A iniciativa já repercute entre especialistas em mobilidade. Para Roberto Andrés, urbanista, professor da UFMG e integrante da Minha BH, organização que liderou a campanha pelo Busão 0800, o anúncio marca uma vitória importante da sociedade civil, mas ainda deixa várias perguntas sem resposta
Segundo ele, a gratuidade anunciada é fruto direto da mobilização popular de 2025, quando o projeto de Tarifa Zero acabou derrubado, pressionando a Prefeitura a apresentar alguma resposta concreta. Mesmo assim, Andrés aponta que o município não detalhou como a medida será financiada. Hoje a receita tarifária de domingos e feriados gira em torno de R$45 milhões por ano, e não há indicação de como esse valor será compensado. Isso levanta dúvidas sobre possível aumento de tarifa, ampliação de subsídios ou reorganização de recursos
Outro ponto sem esclarecimento é a oferta de ônibus. Com a tendência de aumento de demanda, o reforço das viagens é considerado essencial, mas a Prefeitura ainda não apresentou plano para ampliar a frota nesses dias
Apesar das incertezas, Andrés ressalta que a Tarifa Zero nos domingos e feriados tem potencial para ampliar o acesso da população a lazer e trabalho. Mesmo assim, lembra que a crise estrutural do transporte em BH permanece sem solução. A capital segue com uma das tarifas mais altas do país e enfrenta graves problemas de circulação no período noturno, sem que a gestão municipal tenha apresentado medidas para enfrentar esse cenário
O debate sobre tarifa zero em BH também ganhou repercussão nacional. Um estudo técnico recém publicado por cinco pesquisadores — três deles integrantes da campanha mineira — aponta que seria possível financiar o transporte coletivo de todo o país apenas com a mudança no modelo de arrecadação do Vale Transporte. O material foi apresentado à Secretaria Geral da Presidência da República, ao Ministério da Fazenda e a parlamentares no Congresso