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2 de maio de 2011

Lotação é maior problema para os usuários da CPTM

Trem lotado na Linha 7-Rubi 
 O dia de trabalho de muitos passageiros pode começar até três horas antes nas estações de trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) no Grande ABC.A Linha 10-Turquesa, que parte de Rio Grande da Serra até a Estação da Luz, na Capital, é utilizada por 366 mil pessoas em dias úteis. 


O número refere-se à média calculada até o dia 26 de abril. Durante quatro dias, o Diário percorreu o trajeto em horários aleatórios e constatou a comum insatisfação dos passageiros em relação à falta de alternativa nos horários de pico.


Os 18 trens de seis carros, que transportam em média 1.850 passageiros, parecem não ser suficientes para suprir a atual demanda.A partir das 17h, escolher um veículo mais vazio para viajar com segurança e conforto pode demorar até meia hora."Eu deixo passar (o trem). 
Trem Série 2100 na Linha 10
Para ‘se jogar'' no vagão você tem de estar sujeito a tomar empurrões e até ser furtado. Não há como entrar e todos os dias é a mesma briga", disse o auxiliar administrativo Jorge Osório dos Santos, 31 anos, à espera do fluxo diminuir na Estação São Caetano.


Enquanto o movimento da manhã é mais concentrado no sentido Luz, a volta para casa vira um tormento para quem mora no Grande ABC. Na mesma estação, por volta de 19h, passageiros comentam entre si o problema que se repete diariamente."É a visão do inferno", gritou uma mulher, enquanto falava ao celular. 


No mesmo dia, o que agravou a situação na mesma estação foi o não funcionamento de uma composição da plataforma 5, que fazia o trajeto até Rio Grande da Serra, passando por sete estações na região.Antes de serem alertados pelo aviso sonoro que pedia para os passageiros não embarcarem no trem, que mantinha as portas abertas, vários usuários saíram xingando e iniciaram a concorrência por espaço ainda na plataforma.


Assim que o trem chegou, todos se adiantaram em busca de um lugar antes de serem espremidos pela porta. Uma senhora chegou a ficar com a alça da mochila para fora quando pressionou a multidão à procura de uma chance de embarcar.


MANOBRAS
A superlotação é tanta que os passageiros arrumam meios de driblar o sistema para conseguir usar o transporte em segurança, mesmo que isso signifique uma nova parada no trajeto.


Há quase três anos o padeiro Saulo Ferreira Gomez, 44, que mora em Ribeirão Pires, prefere voltar uma estação até Rio Grande da Serra para seguir em um trem vazio no sentido Estação da Luz. "É o único jeito de viajar sentado. Já trabalho em pé e demoro uma hora até a baldeação. Muitos fazem o mesmo", revelou Gomez.


Entre as oito estações percorridas pelo Diário, Santo André, Mauá e São Caetano foram as que registraram maior fluxo de passageiros.Segundo a CPTM, até o dia 26 de abril, embarcaram por dia em Santo André 50.647 pessoas, 45.170 em Mauá e 27.192 na Estação São Caetano.


Procurada, a CPTM não se pronunciou a respeito das críticas dos usuários sobre a superlotação dos trens.


Intervalo entre trens é desrespeitado 
O intervalo entre a passagem dos trens nos horários de maior movimento, entre 4h50 e 9h20, é de seis minutos, de acordo com a CPTM. 


Esse tempo, na maioria das vezes, é cumprido pela Companhia, com poucas ressalvas entre os usuários, que alegam que a demora já foi muito maior.No entanto, a falta de pontualidade prejudica os passageiros que fazem trajetos realizados fora do horário de maior movimento, das 9h20 às 17h, quando o tempo entre a chegada e partida das composições não pode ultrapassar oito minutos.


Na sexta-feira pela manhã o Diário tentou pegar o trem e a demora chegou a 17 minutos na Estação Guapituba, em Mauá, sentido Estação da Luz. Na Estação Prefeito Celso Daniel, em Santo André, a espera foi pouco menor - 15 minutos.


A usuária Germana Fontes, 62, disse que o problema não é pontual e acontece com frequência na Estação Guapituba. "Uso sempre para ir ao médico em São Bernardo. Podia ter pego um ônibus ou um trólebus, mas optei pelo trem e agora vou demorar mais", disse a aposentada, que chegou à plataforma pouco depois da chegada de uma composição.


COMÉRCIO ILEGAL
É fácil perceber a presença de ambulantes que se aproveitam dos vagões mais livres para poder circular com facilidade fora do horário do rush e vender todo tipo de produto, de alimentos até guias de viagem.


Os ambulantes, que trocam de vagões nas paradas, parecem não se importar com o insistente anúncio sonoro emitido pela CPTM que pede aos passageiros que não incentivem a prática, considerada ilegal e proibida, inclusive, dentro das estações.


Na Linha-10 Turquesa, durante o ano de 2010, foram feitas 1.581 apreensões de mercadorias, resultando em 49.137 unidades apreendidas. Somente nos três primeiros meses de 2011, a Companhia já realizou 342 apreensões de mercadorias, totalizando 10.773 unidades apreendidas.


No ano passado, nas seis linhas e na Ponte Orca, foram efetivadas 28.907 ações de apreensão de mercadorias, que retiraram de circulação 747.059 itens de produtos comercializados ilegalmente no interior dos trens e das estações.CPTM vai investir R$ 244 milhões na linha em 2011Em 2011, a previsão é que a CPTM invista R$ 1 bilhão nas seis linhas. 


Só para a Linha 10-Turquesa, que atravessa cinco municípios no Grande ABC, o valor será de R$ 244,4 milhões.De acordo com a Companhia, a linha está sendo modernizada, a exemplo das outras cinco. 


As obras incluem a modernização da infraestrutura, abrangendo trocas dos sistemas de sinalização (ATC por CBTC (Communications Based Train Control)), telecomunicações, rede aérea e trilhos.


O sistema de suprimento de energia também está recebendo investimentos, os quais permitirão a reforma de subestações e cabines seccionadoras, a construção de uma nova subestação em Santo André e a implantação de sistema de telecomando de energia.


Atualmente, também estão sendo remodelados os dois pátios de trens, localizados nas proximidades da Estação Mauá, com o objetivo de ampliar o local para melhor acomodar as composições que atendem à frota dessa linha.


Entre 1° de novembro do ano passado e 31 de janeiro deste ano, as composições da CPTM registraram 1.577 falhas, em um total de 197.661 viagens realizadas.No mesmo período, o índice de falhas na Linha 10-Turquesa foi de 0,6%.Poluição sonora lidera queixas registradas pela Companhia 


O projeto pioneiro da CPTM, SMS-Denúncia, foi implantado em 2008 e, desde então, já recebeu mais de 16 mil mensagens de celular dos passageiros.Somente em 2011, de janeiro a março, foram registrados 4.700 atendimentos, crescimento de cerca de 15% em comparação com o primeiro trimestre de 2010.


As denúncias mais frequentes de desrespeito às normas foram: poluição sonora (usuários que ouvem músicas com volume alto em seus celulares e similares), comportamento inadequado (empurrão, sentar no chão do trem, não dar preferência às mulheres e idosos) e presença de vendedores ambulantes nos trens.Para utilizar o SMS-Denúncia, o usuário só precisa enviar torpedo para o número 7150-4949. 


Não é necessário nenhum tipo de identificação.Para manter a ordem e coibir atividades irregulares nas estações, a CPTM trabalha com o efetivo de dois fiscais de segurança nas estações menores. Nas paradas maiores e com concentração mais elevada de passageiros, o número de fiscais pode chegar a 18.


PERFIL DOS USUÁRIOS
No âmbito geral, englobando os resultados das seis linhas, o perfil definido por pessoas que utilizam os trens para trabalhar foi o maior: 75,5%. Já os que viajam de cinco a sete vezes por semana simbolizam 66%Os usuários considerados pertencentes à classe C representam a maioria dos passageiros da CPTM, com 51,8% do total. 


Fonte: Diário do Grande ABC
Foto: Ricardo Guimarães

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