Com mais de 70 mil assinaturas, petição online pede transporte coletivo durante a madrugada
Com mais de 70 mil assinaturas virtuais coletadas até agora, uma petição online criada no site Avaaz.org há apenas 12 dias vem gerando grande repercussão nas redes sociais. O motivo? A campanha pede o funcionamento 24h do metrô de São Paulo. Clique aqui para acessá-la.
No texto que acompanha o abaixo-assinado, o autor, Rômulo Zillig, um estudante de 20 anos, escreve que o funcionamento do metrô poderia “suprir as necessidades de transporte noturno” do paulistano, e lembra que o serviço de taxi é caro, o ônibus é “totalmente deficiente” e a situação do motorista que consome álcool ficou ainda mais complicada após a intensificação da Lei Seca, há cerca de 20 dias.
O estudante conta ter se baseado em outra petição, a que cobra o impeachment do senador Renan Calheiros, para criar a sua. “Pensei que, se as pessoas fazem um abaixo-assinado para algo que não vai mudar substancialmente, por que não criar uma petição para apresentar um projeto que possa, de fato, melhorar a vida e o dia-a-dia dos cidadãos da cidade?”
Embora mobilizações virtuais, que coletam apenas email e nome (sem RG, CPF, ou assinatura de punho próprio), não equivalham para fins legais a abaixo-assinados, o estudante afirma que já tem em mente o que fazer quando a campanha alcançar a marca de 100 mil signatários. Ele afirma ter sido contatado por um deputado estadual que havia elaborado um projeto com esse mesmo teor, mas que acabou barrado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. “Vamos unir forças para que o metro 24h se torne uma realidade para os paulistanos”, diz Zillig, confiante.
Para saber se a ideia que mobilizou até agora 74 mil internautas pode ser viável, a reportagem do Mobilize Brasil conversou com dois especialistas em transporte.
Um dos responsáveis pelo sistema de alimentação e controle do metrô de São Paulo no início da década de 1970, o consultor de tecnologia metroviária Peter Alouche sustenta que a atividade 24h do metrô paulistano é incompatível com o tamanho, a malha e o tipo de manutenção que ele demanda.
“O problema do metrô é o túnel, a via permanente. Tem que entrar com aqueles carros de manutenção, fazer a limpeza da via, não dá (pra ter atividade 24h). É questão de segurança: se não for assim, você pode ter danos no trilho. E aí todo o benefício que você teria com o funcionamento 24h acabaria gerando um mal desnecessário, culminando em acidentes”, diz Alouche.
Para ele, “no futuro, quando a rede estiver mais capilarizada, o metrô poderá eliminar uma linha para fazer manutenção e os passageiros utilizarem um caminho paralelo”. O consultor classifica como “milagre” o fato de o sistema transportar enorme capacidade de passageiros e só parar quatro horas por dia (da 1h às 5h nos fins de semana).
Engenheiro mestre em transportes e professor da FEI (Fundação Educacional Inaciana), Creso de Franco Peixoto reforça a ideia: “É possível que durante uma noite ou outra o metrô opere direto. Mas, na minha visão de técnico, a liberação plena deve causar grande prejuízo no tráfego de dia.” O prejuízo, diz ele, seria o aumento do intervalo entre os trens durante o dia para minimizar o impacto da circulação na madrugada.
E em Nova York, o metrô não funciona durante toda a noite?, insistiu o repórter. Peixoto lembra que a malha da cidade norte-americana é bem diferente e bem mais densa do que a paulistana. “Em Nova York, o sistema é muito bem servido de linhas, com vários ramais paralelos, trens expressos e trens que param em todas estações. Isso possibilita um atendimento mais pleno, e favorece a manutenção”, diz.
Apesar de os especialistas apontarem para a inviabilidade do funcionamento full-time do sistema metroviário, o estudante Zillig espera, ao menos, alertar o poder público de que há demanda para a utilização de transporte 24h, seja ele por metrô ou por outro meio. “Não sou um técnico capacitado para julgar a viabilidade disso, mas quero com essa petição mostrar para as autoridades que hoje a população precisa e deseja isso e que existirá, sim, uma demanda”, afirma Rômulo Zillig.
Transporte noturno
Se a operação 24h do metrô ainda parece distante, o Mobilize perguntou aos especialistas quais seriam as iniciativas mais viáveis a curto e médio prazo para garantir um transporte seguro para quem quer aproveitar a noite.
“Em Tóquio e Paris, os metrôs fecham à 1 hora da manhã e o pessoal que bebe pega táxi ou vai de ônibus. O ideal seria termos ônibus confortáveis e seguros em São Paulo também”, opina Peter Alouche.
Creso de Franco Peixoto vai além. O engenheiro sugere a implantação de faixas exclusivas, nos moldes do BRT, com ônibus que parariam em poucos pontos e conectariam o passageiro com outras linhas, mais capilares. “Não tem que implantar o "ônibus do bêbado" porque ninguém iria gostar, isso não daria certo. Mas, em áreas de maior vida noturna, o governo e a prefeitura podem fazer pesquisa de destino e implantar um serviço mais espaçado, com frequência de meia hora ou quinze minutos“, afirma.
Peixoto ainda sugere a criação de um sistema de câmeras de vigilância e o isolamento do motorista em cabines, no mesmo modelo dos ônibus de Londres, para aumentar a sensação de segurança –dos passageiros e, por que não, do motorista também.
Na semana passada, a reportagem do Mobilize encaminhou à SPTrans pedido de informações sobre as linhas noturnas da cidade, mas a empresa não respondeu até a tarde desta quarta-feira (20). A reportagem procurou saber, entre outras coisas, quantos ônibus/linhas funcionam durante a noite e madrugada na cidade; qual o tempo médio de espera nos pontos; e se a prefeitura tem planos para melhorar o atendimento noturno.
A assessoria de imprensa do órgão ligado à prefeitura apenas informou que a cidade, toda ela, é sim atendida diuturnamente. E mais, que 70% das linhas operam dia e noite, embora com menos veículos à noite. E que, para não esperar na rua, o passageiro pode se dirigir a um dos 26 (de um total de 28) terminais de ônibus urbanos, abertos 24 horas, todos os dias, sugeriu a SPTrans.
* Colaborou Regina Rocha
Fonte: Mobilize Brasil
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As notícias veiculadas acima, na forma de clipping, são acompanhadas dos respectivos créditos quanto ao veículo e ao autor, não sendo de responsabilidade do Blog Diário da CPTM
Com mais de 70 mil assinaturas virtuais coletadas até agora, uma petição online criada no site Avaaz.org há apenas 12 dias vem gerando grande repercussão nas redes sociais. O motivo? A campanha pede o funcionamento 24h do metrô de São Paulo. Clique aqui para acessá-la.
No texto que acompanha o abaixo-assinado, o autor, Rômulo Zillig, um estudante de 20 anos, escreve que o funcionamento do metrô poderia “suprir as necessidades de transporte noturno” do paulistano, e lembra que o serviço de taxi é caro, o ônibus é “totalmente deficiente” e a situação do motorista que consome álcool ficou ainda mais complicada após a intensificação da Lei Seca, há cerca de 20 dias.
O estudante conta ter se baseado em outra petição, a que cobra o impeachment do senador Renan Calheiros, para criar a sua. “Pensei que, se as pessoas fazem um abaixo-assinado para algo que não vai mudar substancialmente, por que não criar uma petição para apresentar um projeto que possa, de fato, melhorar a vida e o dia-a-dia dos cidadãos da cidade?”
Embora mobilizações virtuais, que coletam apenas email e nome (sem RG, CPF, ou assinatura de punho próprio), não equivalham para fins legais a abaixo-assinados, o estudante afirma que já tem em mente o que fazer quando a campanha alcançar a marca de 100 mil signatários. Ele afirma ter sido contatado por um deputado estadual que havia elaborado um projeto com esse mesmo teor, mas que acabou barrado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. “Vamos unir forças para que o metro 24h se torne uma realidade para os paulistanos”, diz Zillig, confiante.
Para saber se a ideia que mobilizou até agora 74 mil internautas pode ser viável, a reportagem do Mobilize Brasil conversou com dois especialistas em transporte.
Um dos responsáveis pelo sistema de alimentação e controle do metrô de São Paulo no início da década de 1970, o consultor de tecnologia metroviária Peter Alouche sustenta que a atividade 24h do metrô paulistano é incompatível com o tamanho, a malha e o tipo de manutenção que ele demanda.
“O problema do metrô é o túnel, a via permanente. Tem que entrar com aqueles carros de manutenção, fazer a limpeza da via, não dá (pra ter atividade 24h). É questão de segurança: se não for assim, você pode ter danos no trilho. E aí todo o benefício que você teria com o funcionamento 24h acabaria gerando um mal desnecessário, culminando em acidentes”, diz Alouche.
Para ele, “no futuro, quando a rede estiver mais capilarizada, o metrô poderá eliminar uma linha para fazer manutenção e os passageiros utilizarem um caminho paralelo”. O consultor classifica como “milagre” o fato de o sistema transportar enorme capacidade de passageiros e só parar quatro horas por dia (da 1h às 5h nos fins de semana).
Engenheiro mestre em transportes e professor da FEI (Fundação Educacional Inaciana), Creso de Franco Peixoto reforça a ideia: “É possível que durante uma noite ou outra o metrô opere direto. Mas, na minha visão de técnico, a liberação plena deve causar grande prejuízo no tráfego de dia.” O prejuízo, diz ele, seria o aumento do intervalo entre os trens durante o dia para minimizar o impacto da circulação na madrugada.
E em Nova York, o metrô não funciona durante toda a noite?, insistiu o repórter. Peixoto lembra que a malha da cidade norte-americana é bem diferente e bem mais densa do que a paulistana. “Em Nova York, o sistema é muito bem servido de linhas, com vários ramais paralelos, trens expressos e trens que param em todas estações. Isso possibilita um atendimento mais pleno, e favorece a manutenção”, diz.
Apesar de os especialistas apontarem para a inviabilidade do funcionamento full-time do sistema metroviário, o estudante Zillig espera, ao menos, alertar o poder público de que há demanda para a utilização de transporte 24h, seja ele por metrô ou por outro meio. “Não sou um técnico capacitado para julgar a viabilidade disso, mas quero com essa petição mostrar para as autoridades que hoje a população precisa e deseja isso e que existirá, sim, uma demanda”, afirma Rômulo Zillig.
Transporte noturno
Se a operação 24h do metrô ainda parece distante, o Mobilize perguntou aos especialistas quais seriam as iniciativas mais viáveis a curto e médio prazo para garantir um transporte seguro para quem quer aproveitar a noite.
“Em Tóquio e Paris, os metrôs fecham à 1 hora da manhã e o pessoal que bebe pega táxi ou vai de ônibus. O ideal seria termos ônibus confortáveis e seguros em São Paulo também”, opina Peter Alouche.
Creso de Franco Peixoto vai além. O engenheiro sugere a implantação de faixas exclusivas, nos moldes do BRT, com ônibus que parariam em poucos pontos e conectariam o passageiro com outras linhas, mais capilares. “Não tem que implantar o "ônibus do bêbado" porque ninguém iria gostar, isso não daria certo. Mas, em áreas de maior vida noturna, o governo e a prefeitura podem fazer pesquisa de destino e implantar um serviço mais espaçado, com frequência de meia hora ou quinze minutos“, afirma.
Peixoto ainda sugere a criação de um sistema de câmeras de vigilância e o isolamento do motorista em cabines, no mesmo modelo dos ônibus de Londres, para aumentar a sensação de segurança –dos passageiros e, por que não, do motorista também.
Na semana passada, a reportagem do Mobilize encaminhou à SPTrans pedido de informações sobre as linhas noturnas da cidade, mas a empresa não respondeu até a tarde desta quarta-feira (20). A reportagem procurou saber, entre outras coisas, quantos ônibus/linhas funcionam durante a noite e madrugada na cidade; qual o tempo médio de espera nos pontos; e se a prefeitura tem planos para melhorar o atendimento noturno.
A assessoria de imprensa do órgão ligado à prefeitura apenas informou que a cidade, toda ela, é sim atendida diuturnamente. E mais, que 70% das linhas operam dia e noite, embora com menos veículos à noite. E que, para não esperar na rua, o passageiro pode se dirigir a um dos 26 (de um total de 28) terminais de ônibus urbanos, abertos 24 horas, todos os dias, sugeriu a SPTrans.
* Colaborou Regina Rocha
Fonte: Mobilize Brasil
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