No Dia do Ferroviário, os trilhos voltam a ser vistos como uma das alternativas para problemas regionais |
Olhando para a AUJ (Aglomeração Urbana de Jundiaí), imagine um transporte sobre trilhos ligando pelo menos Jundiaí, Várzea Paulista, Campo Limpo, Jarinu, Louveira, Itupeva e ainda as vizinhas Vinhedo, Itatiba, Atibaia e Bragança.
Não estamos falando do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) ou demais inovações. Mas da boa e velha estrada de ferro, que no final do século 19 já ligava todas essas cidades.
“Meu avô Alarico era chefe de obras na Companhia Paulista. A riqueza do café, construída ainda com trabalho escravo, permitiu essa mudança na época que trouxe o trabalho assalariado e depois os imigrantes italianos”, diz Luiz Antonio de Souza, o Sabiá, presidente do Clube 28 de Setembro.
O panorama começou a ser desenhado pelos ingleses, que em 1868 iniciaram as operações exportadoras da São Paulo Railway, entre Jundiaí e Santos, passando por Várzea Paulista e Campo Limpo.
Os grandes fazendeiros do café (estimulante dos operários ingleses) entraram no jogo e em 1872 a Companhia Paulista estendia os trilhos de Jundiaí para o interior, passando por Louveira e Vinhedo.
Logo depois surgiram a Companhia Ytuana (depois Sorocabana), saindo de Jundiaí em direção a Itupeva e Itu. De Campo Limpo, a estrada de ferro Bragantina seguia para Jarinu. E, de Louveira, a Carril Itatibense formava um ramal para a cidade vizinha.
“Muitas avenidas ou estradas em Jundiaí e região usam esses caminhos, muitas vezes sem os motoristas imaginarem essa história. Mas faz parte da alma da cidade”, lembra Eusébio dos Santos, da Associação de Preservação da Memória Ferroviária, que amanhã lança novos volumes da série de livros “Meu Pai Foi Ferroviário”.
Embora o transporte de passageiros ocupe o centro de milhares de lembranças sobre os trens e sua pontualidade ou conforto, foram as cargas que estiveram entre seus motivos iniciais. E também entre os que podem ampliar sua volta.
“As demandas terão que ter soluções intermodais”, diz o diretor da célula de logística e comércio exterior do Ciesp Jundiaí (Centro das Indústrias do Estado), Gilson Pichiori.
Para a maioria das famílias de Jundiaí, entretanto, a ferrovia é associada a pessoas. Como José Levada, maquinista que chegou a pilotar locomotivas a vapor e é citado como referência por moradores da Vila Rio Branco.
Museu amplia projetos e também a segurança
O Museu da Companhia Paulista, no Complexo Fepasa, vai ter um reforço de segurança depois da descoberta de furtos na reserva técnica de peças.
“Mas estamos remodelando tijolos e caixilhos da fachada e reforçando o telhado. É um patrimônio fundamental”, diz o secretário Francisco Carbonari, da Educação, pasta à qual está ligado o museu.
Outro ponto em andamento é a digitalização de documentos da antiga companhia (que gerou na cidade o Paulista, o Grêmio e o Gabinete de Leitura) no convênio entre Fatec Jundiaí, Centro Paula Souza e a Unesp (Universidade Estadual Paulista).
“O projeto continua e nosso desafio agora é produzir conhecimento, com artigos e análises de reflexão”, afirma a professora e doutora Lívia Brandão, da Fatec Jundiaí e do Projeto Memória Ferroviária, que tem site próprio na internet.
Com o túnel urbano em construção ao lado do complexo, deve passar para a prefeitura também a antiga estação da Companhia Paulista. “Será restaurada”, diz o consultor e arquiteto Pedro Taddei. O prédio foi defendido por um ferroviário aposentado que aponta invasões atuais e já teve propostas de uso por associação de adeptos do ferreomodelismo.
Fonte: Rede Bom dia
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