O desligamento do sistema de controle automático de velocidade e do sensor antidescarrilamento em trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) facilitariam a ocorrência de acidentes nas linhas, segundo denúncia de dois sindicatos de ferroviários. Funcionários da empresa ouvidos pela reportagem confirmaram o problema. O Ministério Público disse que vai analisar a denúncia e apresentará relatório no dia 15.
Já a CPTM só admite que o sistema antidescarrilamento foi desligado, mas nega que isso possa trazer risco. "Tivemos alguns problemas técnicos e vamos substituir todos os sensores", afirmou o gerente-geral de Manutenção, Evaldo Ferreira.
Nos últimos 12 meses, aconteceram oito acidentes na malha com vítimas. Foram 99 passageiros feridos e 5 trabalhadores a serviço da companhia mortos. A CPTM concluiu que todos os acidentes foram causados por falha humana. Três maquinistas e um controlador foram demitidos por justa causa e outro funcionário foi suspenso por dois dias. Para os sindicatos e os funcionários ouvidos, as falhas no sistema também contribuíram para o registro dos últimos acidentes.
O presidente do Sindicato dos Ferroviários de São Paulo, Eluiz Alves de Matos, disse que em agosto do ano passado enviou um ofício em que denunciava erros no procedimento operacional. "Recebemos denúncias de maquinistas, que relataram que são obrigados a isolar o sistema de controle de velocidade para diminuir o intervalo de trens na plataforma. Isso aumenta a pressão entre os funcionários e alguns acidentes podem ter acontecido por essa falha."
Já o diretor de Manutenção do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana, Alessandro Viana, disse que os maquinistas sofrem pressão para isolar o sistema. "E eles não podem recusar. Operar nessas condições é mais arriscado. Há casos de maquinistas afastados por estresse", explicou.
Procurado, o gerente-geral de Operações da CPTM, Francisco Perrine, disse que em nenhum momento o sistema de controle de velocidade pode ser desligado. Segundo ele, isso só acontece quando existe uma falha do equipamento. "Neste caso, há um procedimento de operação para fazer o trem chegar até a estação mais próxima."
Um maquinista de 55 anos, que foi demitido em fevereiro, afirmou que as falhas no sistema acontecem todos os dias e é preciso controlar o trem no manual parte da viagem. "Isso aumenta muito as chances de um acidente e os maquinistas ficam estressados. É preciso redobrar a atenção nessas horas, porque o maquinista está só no visual."
Ele também confirmou que o sistema antidescarrilamento, que vem nos novos trens, foi desativado. O sistema aciona um freio de segurança quando a roda do trem sai dos trilhos. "Como o alinhamento da via apresenta falhas, o sistema era acionado com frequência."
Outros dois funcionários ouvidos confirmaram a versão do isolamento do sistema. "Sem contar que eles também fazem canibalismo na manutenção. É comum retirarem peças de um trem para repor em outro", alertou um funcionário. Segundo o promotor Maurício Antônio Ribeiro Lopes, da Promotoria de Habitação e Urbanismo, todas as denúncias serão investigadas.
Fonte: Estadão
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Já a CPTM só admite que o sistema antidescarrilamento foi desligado, mas nega que isso possa trazer risco. "Tivemos alguns problemas técnicos e vamos substituir todos os sensores", afirmou o gerente-geral de Manutenção, Evaldo Ferreira.
Nos últimos 12 meses, aconteceram oito acidentes na malha com vítimas. Foram 99 passageiros feridos e 5 trabalhadores a serviço da companhia mortos. A CPTM concluiu que todos os acidentes foram causados por falha humana. Três maquinistas e um controlador foram demitidos por justa causa e outro funcionário foi suspenso por dois dias. Para os sindicatos e os funcionários ouvidos, as falhas no sistema também contribuíram para o registro dos últimos acidentes.
O presidente do Sindicato dos Ferroviários de São Paulo, Eluiz Alves de Matos, disse que em agosto do ano passado enviou um ofício em que denunciava erros no procedimento operacional. "Recebemos denúncias de maquinistas, que relataram que são obrigados a isolar o sistema de controle de velocidade para diminuir o intervalo de trens na plataforma. Isso aumenta a pressão entre os funcionários e alguns acidentes podem ter acontecido por essa falha."
Já o diretor de Manutenção do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana, Alessandro Viana, disse que os maquinistas sofrem pressão para isolar o sistema. "E eles não podem recusar. Operar nessas condições é mais arriscado. Há casos de maquinistas afastados por estresse", explicou.
Procurado, o gerente-geral de Operações da CPTM, Francisco Perrine, disse que em nenhum momento o sistema de controle de velocidade pode ser desligado. Segundo ele, isso só acontece quando existe uma falha do equipamento. "Neste caso, há um procedimento de operação para fazer o trem chegar até a estação mais próxima."
Um maquinista de 55 anos, que foi demitido em fevereiro, afirmou que as falhas no sistema acontecem todos os dias e é preciso controlar o trem no manual parte da viagem. "Isso aumenta muito as chances de um acidente e os maquinistas ficam estressados. É preciso redobrar a atenção nessas horas, porque o maquinista está só no visual."
Ele também confirmou que o sistema antidescarrilamento, que vem nos novos trens, foi desativado. O sistema aciona um freio de segurança quando a roda do trem sai dos trilhos. "Como o alinhamento da via apresenta falhas, o sistema era acionado com frequência."
Outros dois funcionários ouvidos confirmaram a versão do isolamento do sistema. "Sem contar que eles também fazem canibalismo na manutenção. É comum retirarem peças de um trem para repor em outro", alertou um funcionário. Segundo o promotor Maurício Antônio Ribeiro Lopes, da Promotoria de Habitação e Urbanismo, todas as denúncias serão investigadas.
Fonte: Estadão
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