Em Itaquá, na Vila Japão, moradores se arriscam para ultrapassar os trilhos sem qualquer fiscalização |
Conforme DAT verificou, situação é percebida principalmente em bairros de cidades como Guararema e Itaquá
Passado o acidente em que um trem da empresa de transporte de carga MRS Logística arrastou um ônibus escolar em Suzano na semana passada, o Diário do Alto Tietê foi verificar a segurança nas passagens de nível, na via férrea e os acessos clandestinos em Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Guararema e Suzano e constatou graves deficiências no sistema de segurança, que é de responsabilidade da MRS em parceria com as prefeituras.
A falta de preocupação e investimentos na segurança verificada pela reportagem foi reforçada pela opinião das mais de 50 pessoas ouvidas pelo DAT nos quatro municípios por onde os trens de carga circulam dia e noite.
Aproximadamente 80% dos entrevistados criticaram a precária estrutura de segurança na maioria das passagens visitadas. Eles cobraram a instalação de cancelas automáticas, mais sinalização e de pessoas preparadas para evitar a repetição de ocorrências tão sérias quanto a registrada no último dia 22, na passagem de nível da estrada do Caulim, no distrito de Palmeiras, em Suzano.
Raio-X
No levantamento feito para mostrar o nível de segurança nos acessos para carros e pedestres sobre os trilhos, o DAT identificou situações bem distintas. Em Mogi das Cruzes, moradores do distrito de César de Souza não se sentem tão ameaçados quanto os do distrito de Sabaúna, quando perguntados sobre o grau de risco representado pelas passagens existentes.
O fato de a MRS ter melhorado as condições de segurança da passagem de César de Souza anos atrás seria o motivo da menor preocupação de quem passa todos os dias pelo local, que fica mais próximo do centro da cidade.
Em Suzano, a equipe de reportagem verificou cenário parecido. Moradores do Jardim Maitê, que em 2010 ganhou uma passagem subterrânea para ultrapassar os trilhos, construída por meio de uma parceria entre a MRS e a administração do prefeito Marcelo Candido (PT), afirmam estarem menos preocupados. Nos dois casos ficou evidente que quando a concessionária e o pode público, pressionados ou não, investiram para melhorar o sistema e segurança, a população se sentiu mais segura.
Situação precária
Por outro lado, na zona rural de Guararema e, especialmente, em Itaquaquecetuba, onde praticamente nada foi feito para diminuir a sensação de insegurança, os entrevistados não pouparam críticas ao pouco caso de quem deveria investir ou cobrar um controle mais confiável nas passagens oficiais, além de ações de conscientização ou fiscalização para impedir as passagens clandestinas e abusos de condutores e pedestres nos trilhos onde passam os trens de carga.
Se a situação vai melhorar ou não é difícil prever, principalmente porque a maioria das prefeituras envolvidas no problema, bem como a MRS Logística, e também a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), não responderam as perguntas encaminhadas pelo DAT sobre medidas de segurança e fiscalização até o fechamento desta edição.
DAT