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23 de abril de 2012

Linha 17-Ouro: Metrô a 18 metros de altura


Uma viagem a 18 metros de altura e 80 km/h. Segundo o Metrô, será essa a sensação do passageiro que utilizar a Linha 17-Ouro no trajeto sobre a Marginal do Pinheiros. O trecho será o mais alto do percurso de 17,9 km, que ligará o Morumbi ao Aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital.

Após cruzar o rio e a linha férrea da CPTM, a altura dos pilares – que representa um prédio de seis andares – será reduzida e deve oscilar no cruzamento com avenidas e viadutos existentes. Imagens divulgadas pela empresa mostram qual será o impacto visual que o monotrilho provocará por onde passar.

Nas projeções feitas pela empresa é possível visualizar, por exemplo, as intervenções previstas na Avenida Jornalista Roberto Marinho. O monotrilho passará por baixo da alça de acesso da Ponte Octavio Frias de Oliveira e por cima dos viadutos nos cruzamentos com as Avenidas Santo Amaro e Vereador José Diniz.

A região, que corta os bairros de Campo Belo, Brooklin e Jardim Aeroporto, tem lançamentos imobiliários de alto padrão, com apartamentos de mais de R$ 2 milhões. Com a chegada do monotrilho, os imóveis podem perder valor.

Segundo Antonio Claudio Fonseca, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, quanto mais próxima estiver a estrutura do edifício, pior será o efeito. “Isso deve acontecer, por exemplo, na chegada ao Aeroporto de Congonhas, pela Avenida Washington Luís. Ali, segundo mostram as imagens do Metrô, os pilares não ficarão no canteiro central, mas na lateral da via, bem perto dos prédios”, diz. Fonseca ainda cita outras soluções preocupantes do ponto de vista urbanístico. “São os cruzamentos da nova linha com viadutos já existentes, como a ponte estaiada. Serão muitos componentes juntos.”

Em construção desde o dia 1.º de abril, a Linha 17-Ouro já interdita uma faixa de 400 metros da Avenida Jornalista Roberto Marinho, na Marginal do Pinheiros. Ao longo do trecho, 110 imóveis serão desapropriados para permitir a construção da linha, que terá 18 estações.

 Na lista há terrenos comerciais e residenciais espalhados pela Avenida Jorge João Saad e pelas Ruas Senador Otávio Mangabeira e Doutor Flávio Américo Maurano, no Morumbi, além de áreas do Jabaquara. Segundo o governo, a primeira fase, com 7,7 km, deve ser entregue em 2014. O trecho ligará o Aeroporto de Congonhas à Estação Morumbi, da Linha 9-Esmeralda da CPTM.

Para Kazuo Nakano, arquiteto e urbanista do Instituto Pólis, o impacto paisagístico talvez nem seja o mais grave, mas a funcionalidade do projeto. “O monotrilho é usado hoje em lugares menores, como em aeroportos, não em ambiente metropolitano.

Com um grande número de viagens e de passageiros, como o monotrilho vai se comportar? Se já estamos vendo um grande número de problemas no metrô e na CPTM, como será com o monotrilho?”, questiona.

Fonte: Blog Estadão


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