Entre a Liberdade, região central, e a Brasilândia, na zona norte, são muitos os casarões, fábricas e escolas que ajudam a contar a história de São Paulo. A partir de março do ano que vem, esse traçado estará associado a mais um capítulo da vida da cidade: a construção da Linha 6-Laranja do Metrô. Para que o progresso não interfira na memória paulistana, cuidados estão sendo tomados com quase 30 bens históricos no caminho do ramal. Alguns levaram até a mudanças nos projetos.
É o caso das futuras Estações Bela Vista e São Joaquim, na região central. Os acessos de ambas tiveram de ser repensados depois que se constatou que eles afetariam imóveis tombados. Uma dessas edificações, diz Mauro Biazotti, diretor de expansão e planejamento do Metrô, fica no número 708 da Rua Rui Barbosa. "No projeto inicial, ele seria utilizado para a construção da Estação Bela Vista, ou seja, o imóvel seria demolido."
Mas, depois que se constatou o status da construção, o projeto da parada foi alterado, e o imóvel, poupado. A mesma estação incorporará dois imóveis antigos, que, previamente, seriam derrubados.
A mudança foi feita após recomendação do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). São dois sobrados do início do século passado ocupando os números 1.512 e 1.523 da Avenida Brigadeiro Luís Antônio. Eles vão virar entrada da estação e terão sua fachada restaurada às formas originais. "Os usuários vão entrar pelos imóveis. Em um deles hoje há um bar", diz Alfredo Nery Filho, gerente de concepção de arquitetura do Metrô.
Segundo ele, as edificações estão descaracterizadas. "Poderíamos redesenhar o acesso e não usar esses imóveis. Mas, como o Conpresp tinha interesse em recuperá-los, decidimos usá-los e restaurá-los conforme a técnica exigida pelo órgão de proteção", explica.
Preservação. Na Estação São Joaquim, que será integrada à parada da Linha 1-Azul que já existe, um conjunto de habitações tombadas nos números 34, 36, 44 e 46 da Rua Pirapitingui fez com que o Metrô tivesse de reconfigurar a futura entrada.
"Revimos o projeto do acesso e o diminuímos o máximo possível para poder preservar esses imóveis", explica Nery Filho. Diferentemente dos sobrados da Brigadeiro, o casario não será desapropriado. Sua preservação dependerá exclusivamente do proprietário.
Fonte: Revista Ferroviária