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Estação São Joaquim |
Segundo a Folha de S.Paulo, o horário reduzido do metrô e da CPTM, adotado na pandemia, continua impactando a vida noturna de São Paulo. Confira o artigo de 30/08/2025 com informações adicionais sobre o contexto e os efeitos econômicos.
Desde maio de 2020, o Metrô de São Paulo e a CPTM encerram suas operações à meia-noite aos sábados, em razão da baixa demanda durante a pandemia. Cinco anos depois, a medida permanece em vigor, modificando a dinâmica da noite paulistana.
A cidade depende fortemente do transporte público, e a extensão do horário até 1h da manhã, vigente desde 2007, impulsionava o movimento de bares e restaurantes em regiões como a rua Augusta e o centro. Com o corte, comerciantes relatam impactos. “Os clientes saem mais cedo porque sabem que não vão conseguir transporte”, afirma Joaquim Correia, 54, gerente do Coffee Corner. Já no bar Charme da Augusta, Leônidas Marques, 38, observa que o movimento despenca por volta das 23h30.
Especialistas também veem efeitos na economia. Para Ciro Biderman, da FGV Cidades, operar o metrô sem demanda significativa não é financeiramente viável. Ele sugere alternativas, como reforço na frota de ônibus noturnos, a exemplo de Paris, onde o metrô funciona até 2h15 às sextas e sábados, e de Londres, que conta com o “Night Tube” nos fins de semana.
A Secretaria dos Transportes Metropolitanos, sob gestão Tarcísio de Freitas, afirma que não há demanda suficiente para retomar o horário ampliado, exceto em datas específicas, como o Réveillon. Dados oficiais mostram queda de passageiros: aos sábados, de 1,498 milhão em 2019 para 1,312 milhão em 2024; aos domingos, de 932 mil para 766 mil.
A redução, equivalente a 12%, reflete mudanças nos hábitos pós-pandemia. No entanto, a falta de transporte pode estar reprimindo a própria demanda. Trabalhadores relatam gastos adicionais com aplicativos de transporte. “A corrida acaba pesando no bolso”, diz Felipe Violin, 25, funcionário do Bar do Urso. Frequentadores também percebem alteração no ambiente. “As ruas ficam mais vazias quando o relógio bate meia-noite”, comenta Henrique Santos, 26.
Segundo Claudio Felisoni de Angelo, da USP, os efeitos se espalham pela economia noturna, atingindo bares, restaurantes e empregos. Estima-se que 78% dos usuários noturnos dependam do transporte público para trabalhar. De acordo com a Abrasel, a redução pode representar até 5% de queda no faturamento de bares, aprofundando desigualdades, sobretudo entre trabalhadores da periferia.
Fonte: Folha de S.Paulo – 30/08/2025