O governo de São Paulo planeja investir R$ 15,2 bilhões na rede ferroviária existente na área metropolitana de São Paulo no triênio 2012/2015. Esse valor, se somado aos recursos destinados ao Metrô, chegará a R$ 45,07 bilhões. "É como se São Paulo tivesse redescoberto o transporte coletivo", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate.
Com os investimentos anunciados, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) deverá elevar os 260,7 km de ferrovias para 301,4 km e o número de estações passará de 89 para 98 nos próximos três anos. Assim, o sistema poderá transportar 3 milhões de passageiros por dia, 500 mil pessoas a mais do que atende atualmente. A espera média, por sua vez, de 6 a 7 minutos, será reduzida para 3 a 4 minutos em 2014. E ainda: devem ser reconstruídas ou reformadas 50 estações.
Para o presidente da Abifer, a expansão irá além de ampliar a capacidade de atendimento à população: vai melhorar a qualidade do serviço prestado, uma vez que estão sendo substituídos ou modernizados controles automáticos, câmaras de vigilância e portas automáticas, além dos vagões - segundo a CPTM, serão mais 67 unidades, das quais, 14 já rodando sobre os trilhos da companhia. "Com a expansão da rede ferroviária, em pouco tempo São Paulo terá disponível um serviço de transportes tão extenso e confortável quanto o de Londres", diz Abate, referindo-se a uma das redes sobre trilhos mais antigas do mundo.
O impacto dos investimentos está sendo sentido pela indústria ferroviária. Enquanto a indústria de transformação vive um período de estagnação, as atividades no segmento estão em ritmo acelerado. Segundo a Abifer, as empresas deverão investir cerca de R$ 240 milhões nos próximos anos, o que inclui a instalação de novas fábricas e tecnologias. Desde 2008, a indústria ferroviária produz em média 400 vagões por ano. Para Abate, esse setor tem condições de atender à maior parte da demanda nacional por equipamentos ferroviários. Só não produz trilhos porque o único fornecedor, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), desativou a linha de produção na década de 1990 por falta de clientes. Também não há produção de motores a diesel para locomotivas.
Entre os investimentos mais comemorados, está a intenção de o governo paulista, em parceria com o federal, construir o Ferroanel Norte, eliminando um dos principais gargalos no transporte de passageiros na área metropolitana de São Paulo. Hoje, trens de carga e de passageiros correm sobre os mesmos trilhos, com prolongados períodos de espera.
A intenção é concluir a obra até 2014, a um custo estimado de R$ 1,2 bilhão. A linha será exclusiva para cargas, com 60 km entre Itaquaquecetuba e Jundiaí. O Ferroanel Norte está em fase de projeto. A obra faz parte de um objetivo mais ambicioso: a construção do anel ferroviário que irá circundar a região metropolitana de São Paulo, interligando a região de Campinas à Baixada Santista.
Outro projeto prevê a ligação entre Santos, Jundiaí e Sorocaba. A intenção é resgatar os serviços ferroviários com novos padrões de desempenho e qualidade. O projeto funcional e os estudos de demanda, viabilidade técnica, ambiental, operacional e econômico estão sendo desenvolvidos. Para a CPTM, a ligação ferroviária entre as cidades trará benefícios como maior mobilidade para a população, ganho no tempo de viagem e redução das emissões de CO².
O governo também projeta colocar em operação um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT - Metrô Leve) entre São Vicente e Santos para atender cerca de 70 mil passageiros por dia útil. A obra, integrada às linhas de ônibus metropolitanos e municipais, terá uma extensão de 11 km e está orçada em R$ 680 milhões. Em setembro, foram entregues as propostas das empresas interessadas em realizar o projeto executivo.
Fonte: Valor Econômico
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