Mesmo orientados sobre o comércio nos trens ser ilegal, ambulantes não se inibem / Nathalia Franco/Diário SP |
"Bala um real, chiclete macio um real, pegue três, pague dois". O comércio ambulante dentro dos trens está cada vez mais frequente. Usuários do transporte público convivem diariamente com os gritos e com as promoções dos vendedores. Quase tudo pode ser comprado nas mãos dos ambulantes. É um verdadeiro shopping ferroviário. Ou feira.
De acordo com Fernando Souza, 16 anos, vendedor ambulante há aproximadamente um ano, mesmo que a Companhia Paulista de Trens e Metrôs (CPTM) conscientize os usuários no sentido de que não comprem, a maioria adquire os produtos.
"Todos os dias eu arrecado cerca de R$ 300 à R$ 400 reais. O melhor horário é das 6h da manhã até às 16h da tarde, no qual as pessoas estão indo trabalhar e assim obtenho um grande lucro. Acho que os guardas deveriam deixar nós trabalharmos em paz. Não estamos roubando ninguém e muito menos matando. Estamos apenas trabalhando dignamente", comenta o ambulante.
O comércio dentro dos trens é considerado pela CPTM uma atividade ilegal / Nathalia Franco/Diário SP |
Embora o comércio no interior dos trens seja considerado irregular pela CPTM, grande parte dos usuários não concorda com a proibição e, de certa forma, incentivam a prática. Diogo Rocha, 19 anos e estudante de sistemas de informação, é a favor das vendas nos trens e acredita que poderia ser criada uma permissão, assim como os comerciantes de rua.
"Durante boa parte dos dois anos que utilizei trens e metros, via diariamente estes comerciantes. E, principalmente, os via sendo repreendidos pelos guardas. Então me perguntava: Por que não formalizar isso?", questiona o rapaz. "Sempre imaginei os comerciantes uniformizados de amarelo ou verde. Isso melhoraria o controle, além de empregos que poderiam ser gerados." completa o estudante.
"Durante boa parte dos dois anos que utilizei trens e metros, via diariamente estes comerciantes. E, principalmente, os via sendo repreendidos pelos guardas. Então me perguntava: Por que não formalizar isso?", questiona o rapaz. "Sempre imaginei os comerciantes uniformizados de amarelo ou verde. Isso melhoraria o controle, além de empregos que poderiam ser gerados." completa o estudante.
Apesar de ser algo perigoso e arriscado, muitos dos comerciantes tomam a iniciativa da atividade ilegal por não terem oportunidades no mercado de trabalho. Ou ainda, somente para aumentar a renda. Como no caso de Paulo Henrique, 22 anos, estudante, ex-vendedor ambulante, relata que aos 13 anos, teve o interesse em vender mercadorias no trem, para ajudar sua mãe com as despesas de casa.
"Era só eu e minha mãe em casa. Estávamos passando por uma situação difícil e faltava comida. Para tentar ajudar ela com as contas, fui vender sorvetes no trem. Sempre tive responsabilidade e por ser o único homem da casa tinha a obrigação de ajudar ela", afirma. "Sabia como era difícil para ela tomar conta da casa sozinha. Minha mãe nunca me apoiou no que eu estava fazendo, porém era necessário", conta o ex-vendedor.
Lei / Em nota, a Assessoria de Imprensa da CPTM informou que é proibido – por lei (Decreto 1832/96) – o comércio ambulante, assim como a presença de pessoas pedindo esmolas nas estações ou trens. Para combater a prática irregular, equipes de segurança atuam uniformizadas ou de forma descaracterizada, promovendo rondas nos trens e estações.
Ainda de acordo com a assessoria, os ambulantes são orientados, sistematicamente, de que a prática do comércio é proibida dentro do sistema metroviário. Caso não seja atendido, o infrator terá a mercadoria recolhida e sofrerá sanções legais.
As mercadorias apreendidas são encaminhadas às Prefeituras, ou ao Fundo de Solidariedade do Estado de São Paulo. E no caso de produtos com origem de pirataria, os infratores são encaminhados às delegacias locais.
Por: Nathalia Franco
Diário SP Online
Por: Nathalia Franco
Diário SP Online