Um trem ilustra o anúncio do Califórnia Residencial na Brasilândia, que será erguido no extremo norte de São Paulo. "Próximo ao metrô", afirma a propaganda do empreendimento, com apartamentos de dois e três quartos e preço de até R$ 400 mil.
Com previsão de funcionamento para 2020, a linha 6-laranja do metrô já começa a movimentar o mercado imobiliário da região.
Um terreno de 2.000 metros quadrados está à venda em uma das principais avenidas da Brasilândia por R$ 9 milhões, afirma a corretora Francis Guerra, que faz a mediação da venda. Dois anos atrás, o valor pedido era de R$ 7 milhões.
É um dos poucos espaços vazios na avenida Itaberaba, com lojas e pequenos restaurantes, diz Francis, também moradora da região.
Na mesma área, existem dois outros estandes de vendas chamam a atenção para torres de apartamentos.
De acordo com a empresa Geoimóvel, que realiza pesquisas sobre o setor imobiliário, houve um incremento de 10% nos lançamentos da região em dois anos.
"É natural que ocorra o adensamento na faixa de 300 a 400 metros das estações", afirma Celso Amaral, da Amaral D'Ávila Engenharia de Avaliações.
Na linha 4-amarela, a última a ter sido entregue do zero, a valorização imobiliária foi de 25%, segundo estudo realizado pela empresa, descontada a inflação.
A explicação, diz Amaral, é que as estações atraem movimento e impulsionam comércio e serviços em seu entorno. Ele diz ter um cliente, cuja identidade não revela, que espera o anúncio das estações para comprar terrenos e, depois, revendê-los por um preço mais alto.
Com 15 estações e 15,3 km de extensão, a linha 6-laranja ligará o centro à zona norte da capital paulista. A obra custará R$ 9,6 bilhões.
Atualmente, a linha está em fase de desapropriação e avaliação do solo para instalação de canteiros, segundo o consórcio Move São Paulo, responsável pela obra, feita em regime de PPP (Parceria Público-Privado).
Engenheiro da construtora Honduras, responsável pelo Califórnia Residencial, Caio Bussab diz que a nova linha contribuiu para a decisão de instalar o empreendimento no local, embora o determinante tenha sido o valor do terreno, mais barato que em outras regiões.
De acordo com Bussab, no entanto, por causa do metrô, ele desembolsou mais pelo terreno do que pagaria em anos anteriores.
As obras no prédio serão entregues em 2017, três anos antes de a linha 6 passar a operar. "Se não tiver transporte público por perto, certamente diminui a procura pelo imóvel", diz ele.
Obtido pela Folha, o mapa das futuras estações revela que a maioria ficará em terrenos hoje já desocupados.
RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO
Folha de São Paulo