descrença ainda são barreiras a serem vencidas
Para o professor Alexandre Delijaicov, um dos coordenadores do projeto constituído pela FAU, a viabilidade do uso dos recursos fluviais para o transporte é clara e até histórica em São Paulo, remetendo aos tempos da chegada dos portugueses ao Brasil, quando rios e afluentes paulistas tiveram forte importância na colonização. A meta de iniciar o processo pela Billings, para ele, cria justamente a demanda necessária para o avanço da ideia do Hidroanel.
Entretanto, Delijaicov completa que há ainda muitas barreiras para que barcas e balsas de fato comecem a operar na represa. As questões envolvem a política e, como no caso do Tietê e do Pinheiros, a poluição.
— A Billings foi projetada para o abastecimento de água, mas o que há hoje é muito material químico pesado no fundo dela. Não são poucos os que dizem que não é possível navegar ali, que vai revolver essa poluição toda, mas não podemos tapar o sol com a peneira. Temos é que viabilizar uma forma de despoluir aquilo ali e prover transporte para aquela população da região sul da cidade, que para cruzar de um lado a outro hoje precisar dar uma volta enorme ao longo da represa. Quanto tempo seria economizado se houvesse transporte ali?
Embora ainda em estudo e sem prazo de entrega, o projeto deve ganhar um impulso tão logo a eclusa da Penha fique pronta. Conforme informou diretor do Departamento Hidroviário, o governador Geraldo Alckmin está disposto a investir no setor, mas é preciso um trabalho junto à população e ao empresariado para que a viabilidade econômica seja alcançada. No papel, o transporte na Billings será licitado, nos moldes do que acontece com as linhas 4 e 6 do metrô.
— O uso dos rios para o transporte ainda é tímido no Brasil, então se tem muito essa lembrança de como é lá fora, em países que possuem uma cultura nessa área. Precisamos caminhar, mostrar que é possível e viável. A importância do transporte pelos rios não é a velocidade, mas a constância, então é algo que precisamos viabilizar passo a passo.
Thiago de Araújo, do R7