O governo federal elevou, mais uma vez, a estimativa de custo para implantação do trem-bala que fará a ligação entre São Paulo e o Rio de Janeiro. Agora, o valor adotado é de R$ 40 bilhões -21,2% a mais do que o previsto inicialmente, de R$ 33 bilhões. "O valor de R$ 33 bilhões era a preço de 2008. Agora estamos trabalhando com R$ 40 bilhões", disse o diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Bernardo Figueiredo, após visitar ontem uma feira ferroviária em São Paulo.
A elevação ocorre após uma série de adiamentos que resultaram na nova modelagem de licitação do projeto, de maior transferência de riscos ao governo, com objetivo de aumentar o interesse do investimento privado e evitar um novo fracasso no leilão.
O valor também se aproxima do custo estimado pelas empresas interessadas no negócio. Segundo três consórcios, os valores podem variar de R$ 45 bilhões a R$ 55 bilhões. Já algumas previsões do mercado elevam o custo do trem para R$ 60 bilhões.
Figueiredo afirmou que, por causa dos adiamentos, há o risco de o valor aumentar ainda mais. O governo está um mês atrasado para publicação do edital que vai selecionar a tecnologia e o operador do sistema e só deve fazê-lo no começo de 2012.
"A partir daí teremos mais uns oito meses até a definição do concessionário do serviço e mais 18 meses para publicação do edital e seleção dos interessados na construção da obra. Depois disso é que vamos ficar sabendo o valor exato da obra", disse. A intenção do governo é iniciar as obras em 2014. O prazo para conclusão é de cinco anos. "Mais importante que os atrasos é fazer uma coisa bem-feita. Eles [atrasos] se justificam por ser um modelo novo e que envolve discussão", disse Figueiredo.
Atração - Segundo o diretor-geral da ANTT, o governo vai assumir a diferença entre os custos de engenharia da obra e seu uso, a demanda mínima de passageiros e os prejuízos por possíveis atrasos. Porém, as quantias ainda estão em discussão no governo.
"É justo que haja uma compensação caso a obra atrase por problemas do governo. Já com relação à demanda, acreditamos que não teremos perdas e vamos zerar as contas entre os custos de construção e o uso do sistema", afirmou Figueiredo.
Segundo o presidente da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), Vicente Abate, a nova modelagem de licitação adotada pelo governo agradou ao setor. Ele acredita que o novo leilão não vai fracassar, como aconteceu no primeiro, em julho. "O novo modelo mitiga mais os riscos. As empresas pediam isso e o governo assumiu questões que antes estavam distribuídas", disse o representante de fabricantes como a Alstom e Bombardier.
Fonte: Folha de S. Paulo
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