A operação envolve a transferência de todas as ações da Motiva na CPC Holding, empresa que concentra as participações da companhia em seus 20 aeroportos. Trata-se da maior transação aeroportuária em andamento no mundo atualmente, resultado de um processo competitivo que atraiu mais de 20 grupos internacionais. A previsão é que o negócio seja concluído em 2026, após as aprovações regulatórias no Brasil e nos demais países onde a empresa atua. Até lá, a Motiva seguirá administrando normalmente os aeroportos, preservando equipes, contratos e investimentos.
A venda faz parte da estratégia corporativa da Motiva de reduzir a complexidade do seu portfólio e liberar capital para áreas consideradas prioritárias, como rodovias e ferrovias. O plano Ambição 2035, divulgado pela empresa, prevê foco em negócios mais sinérgicos, expansão seletiva e eficiência operacional.
Segundo a Motiva, a precificação dos ativos foi baseada em um múltiplo EV/EBITDA de 8,8 vezes, acima do índice atual da companhia, o que indica criação de valor para os acionistas. Os recursos obtidos serão destinados principalmente ao reforço da estrutura financeira da holding. Com o fechamento da transação, a alavancagem consolidada poderá cair de 3,5 vezes para menos de 3 vezes, abrindo espaço para a empresa disputar concessões avaliadas em cerca de R$ 160 bilhões nos próximos anos.
A Motiva Aeroportos, agora vendida à ASUR, reúne 20 terminais na América Latina — 17 deles no Brasil — responsáveis por um fluxo anual de aproximadamente 45 milhões de passageiros e mais de 200 rotas. A plataforma é considerada a terceira maior do país, incluindo aeroportos relevantes como Curitiba, Belo Horizonte e Goiânia. Nos 12 meses encerrados no terceiro trimestre de 2025, o segmento registrou R$ 2,96 bilhões em receita líquida, EBITDA de R$ 1,52 bilhão e margem de 51%, além de movimentar mais de 500 mil toneladas de cargas.
A transação também dá continuidade ao processo de reorganização iniciado pela Motiva em 2023, que já envolveu a saída da operação de Barcas, no Rio de Janeiro, e ajustes contratuais na BR-163/MS, atual Motiva Pantanal. O movimento reforça a orientação da empresa de retornar às suas atividades essenciais, buscando uma atuação mais simples, sustentável e alinhada às oportunidades de mobilidade no Brasil.
A formalização final do negócio depende de aprovações da Anac, de autoridades concorrenciais e de credores, além das instâncias regulatórias nos demais países onde a Motiva mantém operações aeroportuárias.