Moradores e trabalhadores da região da Higienópolis-Mackenzie reclamam de atrasos na inauguração e transtornos da obra
Apenas três minutos separam a casa da bibliotecária Tânia Peres, de 39 anos, da futura Estação Higienópolis-Mackenzie, mas, com o novo atraso das obras na Linha 4-Amarela, ela terá de esperar mais de um ano para ter metrô em sua porta. Tânia vai continuar a pegar um ônibus para chegar à Estação Paulista ou andar por 30 minutos até a Estação República.
“A (Estação) Paulista já inaugurou e esta ainda está assim. Ela fica muito perto da minha casa. Para a República, tenho de andar e, para ir para a Paulista, preciso pegar um ônibus.” Tânia disse ainda que as obras estão causando transtornos para os pedestres. “Os tapumes estão atrapalhando. A gente não consegue usar a calçada.”
Quando alguém pergunta ao comerciante Eduardo Barros, de 40 anos, a previsão para conclusão das obras da estação, ele responde citando um futuro distante. “Eu perdi a fé. Já digo que isso vai ficar pronto daqui a dez anos, porque não vou dar informação errada."
Barros mora e tem um comércio perto da futura estação, na Rua Piauí, e está indignado com o atraso. “Ninguém trabalha aí desde o fim do ano passado e essa obra nunca acaba. Sempre que tenho de ir para algum lugar, vou de ônibus. O metrô facilitaria muito.”
Morador do bairro há 17 anos, o comerciante critica as obras. “Já faz mais de dois anos que está atrasado. Eu só via uma turma carregando madeira e entulho. O pessoal coloca a culpa na primeira fase das obras, mas o metrô já está passando por baixo há muito tempo. O mais fácil, que é fazer a estação, eles não fazem.”
Estudante do 2.º ano do curso de Comércio Exterior do Mackenzie, Tainá Pascholato, de 19 anos, mora na Vila Maria, na zona norte, e diz que a estação seria importante para seu trajeto. “Gostaria de que (a estação) ficasse pronta antes de eu terminar a faculdade. O curso tem quatro anos de duração.”
Estudante do mesmo curso, Letícia Lima, de 20 anos, reclama da demora. “O metrô ia ajudar muito, mas só postergam. A gente sai tarde e é perigoso andar por aqui.”
Movimento. A região é movimentada. Além do Mackenzie, há escolas, estabelecimentos comerciais, restaurantes e vários prédios residenciais e comerciais nos quarteirões perto da futura estação. Mesmo quem mora e trabalha perto da Rua da Consolação destaca a falta que faz ter uma opção para se conectar às demais linhas.
Entre as pessoas que passavam pela obra paralisada estava o servidor público Renato da Silva Pedroso, de 25 anos. Ele mora na Vila Buarque, na região central, e é funcionário do Tribunal Regional do Trabalho. O trajeto é feito sempre a pé, mas Pedroso diz que a estação atrasada faria diferença para ele e para as demais pessoas que trabalham, estudam e moram na região. “Iria diminuir o número de carros, os veículos estacionados perto do Mackenzie, e facilitar o acesso à região. Também seria importante para os alunos e para os funcionários do tribunal”, disse Pedroso.
O meio de transporte o ajudaria em compromissos em outras partes da cidade e também na Grande São Paulo. “Às vezes, preciso pegar o metrô. Minha mãe mora em Mogi (das Cruzes) e vou para lá. A Estação República é a mais perto da minha casa e é difícil. Um metrô não é próximo do outro.”
O Estado de São Paulo