Moradores das favelas afetadas pelas obras da Linha Ouro deverão sair para dar lugar à obra no Campo BeloRENATA ASP
especial para o diário
Os moradores das favelas Buraco-Quente, do Piolho, Comando, Butê e União, no Campo Belo, Zona Sul, estão temerosos com o processo de desapropriação das comunidades que está acontecendo para a construção da Linha 17-Ouro do Metrô. As obras da linha, que será operada em monotrilho (composições sobre pneus circulando em via elevada), já começaram na Avenida Roberto Marinho e região.
Para os moradores das comunidades, hoje consideradas de utilidade pública, há falta de apoio da assistência social, o que tem gerado uma piora nas negociações e demonstrado descaso com seus direitos. O Metrô nega as acusações.
A conselheira tutelar Udinéia Alves de Arantes, que mora há 35 anos na Favela do Piolho, reclama da condição das centenas de crianças que ficarão sem completar o ano letivo se a desapropriação continuar acontecendo. “As nossas crianças não vão arrumar vagas de uma hora para a outra. Queremos clareza. Ver projetos, saber o que está acontecendo e queremos datas. Sabemos tudo de boca”, diz. A moradora Helena Virgínia acrescenta: “Até o leite dado pela escola nós vamos perder”.
O comerciante Geomar de Oliveira mora na Favela Buraco-Quente desde 1984. Ele diz que prefere não ouvir boatos e resolver, junto com a esposa, o que fazer quando tiver de sair de sua casa. “Estou revoltado. Pesquiso, mas com R$ 400 de bolsa-aluguel fica difícil. Em outra favela achei por R$ 600 e fora da favela por mais de R$ 800”, conta.
Segundo os moradores, a bolsa-aluguel duraria cerca de três anos até que as moradias reservadas a eles fiquem prontas. A dona de casa Rosângela Augusta questiona: “Quanto vale R$ 400 hoje? Imagina daqui a três anos?”.
Outra preocupação é ter de voltar para a favela. “Tenho medo de sair daqui e precisar ir para outra favela por causa do preço alto dos aluguéis. Sem falar que o valor da indenização não sai de uma vez”, diz Edleuza Conceição dos Santos.
Primeiro trecho entre Congonhas e Morumbi deve ser entregue em 2014 - Está previsto para 2014 o trecho da Linha 17 entre Congonhas e Morumbi. Até 2016 esse ramal será conectado à Estação Jabaquara e à Linha 5-Lilás do Metrô na Estação Água Espraiada. Para o mesmo ano está prevista a entrega do trecho entre a Estação Morumbi da CPTM e a Estação São Paulo-Morumbi da Linha 4, passando por Paraisópolis.
Metade das famílias aceitou plano de reassentamento - O Metrô disse que, até 30 de agosto, metade dos moradores das favelas aceitou o plano de reassentamento. A maioria, segundo a empresa, optou por receber indenização em dinheiro. Os demais preferiram a unidade habitacional, com inclusão no programa que será executado em parceria com a CDHU.
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mil m² serão desapropriados, aproximadamente
Diário de SP