O governo do Estado de São Paulo publicou ontem decreto que declara de utilidade pública imóveis para a construção do monotrilho da Linha 17-Ouro do Metrô entre a Vila Andrade e o Morumbi, na zona oeste. Trata-se do trecho onde há mais polêmica em torno da construção desse meio de transporte. No mesmo lote, que compreende 51 imóveis, também estão previstas algumas desapropriações no Jabaquara, na zona sul, e na Vila Sônia, na zona oeste.
Segundo o documento, terrenos situados em vias residenciais do Morumbi, como a Senador Otávio Mangabeira e a Doutor Flávio Américo Maurano (ao lado da comunidade Paraisópolis), onde há terrenos e casas luxuosas, serão usados na obra do monotrilho. Também haverá desapropriações mais para o norte, na Avenida Jorge João Saad.
Um dos possíveis afetados é Juliano Pupe, de 35 anos, dono de uma revendedora de veículos importados perto da esquina com a Avenida Francisco Morato. Há sete anos trabalhando no mesmo endereço, ele provavelmente terá de sair dali, por causa da obra do Metrô. "Se eu soubesse de uma coisa dessas, já teria me programado para me mudar. Teria mudado a empresa de lugar", ressaltou.
O descontentamento dele é maior porque, há cerca de um ano e meio, a empresa alugou a casa no terreno vizinho para expandir o negócio. Ele diz ser contrário ao monotrilho, por ser elevado. No entendimento de outros comerciantes e moradores da região, isso também poderá trazer aspectos urbanísticos negativos ao bairro.
Na avaliação da pedagoga Rosa Richter, da Associação dos Moradores do Bairro Jardim Sul, o projeto não atenderá à maioria das pessoas que dependem de transporte coletivo na região. "O traçado é absurdo. Tinha de estar em um corredor tipo a Avenida Giovanni Gronchi, onde a maioria das pessoas pega transporte coletivo."
O monotrilho se beneficiará da nova Avenida Perimetral, no lado oposto de Paraisópolis - a Prefeitura ainda planeja obras na área (veja acima).
O Metrô informou "que está convicto de que a obra é a melhor opção para a região", pois o sistema "tem um menor custo em sua adoção, oferece melhor inserção urbana e proporciona atendimento pleno da demanda da região". Segundo a estatal, por ser em uma via elevada não há necessidade de escavação de túnel nem interferências viárias. A empresa ainda alega que "organiza seminários com a comunidade para esclarecer o projeto".
Processo. Ao todo, serão desapropriados 81,1 mil metros quadrados de terrenos neste lote. O custo previsto para as desapropriações é de R$ 150 milhões. Outros dois lotes de imóveis já haviam sido declarados de utilidade pública pelo governo do Estado no ano passado para a Linha 17-Ouro. O primeiro, ligando as estações Jabaquara do Metrô e Morumbi da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), prevê a desapropriação de 63 imóveis, a um custo de R$ 37 milhões. O segundo, entre o Aeroporto de Congonhas e a Avenida Jornalista Roberto Marinho desapropriará 47 imóveis por R$ 51 milhões.