Créditos: Camilla Feltrin |
E entrevistou usuários e verificou a qualidade dos serviços e equipamentos voltados a deficientes físicos, idosos e pessoas com mobilidade reduzida. A seguir, o relato de suas impressões.
Linha 9 - Esmeralda
Com 31,8 quilômetros de extensão, a Linha 9 – Esmeralda cobre o trecho que vai de Osasco, na Grande São Paulo, ao bairro do Grajaú, no extremo sul da capital paulista. O trajeto Grajaú - Osasco compreende 18 estações, todas elas dotadas de elevadores. Mas quatro delas (Jurubatuba, Villa Lobos/Jaguaré, Presidente Altino e Osasco), não têm escadas rolantes.
Nas estações em estrutura metálica, exceto a Jurubatuba, todas são implantadas sobre uma única plataforma central, com o embarque/desembarque podendo ser feito, no sentido Osasco de um lado, e Grajaú de outro. Para quem vem da rua e quer chegar à plataforma, há elevadores e escadas, e uma passarela suspensa sobre a marginal Pinheiros, que liga a edificação de acesso da estação à área da plataforma.
Se comparada a outras linhas da CPTM, a acessibilidade na Linha 9 não é ruim. Esta é a opinião do porteiro Isaque Pereira dos Santos, de 26 anos, que quase todo dia transporta num carrinho os gêmeos de um ano e cinco meses. Ele diz que não vê problemas de locomoção e acessibilidade na linha. Reclama, no entanto, da falta de educação dos usuários, que nem sempre respeitam assentos e vagões preferenciais.
Se a acessibilidade não motiva reclamações, o mesmo não acontece com o desconforto de sentir o mau cheiro do rio Pinheiros. Para muitos usuários, ainda mais os que tomam o trem todo dia, este é o maior problema: o odor fétido e constante das águas poluídas do rio paulistano.
Linha 10 - Turquesa
É a via que atende à região do ABC paulista. Ao todo, a Linha 10 – Turquesa percorre o trecho entre a estação Brás, na região central da capital, e o município de Rio Grande da Serra, nas proximidades da represa Billings. Apesar de muitíssimo utilizada, na Linha 10 há falta de acessibilidade, que é motivo de muitas críticas dos passageiros.
Somente as estações Tamanduateí e Brás (as fazem conexão com o metrô) dispõem de escadas rolantes e elevadores. Nas demais, o que se vê são apenas escadas para embarque, desembarque e mudança de plataforma, sem qualquer tipo de acessibilidade.
Há um ano, o funcionário público Renato Pinheiro, de 49 anos, trocou as muletas por cadeiras de rodas. Ele já morou oito anos no Japão, e diz que naquele país nunca se viu privado de se deslocar por causa da falta de acessibilidade: “Lá, as linhas de trem são mais extensas; mesmo assim, a qualidade do serviço é infinitamente maior do que aqui”, observa.
Na linha 10, por falta de elevadores, idosos e pessoas com cadeiras de rodas ou carrinhos de bebê são obrigados a recorrerem aos seguranças para driblar tantas escadas. É o caso do segurança Elias Santos, que trabalha na estação Mauá, uma das mais movimentadas.
Ele atesta que é corriqueira a cena de quatro funcionários carregando um cadeirante para a plataforma central, onde embarcam os trens sentido São Paulo. Santos calcula que, em média, cinco pessoas são carregadas por dia.
Já Renato Pinheiro parte diariamente da estação Mauá para se deslocar até o DER - Departamento de Estradas e Rodagem, na região central da capital paulista, onde trabalha. Para conseguir entrar no trem, ele costuma pedir ajuda aos seguranças. Pinheiro elogia a atitude dos funcionários, que segundo ele auxiliam por “pura boa vontade”. Mas nota que eles não recebem qualquer treinamento para lidar com deficientes físicos: “Tenho que ficar explicando onde eles têm que pegar e qual o jeito certo”.
Das treze estações da Linha 10 – Turquesa, apenas duas têm equipamentos próprios para atender a pessoas com mobilidade reduzida. Pinheiro considera a estação Brás, que tem conexão com a Linha 3 - Vermelha do metrô, ruim pela longa distância entre o trem e a plataforma. Para ele, ideal mesmo é a estação Tamanduateí, com acesso a linha 2 - Verde.
Na estação Santo André/ Celso Daniel há uma rampa de acesso apenas para o embarque no sentido Brás. Os trens que voltam de São Paulo param na plataforma central e só é possível sair de lá por meio de uma passarela sem cobertura, exposta ao tempo. Não é raro ver idosos com bengalas subindo com dificuldade os dois lances de escada até a plataforma.
As estações Ipiranga e Utinga são não têm transferência gratuita entre as plataformas, e é necessário sair da estação e utilizar os acessos que ficam depois da catraca. Na Ipiranga, esse acesso é feito por rampas; já na Utinga, apenas por degraus.
Como na estação Utinga, na Prefeito Saladino não há acessibilidade por dentro da estação e, por fora, só escadas. Como o terminal rodoviário de Santo André fica ao lado da estação, o jeito possível é utilizar uma plataforma desse terminal, que conta com rampa e elevador.
Na Mooca, o embarque/desembarque é feito pela plataforma 4, no mesmo nível da rua. Para o acesso aos trens que vão no sentido Rio Grande da Serra, com embarque na plataforma 3, é preciso vencer dois lances de escadas. Ou seja, inacessível para cadeirantes.
Já na estação Guapituba até dá para entrar pelos dois lados da estação, mas não é possível cruzá-la, a não ser na interligação por escadas. O mesmo em Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, porém, por ficarem no centro de cidades pequenas, com menos risco do que em Capuava.
Fonte: Mobilize Brasil