DIÁRIO de SP acompanhou de perto o trabalho noturno dos funcionários do meio de transporte público paulista
Após as estações do Metrô fecharem, começa um trabalho que pouca gente conhece e dá valor, mas de extrema importância para que os trens e os trilhos de um meio de transporte utilizado diariamente por mais de 4,5 milhões de pessoas funcione com o menor número possível de falhas durante sua operação.
O horário das equipes que cuidam da manutenção dos trens é das 22h às 6h. Os profissionais podem começar a trabalhar com as composições que não estão em trânsito ainda que as linhas do Metrô estejam funcionando com outros trens. Já o pessoal responsável pela manutenção da via permanente (trilhos e rede elétrica por onde os trens passam) entra às 23h e sai às 5h. A equipe só pode trabalhar quando as linhas dos trens estão desativadas.
Há dois tipos de manutenção nos trens do Metrô: preventiva, feita a cada 18 mil quilômetros percorridos pelo trem, e corretiva, caso a composição apresente alguma falha durante o horário de operação e precise ser corrigida.
São 25 profissionais responsáveis pela manutenção preventiva, que atuam em quatro trens por dia (checando itens como a qualidade do óleo, nível de vibração do motor e desgaste dos eixos) e cerca de 35 técnicos encarregados pela manutenção corretiva (cujo trabalho pode chegar a até dez trens por dia), realizando consertos como problema no sistema de tração das composições. O responsável por essas equipes é o coordenador de manutenção do pátio Jabaquara, Giovani Sorice Neto, de 44 anos. “É importante a gente identificar pequenos defeitos para evitar uma falha maior no futuro”, disse Neto, que está há 21 anos no Metrô.
Todas as noites todos os trens também passam por uma higienização. As 45 composições da Linha 1-Azul (Jabaquara/Tucuruvi) são limpas no pátio Jabaquara, visitado pelo DIÁRIO. São 50 funcionários para limpar as partes internas dos trens, que também recebem bactericida. A cada dez dias as composições passam por uma espécie de lava rápido gigante para limpar a lataria (veja ao lado). Quem coordena os grupos de limpeza no local é o supervisor geral de operações, Ronaldo Marques, de 55 anos, 34 deles no Metrô.
“Não tenho um horário fixo. A princípio trabalho durante o dia, mas é bastante comum que venha durante a madrugada para acompanhar procedimentos e verificar ocorrências”, afirmou Ronaldo, que conhece todos os subordinados pelo nome e procura conversar com os funcionários da madrugada, independentemente do seu setor de trabalho.
Manutenção dos trilhos ocorre sempre à noite
O setor de manutenção de vias permanentes tem cerca de 260 funcionários, entre mecânicos, eletricistas, soldadores, topógrafos e outros profissionais. Cada linha do Metrô (são cinco no total, sendo uma privatizada) tem três supervisores, que geralmente são engenheiros. Um deles é José Luís Galvão de Mello, de 49 anos, dos quais 26 no Metrô. Todos os funcionários trabalham de madrugada. Nem sempre é tarefa fácil habituar-se ao horário. “Você sai de férias e já no primeiro dia dorme à noite. E quando volta ao trabalho leva uma semana para acostuma de novo”, contou Galvão. Para não ficar longe da família, o encarregado de manutenção de via permanente, Jorge Miguel Bojczuk Fermino, de 42 anos, tem no veículo no qual trabalha nos trilhos a foto dos filhos, Breno, de 12 anos, e Isabela, de 10.
O que é feito enquanto os usuários dormem
DIÁRIO ficou das 22h30 da última quarta-feira até as 3h30 da madrugada de quinta acompanhando a manutenção dos trens
Manutenções preventiva e corretiva dos trens
A cada 18 mil quilômetros todo trem do Metrô precisa passar por uma manutenção preventiva, como é o caso da cena mostrada na foto, onde o mecânico confere um dos eixos do trem. A cada duas manutenções preventivas há uma troca de óleo. Na manutenção corretiva são corrigidos problemas eventuais
Lava rápido de grandes proporções
Todos os trens passam de dez em dez dias pela máquina de lavagem automática, que funciona de maneira semelhante a um lava rápido para automóveis, só que em grandes proporções. Cada noite são lavados em média quatro composições e o processo demora 15 minutos
Reparo e recuperação de trilhos e jacarés
A reconstituição de trilhos é um trabalho manual que requer perícia. Os locais onde são necessários reparos são identificados em inspeção visual. Podem ser recuperados tanto os trilhos regulares quanto os jacarés, como são conhecidos os aparelhos responsável por fazer o trem mudar de via
Solda de caldeamento para unir trilhos
A solda de caldeamento é o aparelho responsável por unir, por meio de fusão, dois ou mais trilhos. Essa solda atinge temperaturas de 1.500°C. Nos últimos três meses, o Metrô substituiu uma média mensal de 700 metros de trilhos, considerando as linhas 1, 2, 3 e 5
Trem esmerilhador, o trilho sem irregularidade e o pente-fino para evitar fogo
O trem esmerilhador (foto da esquerda) tem a função de perfilar (aprumar) o trilho para garantir que pequenas irregularidades desapareçam, evitando tremores quando a roda da composição passa sobre a linha férrea. Os quatro esmerilhadores perfilam uma média de 15 quilômetros de trilhos por mês. Antes de a máquina gigante passar, um grupo com cerca de dez homens faz um pente-fino nas laterais dos trilhos para garantir que não haja material combustível, como pedaços de papel, já que o processo de perfilar o trilho gera faíscas
Fonte: Diário de SP
Filipe Sansone
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