Segundo o presidente da Amep, Gilson Santos, a circulação do BUD nas ruas marca um avanço importante do projeto conduzido pelo Estado. "Nesta etapa final, o veículo permanecerá no Terminal São Roque e fará testes especialmente nos períodos de menor movimento. Vamos avaliar desempenho, entrada e saída dos terminais e o funcionamento dos trechos com condução autônoma", explicou.
A operação utiliza uma tecnologia baseada em marcadores magnéticos instalados ao longo da pista, formando o chamado "trilho digital". Esses ímãs, já presentes no terminal e na Rodovia Leopoldo Jacomel, orientam o BUD com precisão e permitem manobras automáticas, sempre com supervisão dos motoristas treinados.
Os testes são resultado de dois meses de preparação intensa coordenada pelo Governo do Paraná. O veículo, fabricado pela CRRC Corporation, chegou ao Brasil em módulos e foi montado em Piraquara por equipes especializadas, com suporte direto da empresa chinesa. Nesse período, também foram instalados sistemas de sinalização, garagem, infraestrutura de carregamento elétrico e os ímãs necessários para a operação autônoma.
Com 30 metros de comprimento e capacidade para até 280 passageiros, o BUD funcionará como reforço das linhas tradicionais, sem substituir os ônibus convencionais. A Amep estima atender cerca de 10 mil passageiros por mês. A tarifa será a mesma do sistema metropolitano: R$ 5,50, com integração garantida.
Gilson Santos destaca que o novo sistema representa um marco para o transporte coletivo do Paraná. "Se tudo correr bem, no começo de dezembro a população já poderá ocupar o BUD e experimentar um modelo inovador, sustentável e pioneiro no Brasil e na América do Sul", afirmou.
Totalmente elétrico, o BUD utiliza supercapacitores em vez de baterias de lítio, permitindo carregamento rápido, maior eficiência energética e baixo impacto ambiental. Além disso, conta com ar-condicionado, isolamento acústico e térmico, baixo ruído e sistemas avançados de monitoramento.
A escolha por Piraquara reforça a relação do projeto com a preservação ambiental. A cidade é referência na proteção dos mananciais que abastecem a Região Metropolitana de Curitiba. "É simbólico que um sistema sustentável e de baixa emissão comece justamente aqui", acrescentou Santos.
Treinamento dos motoristas
O Estado, junto às empresas que operam a linha, selecionou quatro motoristas do sistema metropolitano para conduzir o BUD. Eles passaram por duas semanas de aulas teóricas e práticas e agora iniciam circulação no trajeto real, sempre supervisionados.
Entre os futuros operadores está Gisele Mafra, com 14 anos de experiência no transporte coletivo. Ela conta que dirigir o BUD é algo completamente novo. "O painel é muito mais moderno, mostra a angulação das curvas e as câmeras se ajustam automaticamente. É praticamente reaprender a dirigir, mas o treinamento tem sido excelente", afirmou.
O motorista Emílio Vargas, com 12 anos de experiência, reforça o caráter inovador do veículo. "Ele é maior que os biarticulados e exige adaptação, mas estamos motivados. Mesmo nos trechos autônomos estaremos atentos ao trajeto inteiro", disse.
Nos próximos dias, os treinamentos seguirão em duplas, especialmente nos fins de semana e no período noturno. Depois, os quatro motoristas farão testes conjuntos, percorrendo o trajeto completo que será utilizado na operação. Técnicos da fabricante acompanharão cada etapa para ajustar o comportamento do veículo em condições reais de circulação.