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25 de abril de 2014

Cinco anos após reforma que custou R$ 40 milhões, CPTM "encosta" trens por falta de peças

Companhia diz que aguarda processo de licitação para que vagões parados voltem a circular

Dois trens que custaram à CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) R$ 40 milhões para serem reformados e foram entregues em 2007 estão abandonados e sucateados em um pátio da companhia, na zona leste da cidade de São Paulo.

Em 2005, durante a primeira gestão do governador Geraldo Alckmin, o Estado de São Paulo abriu licitação para remobilizar, recuperar e modernizar 45 trens da CPTM. O consórcio BT Brasil — formado pelas empresas Bombardier e Tejofran — venceu a disputa para reformar um lote com quatro composições da frota 5500, fabricadas em 1980, e recebeu para isso R$ 83,2 milhões dos cofres públicos.

Denúncia recebida com exclusividade pelo R7 e entregue pela reportagem ao Ministério Público do Estado de São Paulo aponta que os trens foram inutilizados depois de apresentar uma série de problemas. Como cada um deles custou cerca de R$ 20 milhões, o equivalente a R$ 40 milhões estão parados.

Fotos feitas por funcionários mostram que peças estão sendo retiradas das composições paradas. Elas estão em um pátio no Brás, em processo de sucateamento. As imagens deixam claro que foram removidos equipamentos dos painéis e das laterais dos vagões.

Questionada, a CPTM diz que não aposentou os dois trens e que eles “estão em processo de manutenção corretiva, aguardando por peças que estavam em falta no estoque”. A empresa ainda acrescenta que um deles entrou na oficina em junho e outro em dezembro do ano passado e que já abriu licitação para a compra das peças. Segundo a companhia, não há prejuízo à população.

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O contrato inicial assinado com o consórcio para a recuperação da série 5500 era no valor de R$ 61,5 milhões para a reforma de três composições, mas, ao longo do processo, recebeu um aditivo de R$ 21,7 milhões [valor de mais um trem], que extrapolou o limite legal. Mesmo assim, o Tribunal de Contas do Estado entendeu que não houve irregularidades na execução do contrato.

A maioria das frotas reformadas continua em circulação até hoje. A série 1100, por exemplo, fabricada na década de 50, que opera na linha 7-Rubi, foi modernizada na mesma época, mas apresenta iluminação interna precária, não possui ar-condicionado nem sistema de câmeras de segurança.

O professor Gustavo Fernandes, do Departamento de Gestão Pública da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas, diz que o problema não é a realização de reformas nos trens, mas a dificuldade das empresas em contornar eventuais problemas decorrentes disso.

— De fato, faz sentido reformar. Se você analisar outras linhas de metrô mais antigas como Londres, Nova York, eles mesmos renovam. O que causa estranhamento, e que requer providências, é que, se o trem está quebrado, precisa reparar. Mas, às vezes, os processos dentro das companhias e a velocidade de resposta são tão lentos que as coisas acabam paradas.

Outro lado

Em nota, a Bombardier diz que “entregou os trens reformados ao cliente atendendo a todos os aspectos exigidos na licitação e que não detectou nenhuma reclamação por parte do cliente no que diz respeito a problemas técnicos das composições”. A Tejofran também foi procurada pelo R7 para comentar o caso, mas não havia retornado até a publicação desta reportagem.

R7