Na noite desta quarta-feira (20), os
sindicatos da categoria decidiram realizar uma greve no próximo dia 27, pois os
valores e pautas pedidas não foram alcançadas.
Na sede do Sindicato dos Ferroviários de
São Paulo, na região central da cidade ás 18h, teve início a assembleia a qual
se decidiu pela greve na semana que vem. O motivo da greve vem de encontro a
falta de acordo na reunião anterior a qual a Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos (CPTM) e o Governo do Estado propuseram um aumento de 6,65% o
que é abaixo do buscado pela categoria.
A reunião contou com as lideranças do
sindicato e cerca de 90 funcionários da CPTM que trabalham em diferentes áreas
da companhia que debateram e determinaram os rumos que a categoria deve tomar
em busca do atendimento das reivindicações atuais.
"Esta proposta da CPTM é ruim, não
tem outro caminho! Ou aceitamos os 6,65% ou vamos à luta!"
Disse Eluiz Alves de Matos, Pres. do
Sindicato dos Ferroviários de São Paulo (em pé na imagem)
Durante pouco mais de uma hora em meio aos
debates ficou evidente que a CPTM e o Governo negociaram de forma superficial
colocando o valor de 6,65% como teto para resolução das negociações travando a
possibilidade de um acordo.
No final da assembleia ficou decidido que
às 00:00 do dia 27 de Maio, será decretado o estado de greve na CPTM em todas
as seis linhas que servem a região metropolitana de São Paulo. A greve só será
evitada caso o Governo do Estado e a CPTM voltem a negociar de forma direta com
as lideranças, uma vez que segundo eles a última resposta veio por carta
oferecendo aumento de 6,65% no Vale Refeição, Vale Alimentação e Auxílio de
Matéria Infantil, abaixo do que desejam. E partir do dia 21, os funcionários da
empresa vão utilizar coletes com dizeres sobre a greve e nas estações haverá distribuição
de panfletos e jornais informando a greve do dia 27, cumprindo uma exigência de
comunicação prévia de greve com antecedência de no mínimo 72 horas.
Esta decisão é diferente do que foi
acordado pelos funcionários da MRS que estavam na eminencia de uma greve e
acabaram por aceitar o salário vigente deixando a proposta de pedir aumento
para o próximo ano.
Após o término da reunião, Eluis Alves de
Matos, Presidente do Sindicato dos Ferroviários de São Paulo, concedeu uma
entrevista a qual levantou os pontos que levaram ao anúncio da greve. Confira
abaixo:
Ficou
decidido que a greve será no dia 27 mesmo?
- Sim. A categoria decidiu em assembleia
que haverá greve no dia 27, tendo em vista que a proposta da CPTM é ínfima em
relação aos pleitos dos trabalhadores e inclusive ao índice de correção
inflacionária que é o menor do período. E mediante isto, não tem outra
alternativa a não ser usar o direito de greve.
Na
reunião foi dito que a proposta da CPTM foi de 6,65%. Isto é abaixo do
esperado?
- muito abaixo. Até porque eles se baseiam
no IPC da FIPE que é o menor índice, considerando a data base de Março. Além
disso os trabalhadores querem um ganho real no salário tendo em vista o galope
inflacionário que enfrenta o país.
Houve na
assembleia um comparativo com o Metrô das conquistas alcançadas por eles. Eles
conseguiram em tempo curto o que a CPTM reinvidica a mais tempo?
- O Metrô é uma empresa nova, de 1974 e
nós ferroviários somos oriundos de três bases ferroviárias da FEPASA. E temos
ao longo dos anos, tentado chegar ao nível do Metrô, e infelizmente o Governo
do Estado trata os ferroviários como categoria de segunda classe. É o carro
cauda da classe ferroviária.
Muitos
usuários tem se queixado das frequentes falhas no sistema, sinalização e de
trens. Um dos casos mais recente são dos trens da Linha 10 que pegaram fogo
repentinamente. É algum problema de falta de investimentos ou manutenção?
- de tudo, de investimentos e manutenção.
Na questão do incêndio dos trens o sindicato já tomou providências denunciando
e notificando o Ministério Público e os órgãos competentes estão tomando as
providências e investigando. Agora a gente sabe que o Governo não está
investindo o necessário para deixar a CPTM do jeito que eles dizem que ela
está. Circulando com intervalos de cinco minutos, pois não é só colocar mais
trens, porque precisa de ter estrutura de rede aérea que comporte o consumo de
energia, precisa de estrutura de via permanente, uma série de coisas que eles
não conseguem fazer somente colocando trens novos para rodar.
"os metroviários estão acima de nós
em termos de salários, em termos de benefícios e tanto que é que hoje o Metrô e
CPTM são interligados em várias estações como Tamanduateí, Itaquera, Luz, Brás
e Barra-Funda e vemos como uma empresa única, que inclusive tem o mesmo pagador
e secretaria que é o Governo Estadual."
"O Metrô tem 87 Km de extensão e nós
temos 260 Km e temos 92 estações e o metro pouco mais de 60. Precisamos ser
valorizados"