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23 de agosto de 2014

Metrô desiste de instalar portas de plataforma

Após 4 anos, Vila Matilde ganhará o sistema em setembro, mas outras 12 paradas, incluindo Sé e República, não terão mecanismo
Instaladas há quatro anos, as portas de plataforma da Estação Vila Matilde, na superlotada Linha 3-Vermelha do Metrô, nunca funcionaram. Agora, a empresa, que é controlada pelo governo do Estado, promete finalmente entregá-las à operação, em setembro.

Entretanto, outras 12 paradas que receberiam o equipamento - feito para impedir a queda de pessoas e objetos nos trilhos - deixarão de receber o mecanismo, pois o contrato com o consórcio responsável será rescindido.

A decisão foi anunciada por meio de nota do Metrô de São Paulo. De acordo com a companhia, o cancelamento ocorrerá porque faltou "capacidade" às empresas envolvidas no projeto. Dessa forma, estações movimentadas como República e Sé, previstas para ganhar as barreiras de vidro, ficarão sem elas. "O consórcio contratado para executar os serviços era formado por duas empresas: uma coreana (Poscon) e outra brasileira (Trends), que apresentou problemas de ordem financeira, levando à paralisação dos serviços no início de 2011", divulgou a companhia. A empresa estrangeira assumiu sozinha a instalação das defensas na sequência, tendo retomado o serviço em 2012.

Segundo o Metrô, no entanto, houve atraso, o que levou à aplicação de uma multa de cerca de R$ 7 milhões, correspondente a 10% do valor total do pacote contratado de portas de plataformas nas estações antigas. O Ministério Público Estadual (MPE) chegou a abrir um inquérito no ano passado para investigar a instalação. Havia suspeita de improbidade administrativa.

Atualmente, apenas três estações da Linha 2-Verde, como a Vila Prudente, e as seis paradas já entregues da Linha 4-Amarela, entre as quais a Paulista e a Butantã, têm o dispositivo. A adoção das portas de plataforma, conforme especialistas, minimizaria atrasos e falhas. Hoje, com a superlotação, muitos passageiros seguram as portas comuns, por exemplo, e causam atrasos.

Gasto. A estudante Raquel Marinovic, de 18 anos, às vezes pega o trem na Estação Vila Matilde. Em sua opinião, até agora, o dinheiro público foi gasto à toa com a colocação das portas na parada. "Isso aqui fica lotado de manhã cedo, com muito empurra-empurra, chega a ser perigoso e elas poderiam ajudar."

Já a esteticista Dariane Simas, de 26 anos, conta que já viu uma bolsa cair nos trilhos, durante um horário de pico. "Tinham de instalar esses equipamentos em todas as estações."

Caio do Valle - O Estado de S. Paulo