Durante paralisação, estação foi depredada na Grande São Paulo. Linhas de trens afetadas têm 2,9 milhões de usuários
Dois sindicatos — o dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Central e o dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de São Paulo —, responsáveis pelas quatro linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) paralisadas parcial ou totalmente desde a zero hora desta quarta-feira, decidiram em assembleia nesta tarde suspender a greve até o próximo dia 11, quando acontece uma reunião de tentativa de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). A volta dos ferroviários ao trabalho acontecerá de forma gradual ao longo da tarde.
Até o meio da tarde desta quarta-feira estavam totalmente paradas a Linha 10-Turquesa, que liga o ABC paulista ao centro de São Paulo, e 12-Safira, que liga a Zona Leste ao centro. A paralisação foi parcial nas linhas 7-Rubi, que chega até bairros da região oeste e cidades como Jundiaí, e 11-Coral, que vai até cidades a leste da capital, como Mogi das Cruzes. Funcionam normalmente as linhas 8-Diamante, que vai para a região Oeste e cidades como Barueri e Itapevi, e 9-Esmeralda, que chega à Zona Sul. Os funcionários dessas duas linhas são ligados a outro sindicato.
A paralisação de 24 horas foi decidida em assembleia de sindicatos na terça-feira à noite. Depois, a CPTM entrou na Justiça com um pedido para que a greve seja considerada ilegal porque não atendeu pedido do Tribunal Regional do Trabalho para manter efetivo mínimo funcionando.
Juntas, todas as linhas de trem transportam diariamente 2,9 milhões de passageiros na região metropolitana de São Paulo.
A paralisação causou transtorno entre milhares de moradores da cidade, que não conseguiram chegar ao trabalho. O maior incidente aconteceu em Francisco Morato, cidade da região metropolitana de São Paulo, que é servida pela linha 7 da CPTM. Moradores, sem conseguir trens para ir ao trabalho, quebraram partes da estação. A polícia interveio usando balas de borracha. Ninguém se feriu. A estação foi reaberta no fim da manhã.
Em nota, a CPTM lamentou “a decisão irresponsável” dos sindicatos dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Central, que representa os empregados das linhas 11 e 12, e dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de São Paulo, que representa as linhas 7 e 10, “prejudicando milhões de usuários” e disse que “está tomando as medidas cabíveis em relação ao descumprimento da liminar”.
Com a greve, parte dos sindicatos descumpriram liminar do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) que determina o contingente de 90% do efetivo de maquinistas em horário de pico e de 70% dos empregados das demais atividades em caso de greve. O sindicato alega que a companhia não quis negociar a escala de trabalho.
Os metrôs e ônibus funcionam normalmente em São Paulo nesta quarta-feira. A Companhia da Engenharia de Tráfego (CET) informou que às 7h30min, o congestionamento era de 88 km em toda cidade, lentidão dentro da média para o horário.
O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de São Paulo reivindica reajuste salarial de 9,29% (INPC-IBGE) mais 1,5% de aumento real, além de aumento nos valores de outros benefícios.
A companhia disse que na reunião de conciliação realizada nesta terça-feira, na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), fez duas novas propostas à categoria: o IPC Fipe do período mais 1%, totalizando 7,72% de reajuste salarial, e 10% nos benefícios vale alimentação, tíquete refeição e auxílio materno; ou o IPC Fipe do período mais 1,5%, totalizando 8,25% de reajuste salarial sobre todos os benefícios. Ambas as propostas foram recusadas pela categoria.
A SPTrans informou que reforçou as linhas de ônibus que circulam por ramais atendidos pelos trens da companhia na cidade.
O Globo